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Funcionários da SuperVia depõem sobre trem que passou sobre atropelado

Redação Folha Vitória

Rio - Cinco funcionários da SuperVia, concessionária responsável pelos trens da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, prestaram depoimento ontem à 29ª DP (Madureira), na zona norte. Eles falaram sobre a autorização para que um trem passasse sobre o corpo de um ambulante caído sobre os trilhos, no fim da tarde do último dia 28. A Polícia Civil investiga se o rapaz já estava morto e se houve vilipêndio (desrespeito) de cadáver, crime punido com até três anos de prisão.

Segundo policiais, os funcionários afirmaram que o rapaz já morrera. O corpo, porém, não tinha sido analisado por um médico.

Após a divulgação de imagens gravadas por usuários da SuperVia, a concessionária primeiro condenou a atitude dos agentes. Horas depois, porém, divulgou nota em que tentou justificar a atitude. Afirmou que o trem tinha altura suficiente para permitir sua passagem sem tocar no cadáver e culpou a falta de isolamento dos trilhos pelo problema.

O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, condenou a atitude dos funcionários da SuperVia. Ele ordenou que a Agetransp (agência estadual que fiscaliza as concessionárias de transporte) apure o caso e puna a empresa.

O caso

Adílio Cabral dos Santos, de 33 anos, pulou o muro da estação Madureira para atravessar os trilhos. Ali passam três linhas de trens, que ligam a estação Central do Brasil (Centro) a Paracambi (cidade na Região Metropolitana), Santa Cruz e Deodoro, na zona oeste.

Enquanto atravessava a linha, Santos foi colhido por um trem expresso. Não há imagens do acidente. O corpo ficou sobre os trilhos. Agentes da SuperVia avistaram o cadáver e acionaram bombeiros e Polícia Civil. A providência usual seria interromper a circulação para que o corpo fosse retirado, mas não foi o que aconteceu.

"As circunstâncias do acidente e o tráfego intenso de trens com milhares de passageiros naquele momento levaram o Centro de Controle Operacional a trabalhar com um procedimento de exceção, sob absoluto controle", afirmou a SuperVia. "Foi constatado que o trem que trafegou sobre o corpo tinha altura mais do que suficiente para fazê-lo sem risco de atingir e vilipendiar a vítima. Apenas a partir dessa constatação, confirmada com toda segurança por agente da empresa no local, e diante do risco de se criar um problema maior e mais grave com a retenção de diversos trens, o CCO tomou a decisão (...) de autorizar a passagem do trem", informou a empresa.

Segundo o documento, na linha interrompida havia três trens lotados - ao todo, 6 mil passageiros. "A paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do horário."

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