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Descarte irregular de máscaras durante pandemia coloca animais marinhos em risco no ES

Número de animais resgatados no litoral do estado em 2020 foi de 89 a mais que no ano passado

Viviane Lopes de Souza Henriques de Azevedo

Redação Folha Vitória
Foto: Sandro Firmino -Ambientalista -Instituto O Canal
Máscara descartável encontrada na Prainha do projeto Tamar na manhã desta segunda (03). 

O número de animais marinhos resgatados na costa do Espírito Santo aumentou. Em comparação com o mesmo período que o ano passado, 89 animais a mais que foram encontrados.

O CTA- Serviços em Meio Ambiente monitora a costa capixaba e só esse ano resgatou 1230 animais, sendo que 90% deles já foram encontrados mortos. Uma das principais causas apontadas por veterinários, biólogos e oceanógrafos é a ingestão de lixo.

Uma tartaruga-verde jovem foi uma das sortudas a serem resgatadas com vida. Mas, após ser levada para o centro de monitoramento, um alerta: muito lixo foi encontrado nas fezes dela. Desde maio ela vem recebendo cuidados veterinários e pode ser liberada na natureza no próximo mês.

Foto: Reprodução/ CTA- Serviços em Ambiente
Tartaruga-verde jovem segue recebendo tratamentos no CTA

Para que isso aconteça, a tartaruga precisa passar por uma série de análises feitas pelos veterinários da equipe. Bartolomeu André é um dos especialistas e explica que para sair do cativeiro, a tartaruga precisa passar por um check-up completo. “Fazemos vários exercícios diários para estimular o animal para que ele volte à natureza conseguindo realizar suas funções geológicas normalmente.” comenta o veterinário.

A tartaruga nada em um tanque e aos poucos os veterinários criam um ambiente parecido com o que ela vai encontrar na natureza, colocando alimentos próximos a realidade dela. Depois de passar em todas as avaliações, a tartaruga volta para o mar com anilhas metálicas, para serem monitoradas pela equipe.

Lorena Oliveira é oceanógrafa e contou que são diferentes tipos de consequências que a ingestão de lixo pode causar nos animais. “Basicamente, o que ocorre com eles é uma obstrução gastrointestinal, principalmente em tartarugas. Elas acabam ingerindo o lixo, não conseguem mais se alimentar e podem morrer de fome” explica Lorena.

Foto: Reprodução/ CTA- Serviços em Ambiente
Ave marinha recebendo tratamento no CTA

Dentro do lixo encontrado em locais próximo ao mar, equipamentos que fazem parte da rotina do “novo normal” causado pela pandemia do novo coronavírus estão aparecendo e virando ameaça para os animais. São as máscaras, luvas e até mesmo potes de álcool em gel. Alguns grupos de pesquisa, como o Lixomar, da Ufes, estão realizando coletas em praias distintas do estado e já encontraram a presença indesejável de máscaras nas areias da Praia da Costa, em Vila Velha, no dia 24.

Quando as máscaras vão parar no mar o problema aumenta. A oceanógrafa comenta que as tartarugas e aves marinhas se alimentam de organismos flutuantes, e quando encontram o lixo boiando, pensam que é alimento e comem. 

Enquanto a tartaruga se recupera para voltar ao mar e não ter o destino de outras 1038 que foram encontradas mortas esse ano, oceanógrafos ficam na torcida. "A gente espera que a pandemia não afete negativamente a vida desses animais" comenta Fábio Cavalca, integrante do grupo Lixomar.



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