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Após reação negativa, Trump nega crítica que fez a May em entrevista gravada

Redação Folha Vitória

A visita do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Reino Unido transformou-se nesta sexta-feira, 13, em desastre diplomático. Depois de criticar a premiê Theresa May, na quinta-feira, o republicano negou tudo e acusou os jornalistas de propagarem "notícias falsas". Após a repercussão negativa, ele prometeu fechar acordos comerciais após a saída dos britânicos da União Europeia.

Recebido com pompa em Londres, na quinta-feira, Trump havia cravado horas antes uma faca nas costas de May, que enfrentou nesta semana uma crise política após a demissão de dois dos ministros mais estratégicos de seu governo. Na entrevista ao Sun, Trump afirmou que um dos demissionários, o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, defensor do Brexit, "é um cara talentoso, que daria um excelente primeiro-ministro".

O elogio não foi em vão: Johnson é acusado de trabalhar pela queda de May para assumir seu posto. Não bastasse, Trump atacou a nova estratégia anunciada pela premiê, que prevê um desligamento "suave" da UE, com a assinatura de acordos de livre-comércio. Para o presidente americano, "o acordo que ela (May) tem em mente é um diferente daquele pelo qual as pessoas votaram". "Eu o teria feito de uma forma muito diferente. Eu disse a Theresa May como fazê-lo, mas ela não me escutou", disse Trump.

As declarações foram agravadas pelo fato de que o presidente fechou as portas a um futuro acordo de livre-comércio entre o Reino Unido e os EUA. "Se eles concluírem um acordo como esse, trataremos com a UE, e não com o Reino Unido, o que vai matar o acordo (de livre-comércio com os EUA)", disse Trump.

Ignorando o protocolo, Trump atacou também o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Kahn, a quem acusou de ser um "prefeito horrível", que "faz um péssimo trabalho quanto ao terrorismo". No momento das declarações, o presidente assistia a uma demonstração de operação conjunta entre forças especiais americanas e britânicas contra o terrorismo na Academia de Sandhurst, uma das mais tradicionais da Europa.

Horas depois, Trump concedeu entrevista ao lado de May, na qual afirmou que não disse o que estava no conteúdo da entrevista publicado pelo The Sun. Depois de chamar a entrevista gravada de "fake news", ele disse não ter criticado a primeira-ministra, com quem teria uma relação "muito sólida", e garantiu que os EUA estarão abertos a um acordo de livre-comércio com o Reino Unido.

"Concordamos que, quando o Reino Unido tiver deixado a UE, estabeleceremos um acordo de livre-comércio muito ambicioso", afirmou. A essa altura, a reviravolta já havia unido conservadores e trabalhista em críticas ao presidente. Via Twitter, o ministro da Educação, Sam Gymiah, questionou o comportamento do americano. "Onde estão suas boas maneiras, senhor Trump?", escreveu.

A performance do americano também preocupou Paris. O chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, acusou Trump de tentar impor uma relação de força com os europeus. "Trump toma iniciativas para desestabilizar a UE", advertiu. "Mas a Europa não se deixará desestabilizar."

O desastre diplomático de Trump não se limitou ao encontro com a premiê. O presidente e sua mulher, Melania, chegaram atrasados para o encontro com a rainha Elizabeth no Castelo de Windsor. A rainha, de 92 anos, esperou em pé, por alguns minutos, chegando a olhar para o relógio. Trump e Melania apertaram a mão da monarca e não se curvaram, contrariando a etiqueta real. Em seguida, enquanto a rainha e o presidente inspecionavam a guarda real, ele parou abruptamente, obrigando-a a andar ao seu redor para que pudessem continuar a caminhada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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