Mais de 73% dos classificados para entrar na Ufes não se matricularam
Motivos variam entre demora em entrega de documentação até perda de prazos por parte dos aprovados
Das 2216 vagas ofertadas pelo período 2023/2 do Sisu/Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que correspondem ao segundo semestre, apenas 594 foram preenchidas durante a chamada regular. Isto significa que mais de 73% dos classificados não se matricularam.
Este tipo de evasão pode ter alguns motivos, como explica o professor de biologia e especialista em estratégias de estudo, Paulo Victor Scherrer, que leciona aulas para alunos que estudam para o pré-vestibular.
Segundo o professor, um dos motivos para o não preenchimento das vagas pode ser o de alunos que prestam o vestibular em modalidades de cotas e muitas vezes não conseguem comprovar em documentação que são pessoas de baixa renda ou pretas, pardas e indígenas.
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"Existem alguns fatores que levam a isso, é preciso separar a modalidade de ampla concorrência de outras modalidades, que são modalidades de cota", disse.
"Para as de cota existe uma questão de documentação, muitos alunos se inscrevem no desespero, mas eles não têm documentação certa para comprovar baixa renda ou se inscrevem nas cotas de pretos, pardos e indígenas e, na verdade, são eliminados quando vão para a banca de heteroidentificação, que confere esta questão de autodeclaração", complementou.
De acordo com Scherrer, estas vagas são atraentes para muitos alunos, pois a nota de corte para acesso à universidade, pelo Sisu, é bem menor do que em vagas de ampla concorrência, mas como muitas vezes não se adequam às normas das cotas, acabam eliminados e não podem se matricular.
Já em vagas de ampla concorrência, muitos alunos simplesmente optam por não se matricular, seja por conseguirem uma vaga em outra instituição ou simplesmente porque prestaram o exame para testar os próprios conhecimentos.
Ainda de acordo com o professor há um segundo motivo que se tornou tendência entre jovens e adolescentes, pessoas que prestam o exame apenas para aumentar a nota de corte e desestimular o ingresso de outros estudantes na instituição.
"É tudo muito especulativo, mas ouvimos bastante de alunos que fazem a prova apenas para aumentar a nota de corte. Isso faz com que muitas pessoas desistam de ingressar na faculdade e propicie que colegas dos aprovados, que estão em lista de espera, ingressem nessas vagas", disse.
Vagas ociosas podem se tornar um problema para alunos em lista de espera
O professor chama atenção para outro dado: de 20 vagas ofertadas para medicina na Ufes, apenas sete foram preenchidas. Isso demonstra, segundo ele, um número de pessoas já matriculadas no mesmo curso em outras instituições, ou seja, não poderiam ingressar na universidade sem se desligarem da faculdade que já frequentam.
Segundo ele, o número de vagas ociosas costuma acontecer mais no período Sesu/2, que acontece no segundo semestre. No Sesu/1, a maioria dos alunos realmente está batalhando para conseguir uma vaga em um curso de sua escolha.
O número de vagas ociosas pode prejudicar alunos em lista de espera, uma vez que o processo se torna mais demorado e quem figura nestas listas, não pode ingressar em outra universidade sem perder seu lugar na lista.
"O aluno acaba forçado a abrir mão de todo o resto para continuar em uma lista de espera, uma vez que não existe uma certeza de quantas vagas serão preenchidas", disse.
O que diz a Ufes
Por meio de nota, a Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), afirmou que o processo seletivo segue em andamento, convocando para matrícula os candidatos inscritos na Lista de Espera. Confira a nota na íntegra:
A Pró-Reitoria de Graduação informa que, na chamada regular para a edição 2023/2 do Sisu/Ufes, foram ocupadas 594 vagas, das 2216 ofertadas, em decorrência de desistências, perdas de prazos ou falta de apresentação de documentos, entre outros motivos.
O processo seletivo segue em andamento, convocando para matrícula os candidatos inscritos na Lista de Espera, como previsto no Edital Regulamentador.
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