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Após mudança de patamar na matriz de risco, comércio de Viana volta a funcionar normalmente

A flexibilização faz parte da nova matriz de risco do governo do Estado, que passou a valer nesta segunda-feira em todo o Espírito Santo

Foto: TV Vitória

A partir desta segunda-feira (13), o município de Viana pôde abrir o comércio normalmente, sem alternar os dias entre os tipos de loja. A flexibilização faz parte da nova matriz de risco do governo do Estado, que passou a valer nesta segunda-feira em todo o Espírito Santo. Viana foi o primeiro município da Grande Vitória que deixou o risco alto para o novo coronavírus, para entrar em risco moderado.

Com isso, nesta segunda-feira lojas de roupas, por exemplo, que se enquadram na categoria de comércio de produtos de uso pessoal, puderam funcionar na cidade, diferentemente dos outros municípios da região metropolitana. 

"As coisas estão começando a evoluir ainda. Até mesmo os clientes não estão sabendo como está a rotina, estão acostumados a vir e não poder abrir. Então eu acho que daqui para frente vai dar uma melhorada", disse a vendedora Jéssica Magalhães.

Em uma loja de brinquedos e acessórios, a novidade foi vista como um alívio pelo comerciante Crisley Costa de Faria. "Nós trabalhávamos no dia ímpar e no par a gente fechava. E sábado e domingo o comércio não podia abrir. Se Deus quiser, nós vamos poder aumentar as vendas um pouquinho, para a gente pagar o aluguel mais tranquilo", afirmou.

A reportagem da TV Vitória/Record TV esteve em Viana, nesta segunda, e encontrou alguns moradores nas ruas sem máscara. No entanto, não foi o caso da maioria. O que se vê são muitos avisos nas portas dos estabelecimentos, alertando para os cuidados: álcool gel, máscara e número limitado de clientes.

Para o comerciante Cláudio Rocha, é melhor respeitar as regras do que voltar a fechar. "Eu espero que continue do jeito que tem ido: o pessoal usando álcool gel, usando máscara. A grande maioria na rua ainda continua usando a máscara, mesmo tendo uma pequena parte não concordando. Mas, graças a Deus, tem fluído", afirmou.

Dados

De acordo com dados do Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Viana já registrou 48 mortes por coronavírus e 1.122 casos confirmados. No entanto, com a entrada em vigor da nova matriz de risco, ao se falar em número de casos confirmados da covid-19 e em letalidade, só serão contados os dados dos últimos 28 dias.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira, a matriz foi ajustada ao momento da pandemia. "Com isso busca-se pegar realmente um retrato mais recente do que está acontecendo no município. E por que 28 dias? A gente tem visto que os ciclos da doença operam em 7 a 14 dias, que é o tempo que se fala em relação à questão de isolamento, tratamento. E o Estado, de forma conservadora, dobrou esse prazo para 28 dias", destacou o comandante.

Além das mudanças no comércio, os municípios considerados em risco moderado podem flexibilizar outros setores da economia. Bares e restaurantes, por exemplo, podem abrir, de segunda a sexta, até às 18 horas, e não mais às 16 horas, como no caso das cidades de risco alto. Também podem abrir aos sábados, das 10 às 16 horas, o que antes não era permitido. Academias também não precisam limitar em cinco o número de alunos por período. 

Para a secretária de Saúde de Viana, Jaqueline Jubini, o relaxamento das regras de funcionamento é bem-vindo. No entanto, segundo ela, o que não se pode relaxar é com as medidas de distanciamento e de higiene. "Ainda que estejamos em risco moderado hoje, é importantíssimo a população manter os cuidados e o isolamento, para a gente enfrentar esse momento tão difícil", frisou.

O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, afirma que foi possível ajustar a matriz porque o sistema de saúde não entrou em colapso. "Nós temos uma linha que vai se formando de maneira organizada, baixa, dentro da capacidade assistencial, e demonstra que a estratégia capixaba de enfrentamento à pandemia conseguiu homogeneizar o enfrentamento em todo o estado".

Entretanto, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, alerta: ainda não é possível liberar todas as atividades, mesmo em municípios com baixa prevalência, pelo risco de uma explosão no número de casos. "Se num município com uma prevalência de 2% liberarmos as atividades como se a vida tivesse um comportamento normal, com certeza teríamos a mesma explosão de casos e, consequentemente, casos graves e, infelizmente, resultando em mortes de pessoas naquela região", ressaltou.

O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto reforça: não é o momento de descuidar das medidas de proteção. "Sair de máscara para a rua, para a loja ou para a farmácia. Quem for sair, que saia com máscara e se mantenha com máscara. E manter o distanciamento de um metro e meio das pessoas com quem não se convive na mesma casa. É muito importante manter esses cuidados, para que iniciemos logo essa descida dessa curva de casos e de óbitos na Grande Vitória", destacou.

Se a doença continuar evoluindo da forma como está, a ideia é que, na próxima reformulação, a matriz seja a de retomada. No entanto, o comandante do Corpo de Bombeiros destaca que é preciso dar um passo de cada vez. "Esse é um desastre de evolução lenta, mas a gente ainda está num campo bastante desconhecido. Quem viveu nessa geração não viveu um tipo de pandemia dessa natureza. Os movimentos têm que ser feitos de forma bastante cautelosa. Não dá para prever o que vai acontecer daqui a dois, três meses", frisou o coronel.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV 

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