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Doulas: conheça mais sobre as profissionais que auxiliam as futuras mamães durante a gestação

As doulas não realizam procedimentos médicos e não substituem os enfermeiros, médicos e nenhum membro da equipe de saúde. Elas ajudam a minimizar as dores

As doulas auxiliam antes, durante e até depois do parto Foto: Divulgação

Trazer um filho ao mundo não é uma tarefa fácil e requer esforço das futuras mamães. Mas as preocupações não ficam restritas ao nascimento, são cuidados para o resto da vida na relação entre mãe e filho.

Durante a gravidez, muitas mamães ficam cheias de dúvidas: parto normal ou cesárea? Em casa ou no hospital? Quem levar de acompanhante? Será que o enxoval está organizado? Quais exercícios e alimentação são adequados para uma grávida?

Em meio a tantos questionamentos e inevitáveis palpites das pessoas que estão ao redor, as grávidas acabam encontrando apoio em uma pessoa fundamental na gestação: as doulas. Essas profissionais são as responsáveis pelo auxílio emocional e psicológico durante a gravidez e no momento do parto, além de trazerem técnicas para aliviar as dores das mães que escolheram o parto normal.

As doulas não realizam procedimentos médicos e não substituem os enfermeiros, médicos e nenhum membro da equipe de saúde. Minimizar as dores do parto e dar um suporte psicológico é o principal papel dessas profissionais, que são pouco reconhecidas no país.

Em São Paulo, um projeto de lei que permite a presença das doulas na sala de parto foi aprovado pela Câmara Municipal no início deste ano. Mas essa não é a realidade da maioria dos estados brasileiros. Já em Vitória, o projeto de lei (PL 213/2016) que obriga hospitais e maternidades a aceitarem a presença das doulas foi devolvido à deputada Raquel Lessa, autora do projeto.  A Mesa Diretora alegou inconstitucionalidade da proposta, já que a iniciativa é privativa do governador do Estado.

Entretanto, a parlamentar recorreu à Comissão de Justiça, que ficou de analisar e votar o recurso. Para as doulas como a capixaba Graziele Rodrigues Duda, o projeto é um importante passo para o reconhecimento da profissão no Espírito Santo. Ela, que ajuda as gestantes há quase quatro anos, esclarece que o papel da doula é fundamental antes e durante o parto.

“Descobri a profissão com a maternidade, depois que me tornei mãe e comecei a pesquisar sobre o assunto. Na época, quando tive minha filha, doula ainda era uma coisa muito restrita aqui no Estado. Lembro que só tinham duas atuando. É uma profissão muito importante porque damos um suporte emocional e esclarecemos informações. Ainda hoje para ter um parto normal/natural, temos que ir contra uma lógica que está implantada: a cesárea. O nosso papel é fundamental e não se confunde com o de nenhum outro profissional. Alguns profissionais tem medo da nossa figura porque acham que a gente interfere, quando não fazemos isso. Estamos ali só para informar, dar apoio e diminuir as dores do parto”, explica.

Apesar das dificuldades no que diz respeito à valorização e reconhecimento da profissão, Graziele revela que jamais pensou em abandonar a carreira. Em um dos partos que auxiliou, a doula conta que a frase dita por uma mãe a emociona até hoje.

“As pessoas enxergam uma comodidade muito grande na cesárea e é muito comum ouvir de familiares e amigos histórias de partos normais com muita violência obstétrica, dor e sofrimento. Mas o parto normal, sem dúvida, é um benefício para a saúde da mãe e do bebê, além de implicar em uma redução muito grande da mortalidade. Costumo falar que a pessoa que passa pela experiência de trazer seu filho ao mundo, muda muito. Nasce uma mulher que se vê em relação a ela. Ela se vê mais forte! E a gente também se emociona com os partos, todos nos transformam de uma forma significativa porque é um nascimento. Me vejo como uma ponte, sabe? Ouvi uma vez de uma gestante uma coisa que me deixou bem feliz... Ela disse que na hora do parto olhava para mim e me via como um farol na praia, que ela sabia que tinha que nadar em direção ao meu olhar para conseguir”, revela.

A doula usa técnicas não farmacológicas que aliviam a dor Foto: Divulgação

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Quem também aprova o trabalho das doulas é diretor clínico da maternidade municipal de Cariacica, Dr. Eduardo Pereira Soares, que trabalha há dois anos junto com as profissionais. Ele explica que descobriu o papel das doulas após viajar para outros estados em busca de novos modelos de maternidade para implantar no município.

"Viajei para pesquisar modelos de maternidade e vi a atuação das doulas. Percebi que funcionava muito bem e tinha um grande impacto na diminuição dos indicadores de cesárea. É um trabalho fundamental, pois ajuda a diminuir a ansiedade da paciente, tranquilizar as dores do parto e tem toda essa ajuda psicológica para incentivar a mulher. As doulas sugerem posições adequadas e confortáveis, ensinam medidas não farmacológicas para aliviar dor, como massagem, água morna e compressa. Isso ajuda muito tanto na parte física quanto emocional, no encorajamento. Elas somam muito! Os médicos talvez não entendem muito bem o papel da doula e acreditam que possam atrapalhar. Mas não tem nada disso porque elas não fazem intervenção médica, não vê dilatação e nem ouve o bebê", explica. 

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