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'Quero viver como um cidadão comum', diz Ali Sipahi após STF negar extradição

O entendimento do colegiado foi o de que não há garantias de que Sipahi seria submetido a um julgamento justo e imparcial pelas autoridades turcas

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O empresário Ali Sipahi, turco naturalizado brasileiro, afirmou nesta quarta-feira, 7, que o Supremo Tribunal Federal (STF) se alinhou a países democráticos "que vem negando cooperação com o regime autoritário da Turquia" ao negar sua extradição.

Em entrevista no Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) ao lado de amigos, advogados da Defensoria Pública da União (DPU) e de seu defensor pessoal, Sipahi afirmou que pretende retomar sua vida no Brasil.

"Desejo agora viver como um cidadão comum, trabalhando, ao lado de minha família e amigos neste país que escolhi para viver e aprendi a admirar", disse. "Foi um período muito difícil tanto para mim quanto para os simpatizantes do Hizmet no Brasil."

Questionado sobre como recebeu a decisão unânime do STF, o empresário contou que estava no CCBT com os amigos e era informado constantemente por sua defesa. "Esse País tem uma importância muito grande na minha vida (...) vivi quase metade dela aqui", respondeu com a voz embargada.

Ele disse que sua mulher, Merve, e o filho de 4 anos ficaram muito felizes com a decisão. "Ela também estava sujeita à mesma medida do governo turco que eu, porque é titular na mesma conta de banco que usaram pra me acusar", disse "Se me afetou, podia afetar ela."

Ali afirmou ainda não ter medo de novas iniciativas judiciais do governo de Recep Tayyip Eedogan. "Fui preso por motivos que não são de terrorismo. Então, quando se tem Justiça, como no Brasil, não tenho medo do que possa acontecer", explicou.

Supremo indeferiu pedido de extradição

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal(STF) negou nesta terça-feira, 6, um pedido do governo da Turquia para extraditar Ali Sipahi, empresário turco naturalizado brasileiro acusado de pertencer a uma organização considerada terrorista pelo presidente Recep Tayyip Erdogan.

O entendimento do colegiado foi o de que não há garantias de que Sipahi seria submetido a um julgamento justo e imparcial pelas autoridades turcas.

Antes do julgamento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já tinha se manifestado contra a extradição, depois de o Ministério Público Federal conduzir investigação que concluiu não haver indícios de que o Movimento Hizmet, do qual Sipahi participa, tenha a prática de crimes de terrorismo como atividade principal, secundária ou eventual.

Ancara acusou Sipahi de ter feito depósitos no Banco Asya, que Erdogan fechou em 2015 por ser ligado ao Hizmet.

Hizmet temia perseguição a cidadãos turcos no Brasil

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo, opositores do presidente da Turquia denunciaram um aumento da perseguição aos turcos que vivem no Brasil e têm ligação com o movimento Hizmet, considerado terrorista pelo governo do país.

Segundo o grupo, pelo menos dez pedidos de extradição foram protocolados pelo Judiciário turco no Ministério da Justiça brasileiro, e ao menos seis pedidos transitavam em maio em sigilo no Supremo Tribunal Federal. Há cerca de 300 turcos ligados ao Hizmet residindo no Brasil.