Ivanka Trump anuncia o fechamento de sua marca homônima
Ivanka Trump, a filha mais velha do presidente norte-americano Donald Trump e conselheira da Casa Branca, divulgou na terça-feira, 24, o fechamento de sua marca de roupas homônima. Isso ocorreu mais de um ano após ela se afastar da empresa para evitar críticas de como a família de Trump poderia se aproveitar de seu cargo.
Em comunicado, Ivanka conta que a ação foi para se comprometer ainda mais no trabalho que realiza na administração de seu pai.
"Depois de 17 meses em Washington, não sei quando nem se eu irei voltar ao mundo dos negócios", explica. "Mas sei que meu foco no futuro mais próximo será no trabalho na Casa Branca, então tomar essa decisão não é nada além de justo com meu time e meus parceiros."
Um representante da marca disse que o processo de encerramento das atividades já começou, os contratos de licenciamento não seriam renovados e seus 18 funcionários serão desligados da empresa nas próximas semanas. Os produtos já existentes continuaram sendo vendidos, mas nenhum outro irá para as lojas na próxima estação.
A decisão de Ivanka foi divulgada no momento em que a administração Trump ameaça aumentar sua disputa comercial com a China, onde muitos dos produtos da sua marca são fabricados.
Roupas estão entre os 200 bilhões de dólares em produtos importados da China que podem ser taxados, caso as tarifas entrem em vigor em setembro. Abigail Klem, presidente da Ivanka Trump, disse em entrevista que a perspectiva de nova tributação não influenciou o futuro da marca.
Desde que Donald Trump assumiu a presidência, seus familiares enfrentam críticas que afirmam que eles estariam explorando seu cargo para promover interesses pessoais. Ivanka, o maior alvo das queixas, deixou de trabalhar diariamente em sua empresa no ano passado. Ativistas contrários ao governo de seu pai organizaram boicotes de seus produtos e grandes multimarcas dos Estados Unidos, como Marshall's, Nordstrom e T.J. Maxxx removeram a grife de suas prateleiras.
Neste mês, a maior loja de departamentos do Canadá, Hudson's Bay Co., anunciou que iria parar de vender os produtos Ivanka Trump.
Defensores da família descreveram a reação contra ela como injusta e até sexista. Seus críticos argumentaram que o papel dela como conselheira de seu pai tornou o jogo justo.
Quando Ivanka se afastou da marca que leva o seu nome, os seus representantes ressaltaram o movimento dela de se afastar do mundo dos negócios. Mas ela manteve um interesse financeiro na marca através de uma relação de confiança que lhe deu autoridade para aprovar novos negócios.
O acordo levantou questões sobre ela ter ido longe o bastante para se afastar da companhia. Relatórios recém divulgados mostram que ela ganhou mais de 5 milhões de dólares com a Ivanka Trump no último ano.
Klem, o presidente da marca, disse que operar sobre especulações e restrições prejudicou o potencial de crescimento da marca e contribuiu com a decisão de encerrar a empresa, que fez algumas expansões além-mar. Em maio, registrou a marca na China. Segundo seu representante, Ivanka pretende continuar a registrar seu nome para evitar fraudes.
Duas fontes próximas à Ivanka afirmaram que a principal razão dela ter optado pelo fechamento da empresa foi a dificuldade em promover uma marca tão ligada a ela enquanto ela trabalha na Casa Branca.
Bracelete
Quase instantaneamente após sua chegada em Washington, houve questionamentos sobre se ela e seu pai estariam usando sua relevância para alavancar os negócios. Logo depois da eleição, a marca começou a divulgar um bracelete de 1088 mil dólares que Ivanka usou no programa de entrevistas 60 minutes, gerando acusações de que a família estaria tratando a Presidência como um canal de vendas.
E quando a Nordstrom parou de vender os produtos da Ivanka Trump, Kellyanne Conway, uma das conselheiras de Donald Trump, "implorou" para os espectadores que comprarem os produtos.
"Comprem as peças de Ivanka, é o que eu diria", falou ela na época. "Eu farei um comercial de graça: comprem ainda hoje, vocês as encontram online." O pronunciamento gerou revolta entre os experts em ética.
Em um pronunciamento, o grupo Cidadãos pela Responsabilidade e Ética, que está focado em deixar em evidência questões envolvendo a família Trump e suas empresas, demonstrou apoio ao fechamento da marca.
"Mesmo que seja um passo notável na direção certa, ainda é pequeno e foi dado muito tarde", diz o texto, acrescentando que Ivanka "supostamente percebeu que havia potenciais conflitos de interesse a serem evitados, algo que muitos a alertaram desde o início."