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Mesmo com estabilização da pandemia na GV, cuidados devem ser mantidos, alerta especialista

Número de casos e de mortes em decorrência da covid-19 ainda é muito alto em todo o estado. Além disso, a doença está em aceleração no interior

Foto: Divulgação

Após três meses de aceleração, a pandemia do novo coronavírus dá sinais de estabilização, pelo menos na Grande Vitória. Durante coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira (3), o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que a região metropolitana atingiu o platô na curva de crescimento da covid-19. "Nós, de fato, percebemos uma tendência de estabilização da doença na Grande Vitória ocorrendo. Vem se confirmando essa tendência de estabilização", afirmou o secretário.

Ainda de acordo com Nésio Fernandes, nas últimas semanas o número de mortes também tem se mantido estável. "Temos tido uma manutenção da quantidade de óbitos por dia, no último período. Mas ainda não temos uma redução sustentada do óbito e ainda não temos uma redução sustentada dos pacientes graves", frisou.

O destaque é o município de Vitória, que passou boa parte da pandemia em primeiro lugar no número de casos da covid-19, mas agora está atrás de Serra e Vila Velha. A capital, que atualmente tem 7.857 casos confirmados, segundo o Painel Covid-19, vem apresentando a maior desaceleração.

"Nós tivemos aqui um fenômeno no município de Vitória, onde, entre os quatro municípios da Grande Vitória, aponta uma evidência mais clara de estabilização da doença. Podemos viver, ao longo do mês de julho, o início de uma fase de recuperação heterogênea, que pode ocorrer pontualmente em alguns municípios do estado. No entanto, o resultado final ainda será de aumento no número de casos no Espírito Santo", afirmou Nésio Fernandes.

Apesar da estabilização da pandemia na Grande Vitória, o número de casos e de mortes em decorrência da covid-19 ainda é muito alto em todo o estado. Além disso, a preocupação está mais voltada para o interior, onde o crescimento da doença ainda é bastante acelerado, principalmente em municípios como Colatina, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim.

Para a pesquisadora Ethel Maciel, doutora em epidemiologia, a notícia da estabilização dos casos na região metropolitana é boa. No entanto, ela faz um alerta: não é hora de retomar a vida como era antes.

"A gente começa a estabilizar, mas essa estabilização ainda é alta. A gente está estabilizando, no que a gente chama de platô, que é aquela parte acima da curva, mas ela ainda é com muitas mortes e muitos novos casos. A gente ainda não desceu", ressaltou.

O alerta também foi feito pelo governador do Estado, Renato Casagrande, durante um pronunciamento pelas redes sociais, nesta sexta-feira (03). Segundo o governador, as medidas de isolamento social precisam ser mantidas, mesmo com a estabilização dos casos.

"Mesmo que a gente esteja reduzindo na região metropolitana, nessas duas últimas semanas, o número de óbitos é muito grande ainda. No interior está crescendo e aqui na Grande Vitória está um número elevado ainda. O número de óbitos é uma tarefa nossa, dos governos, de disciplinar o funcionamento da atividade econômica, da interação social, mas é especialmente uma tarefa nossa, individualmente, como capixabas", afirmou Casagrande. 

"Se a gente conseguiu atender todos os que precisaram de um leito de UTI ou enfermaria e isso foi um sucesso, nós temos uma outra tarefa, que é reduzir óbitos e não termos mais óbitos pela covid. Daí a gente reduzir a interação, a não aglomeração. Porque se de um lado a gente está um passo à frente, no atendimento nos hospitais, nós estamos sendo alcançados tragicamente pela covid-19, pelo número de pessoas que já perderam a vida no Brasil e aqui no Espírito Santo", completou.

Interior

A doutora em epidemiologia explica que o interior do Estado vive outra fase da pandemia. "Se a gente pensar na curva epidêmica, é como se a Grande Vitória estivesse um pouco mais acima. Então a gente está em tempos diferentes da pandemia. Por isso, mesmo aqui na Grande Vitória, em que a gente está, digamos, num tempo posterior do que as cidades do interior, é importante nós continuarmos ainda com todas as medidas, porque nós temos muitas mortes", destacou Ethel Maciel.

Outro problema é que algumas cidades não contam sequer com leitos de UTI. Por isso, os pacientes precisam ser transferidos para a Grande Vitória, o que pode aumentar a taxa de ocupação de leitos e pressionar todo o sistema de saúde.

"O fato de você transferir um paciente grave que está num hospital do interior para os hospitais da Grande Vitória, esse percurso não é sem riscos. Ele tem muitos riscos. Porque às vezes o paciente que estava entubado em uma UTI pode extubar, o tubo pode sair durante essa remoção. Então há muitos perigos nessa remoção", frisou a especialista.

Ainda assim, segundo o secretário de saúde, está sendo possível atender aos pacientes graves. "Tivemos um mês de junho em que mantivemos uma taxa de ocupação de leitos hospitalares em cima de 80%. Iniciou o mês muito tenso, com uma pressão assistencial muito forte sobre o serviço de saúde, mas terminamos o mês com uma relativa estabilização, entre 80% e 84% da ocupação dos leitos, chegando a 82% nesses últimos dias. Em virtude da ampliação de leitos que nós construímos nesse mesmo período, nós não colapsamos o sistema", destacou.

Testagens

Nas últimas semanas, o número de casos confirmados por dia tem variado entre 1,4 mil e 1,9 mil no Espírito Santo. De acordo com Nésio Fernandes, a explicação está justamente no interior, mas também no aumento no número de testes.

"O crescimento da pandemia no Estado do Espírito Santo, a partir dos casos observados, daqueles que nós testamos diretamente, pode ter um comportamento de crescimento por característica da tecnologia utilizada na testagem, que é uma tecnologia que identifica o contato prévio com a doença e não necessariamente um diagnóstico de casos agudos", afirmou o secretário.

A maior quantidade de testes realizados no estado também explica a queda na letalidade do novo coronavírus no Espírito Santo. Isso porque quanto maior a testagem, mais casos confirmados são descobertos e, com isso, a porcentagem de óbitos cai.

"A letalidade é uma conta que nós fazemos dentre todas as pessoas que foram testadas e que foram positivas, quantas morreram. Então se a gente faz poucos testes e a gente tem dez mortes, isso é muita coisa. Se a gente faz muitos testes e a gente tem dez mortes, isso é uma letalidade muito baixa. A morte não mudou. O que mudou foi a quantidade de pessoas testadas e que eram positivas", explicou Ethel Maciel.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV 






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