Postos são abastecidos sob escolta em meio a greve de caminhoneiros em Portugal
A polícia portuguesa escoltou nesta segunda-feira, 12, os primeiros comboios de caminhões-tanque para abastecer centenas de postos de gasolina vazios. O país está no início de uma greve de caminhoneiros de transporte de combustível por tempo indefinido.
Sob escolta policial, os veículos deixaram um importante centro de distribuição de Aveiras, nos arredores de Lisboa. Um piquete de cerca de 30 trabalhadores estacionados no exterior não conseguiu impedi-lo.
Os sindicatos em greve, que exigem aumentos salariais, acusaram as empresas de transporte de pressionar os motoristas a convencê-los a desistir do protesto e trabalhar além dos serviços mínimos impostos pelo governo.
Antecipando problemas de abastecimento, muitos motoristas encheram o tanque antes do início de uma greve que fez com que o preço do combustível dobrasse seu preço nos últimos dias, segundo o governo português.
Ao meio-dia desta segunda, no horário local, 15% dos cerca de 3 mil postos de gasolina no país estavam completamente secos.
O Executivo socialista tomou medidas para limitar o impacto do protesto, como declarar "situação de crise de energia" até 21 de agosto, o que permitirá racionar a venda a partir de segunda-feira.
O governo também estabeleceu um dispositivo de serviço mínimo que garante um fornecimento de 50% e 100% nas 400 estações com mais afluxo, bem como nos serviços de emergência, aeroportos e policiais.
Uma greve semelhante ocorreu em abril no que se caracterizou como o pior episódio de instabilidade industrial de Portugal em anos, provocando críticas ao governo socialista. Desta vez, um melhor planejamento de contingência pode até beneficiar o governo em uma próxima eleição parlamentar marcada para 6 de outubro, segundo analistas.
"Gostaria de ressaltar como positivo o fato de os serviços mínimos estarem sendo prestados... A situação é de normalidade e civilidade", disse o primeiro-ministro, António Costa, a jornalistas.
Não houve necessidade de recorrer a um plano de apoio para mobilizar o Exército e os motoristas da polícia, acrescentou Costa, embora o governo esteja pronto para acionar essas e outras medidas especiais se o fornecimento for comprometido.
Os caminhoneiros disseram que a greve será mantida até que a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) faça uma "proposta razoável".
"Até lá, vamos fazer greve por um dia, uma semana, um mês, pelo tempo que for", afirmou o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Materiais Perigosos, Pedro Pardal Henriques, responsável pela convocação da greve. O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias também aderiu à paralisação. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS