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Famílias usam TV e rádio para localizar desaparecidos após incêndios na Grécia

Não há números oficiais sobre o número de pessoas desaparecidas

Redação Folha Vitória

Equipes de resgate continuam nesta quarta-feira, 25, as buscas por pessoas desaparecidas em casas carbonizadas e carros após um dos maiores incêndios florestais na Grécia. O fogo dizimou áreas próximas a Atenas e deixou ao menos 79 mortos.

Não há números oficiais sobre o número de pessoas desaparecidas e as famílias têm utilizado as redes sociais e a televisão para pedir informações sobre os parentes.

Sobreviventes descreveram as cenas dramáticas de fuga rumo às praias e a entrada no mar como única saída para escapar da fumaça sufocante e pinhas em chamas que caíam pela água.

A porta-voz do serviço de bombeiros, Stavroula Malliri, disse que o número de mortes havia chegado a 79, mas é possível que o número aumente conforme as equipes gradualmente passem pelas centenas de casas queimadas, pelo litoral e no mar.

Mais de 280 bombeiros atendiam a área nordeste de Atenas, na parte mais aberta de Rafina, apagando chamas remanescentes e evitando que o incêndio se espalhasse. Ao mesmo tempo, outros 200 bombeiros, com o apoio de um helicóptero lançando água, combatiam as chamas na região oeste da capital, perto de Agioi Theodori, onde autoridades locais esvaziaram três comunidades preventivamente, além de um acampamento de verão infantil e três mosteiros.

As bandeiras pelo país ficaram a meio-mastro depois que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou três dias de luto nacional.

Os dois incêndios, em ambos os lados de Atenas, começaram na segunda-feira 23, a poucas horas de diferença, e se espalharam com os ventos fortes. A velocidade com que as chamas se dissiparam no nordeste da capital surpreendeu as autoridades, que dizem acreditar que o vento tenha contribuído para o alto número de mortes.

"Não pudemos ver o fogo, veio de repente. Havia muito vento e nós não vimos como aconteceu", disse Anna Kiriazova, de 56 anos, que sobreviveu com seu marido, quando se fecharam dentro de casa e não tentaram fugir. Kiriazova disse que o casal utilizou uma mangueira de jardim para molhar a casa e creditou sua sobrevivência também ao fato de as janelas da casa serem de metal, e não de madeira.

"Nós nos fechamos na casa, fechamos as venezianas, tínhamos toalhas sobre nossos rostos", disse. "O inferno durou cerca de uma hora. Eu não tenho palavras para descrever o que passamos."

O marido dela, Theorodos Christopoulos, de 65 anos, disse que o casal decidiu ficar dentro de casa porque as estradas estavam congestionadas. "Houve muito pânico, porque a estrada inteira ficou bloqueada por carros", disse. "Gritos, histeria, podíamos ver que o fogo estava chegando com o vento. O cheiro já era forte, o céu estava preto e, em pouco tempo, o fogo já estava aqui", relembrou.

Centenas de moradores abandonaram seus carros e correram em direção às praias próximas, de onde foram resgatados pela Guarda Costeira e barcos particulares. Dezenas entraram no mar, apesar do mau tempo, para escapar do calor intenso e fumaça sufocante.

Uma mulher disse à TV estatal que havia fugido para o mar com sua filha e netos, de 13 e 15 anos, e foram forçados a nadar até áreas profundas junto de outros grupos que haviam buscado abrigo na praia. "O mar estava queimando, pinhas flamejantes caíam", disse a mulher, que deu apenas seu primeiro nome, Mary.

A fumaça escureceu o céu e, rapidamente, o grupo se perdeu. "O céu estava cheio de fumaça e o mar estava tempestuoso", disse. "Havia muitas ondas, ondas enormes. Elas vinham sobre nós como montanhas." No desespero, ela e os netos gritavam pedindo socorro aos aviões de combate a incêndio que sobrevoavam a região.

Depois de mais de quatro horas no mar, o grupo foi pego por um barco de pesca com tripulação egípcia. A embarcação ajudou outras pessoas e resgatou o corpo de uma mulher que havia se afogado.

Com o número de desaparecidos ainda indefinido, as autoridades têm pedido às famílias que entrem em contato. Estações de rádio e televisão estão sendo utilizadas na busca por informações. A história de um homem que está procurando suas filhas se destaca entre os muitos casos de famílias em busca de parentes desaparecidos.

Yiannis Philipopoulos disse que ele e a mulher reconheceram as filhas Sophia e Vasiliki, de 9 anos, em imagens do noticiário, depois de passarem um dia inteiro procurando em hospitais e dando amostras de DNA no necrotério de Atenas.

Philipopulos disse que as meninas estavam com os avós paternos, que não apareceram nas imagens. Segundo ele, as gravações lhe deram esperança de que as crianças estivessem vivas, e pediu a qualquer um que tenha informações sobre as garotas para entrar em contato.

As imagens mostravam duas meninas entre várias pessoas, muitas em trajes de banho, saindo do barco de pesca. No entanto, o capitão disse que as autoridades registraram os nomes de todos os resgatados pela embarcação e o nome das filhas de Philipopoulos não estava na lista.