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Com 22 estações de análises em tempo real, bacia do Rio do Doce se torna a mais monitorada do país

São 22 estações automáticas que fazem análises em tempo real e 92 pontos de coleta de dados ao longo de Minas Gerais e Espírito Santo

Um novo programa de monitoramento da qualidade da água do Rio Doce, que acabou de entrar em operação, transforma essa bacia na mais monitorada do Brasil. São 22 estações automáticas que fazem análises em tempo real. As estações são parte do Programa de Monitoramento Quali-Quantitativo Sistemático (PMQQS) de água e sedimentos, desenvolvido conjuntamente pela Fundação Renova, órgãos ambientais e agências de água e terá duração de 10 anos.

Todos os resultados medidos por essas 22 estações serão transmitidos on-line para o poder público para formar uma rede de informação e alerta. As informações servem para subsidiar o planejamento preventivo dos principais sistemas de abastecimento público de água, servir de base de dados para ações dos órgãos públicos e ser indicadores para acompanhar a recuperação do Rio Doce.

O monitoramento automático é realizado por meio de uma estrutura fixa no local de medição, com equipamentos que medem nível d’água e parâmetros meteorológicos, como quantidade de chuva e temperatura do ar. Oito dessas estações serão equipadas com uma sonda que verifica dados de turbidez, acidez (PH), oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura da água e a existência de microrganismos.

O trabalho também conta com monitoramento manual: são 55 pontos ao longo da bacia do Rio Doce – desde os diques das barragens em Mariana, em Minas Gerais, até a foz do Rio Doce, em Linhares, no Espírito Santo –, e 36 pontos no litoral – em áreas estuarinas e do litoral Sul do Espírito Santo até o Sul da Bahia. Em 21 das 22 estações de monitoramento automático também há coleta manual de dados. A amostragem manual prevê monitoramento mensal da água e de sedimentos com parâmetros como íons, nutrientes, metais totais e dissolvidos, além de indicadores biológicos.

Os órgãos ambientais que participaram do projeto – Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA), Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IGAM) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – realizaram em julho uma inspeção em toda a bacia do Rio Doce e aprovaram as estruturas para operar o programa. 

“É a primeira vez no país que uma bacia hidrográfica tem uma rede de monitoramento e alerta, com análises tão completas da qualidade da água”, ressalta a diretora da ANA, Gisela Forattini.

Para Senisi de Almeida Rocha, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu e membro do CBH-Doce, as informações em tempo real representam um avanço, que podem orientar nas decisões relacionadas com a gestão das águas dos rios. “Teremos referências mais precisas e imediatas”, destaca o especialista que também faz parte do Conselho Consultivo da Renova.

Monitoramento anterior

Desde o rompimento da barragem de Fundão, o monitoramento da água do Rio Doce já vinha sendo feito de forma sistemática. Segundo os resultados recolhidos até então, a presença de metais nas análises da água bruta está de acordo com o padrão dos resultados que eram obtidos na bacia antes da passagem dos rejeitos. Isso significa que a água pode ser retirada do rio para que seja devidamente tratada e fique dentro dos parâmetros de potabilidade da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde, antes da distribuição pela rede de abastecimento.

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