Novas tarifas contra China foram decisão de última hora
O anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, relativo a novas tarifas para produtos chineses, na última quinta-feira, teve origem em uma negociação frustrada entre Washington e Pequim na semana passada. Segundo reportou o jornal The Wall Street Journal, Trump acredita que a China está apostando em uma eventual vitória democrata em 2020 para voltar à mesa de negociação com os EUA de forma mais amigável.
As negociações comerciais em Xangai, na semana passada, foram breves e improdutivas. O representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, ficaram na China por pouco mais de 24 horas. Nenhuma das equipes foi acompanhada por grandes grupos de colaboradores, necessários para discussões detalhadas. As conversas envolveram menos de dez pessoas, incluindo intérpretes.
Na volta, os negociadores comerciais reuniram-se na quinta-feira à tarde para informar Trump sobre as conversar. Segundo fontes, Lighthizer e Mnuchin disseram que os debates não produziram o resultado esperado. Trump, que tinha um comício de reeleição em Ohio naquele dia, queria garantir aos agricultores - os mais atingidos pela guerra comercial, pois a China reduziu compras de milho, soja e carne de porco dos EUA - que ele tinha conseguido compromissos concretos dos chineses. Mas isso não foi possível.
Retaliação imediata
"Tarifas", disse então Trump à sua equipe, segundo uma fonte. Entre os presentes estavam seu assessor de segurança nacional, John Bolton, o assessor econômico Lawrence Kudlow, o consultor para a China Peter Navarro e o chefe de gabinete, Mick Mulvaney. Todos eles, exceto Navarro, se opuseram inflexivelmente à ideia, disseram as fontes. Isso estimulou um debate de quase duas horas.
Isso porque Pequim insiste que as tarifas devem ser retiradas em troca de concessões exigidas pelos EUA. O presidente norte-americano disse que sua paciência se esgotou e sustentou seu argumento de que as tarifas são a melhor forma de alavancagem. Os assessores acabaram cedendo, e depois ajudaram o presidente a redigir o tuíte anunciando uma extensão das tarifas para basicamente todas as importações chinesas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.