Morre, aos 96 anos, o jurista e político Hélio Bicudo
Formado em direito, Bicudo lutou contra o Esquadrão da Morte e foi um dos autores do pedido de Impeachment contra Dilma Rousseff
Morreu na manhã desta terça-feira (31), aos 96 anos, o jurista e político Hélio Bicudo. Ele estava em sua casa nos Jardins, região nobre de São Paulo. A causa da morte ainda não foi confirmada.
Apesar de ser um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), Bicudo saiu da agremiação durante o Escândalo do Mensalão, em 2005. Posteriormente, foi um dos responsáveis pelo pedido de Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, junto a Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
Hélio Bicudo também é reconhecido por investigar a organização criminosa conhecida como Esquadrão da Morte, formada por policiais que executavam criminosos.
Investigador do Esquadrão
Hélio Pereira Bicudo nasceu em Mogi das Cruzes (SP), em 1922. Bacharel em direito, não chegou a exercer a advocacia. Foi nomeado procurador da Justiça de São Paulo em 1957. Em 1959, tornou-se assessor do governador Carvalho Pinto.
A partir de 1964, Bicudo dedicou-se à iniciativa privada. Em junho de 1970, solicitou ao procurador-geral da Justiça de São Paulo investigações para apurar as atividades da organização criminosa formada por policiais conhecida como Esquadrão da Morte. Foi indicado, então, pelo Colégio de Procuradores de São Paulo para realizar tais investigações.
Alvo de ameaças por conta das atividades investigativas, contou com a proteção do arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. A partir de 1973 passou a integrar a Comissão Pontifical de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Em 1976, lançou o livro Meu depoimento sobre o Esquadrão da Morte, publicado pela Arquidiocese.
Com a extinção do bipartidarismo em 1979, ingressou no PT (Partido dos Trabalhadores). Em 1981, concorreu à vice-governador de São Paulo, e em 1986, foi candidato ao Senado. Com a eleição em 1988 de Luiza Erundina como prefeita de São Paulo, passou a ser Secretário Municipal de Negócios Jurídicos. Deixou o cargo no início de 1990.
Em outubro de 1990, elegeu-se deputado federal por São Paulo com a segunda maior votação do PT. Em fevereiro de 2000, foi empossado como presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com sede em Washington. Foi vice-prefeito de São Paulo de 2001 a 2004, durante a gestão de Marta Suplicy, e chegou a exercer inteirinamente o cargo de prefeito.
Em 2005, se desfiliou do PT, em virtude do Escândalo do Mensalão. Em 2007, denunciou à Corte Interamericana de Direitos Humanos a Operação Castelinho, operação policial forjada que levou ao assassinato de 12 pessoas na Rodovia Castelo Branco.
Em 2015, protocolou na Câmara dos Deputados, junto a Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O pedido foi acatado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e culminou na deposição da petista.
Ele estava enfrentando complicações cardíacas nos últimos meses, e ainda não há informações sobre o velório.