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Reforma do Carmélia custará R$ 7 milhões ao governo do Estado

O imóvel pertence à União, mas será repassado ao Executivo estadual, que pretende retomar as atividades culturais no local

Foto: TV Vitória

O Centro Cultural Carmélia Maria de Souza será reformado pelo governo do Estado para que as atividades culturais sejam retomadas no local. O anúncio foi feito na quarta-feira (12) pelo governador Renato Casagrande, por meio de sua conta no Twitter. O imóvel pertence à União, mas será repassado ao executivo estadual, conforme anunciou na quarta-feira o governo federal.

O secretário estadual de Cultura, Fabrício Noronha, não informou ainda quando a reforma no centro cultural vai começar, nem quanto tempo ela deve durar. No entanto, adiantou que a obra deve custar cerca de R$ 7 milhões ao governo estadual. "Faremos, num primeiro momento, uma reforma estruturante do espaço, toda a parte interna e externa. Requalificando também o teatro, que é um equipamento importante que está ali dentro do complexo e, com certeza, com atividades que envolvam a formação nas artes cênicas e também no audiovisual", ressaltou o secretário.

O complexo, localizado no bairro Mário Cypreste, em Vitória, foi inaugurado há 34 anos. Apesar de pertencer à União, o imóvel é administrado pela prefeitura da capital desde 2010. No entanto, o governo do Estado também utiliza o espaço. Parte do Carmélia é usado pela TV Educativa, a única atividade em prática nele atualmente.

No início do ano, o governo federal demonstrou interesse em transformar o Carmélia em um armazém de café. A mercadoria atualmente é armazenada nos galpões do Instituto Brasileiro do Café (IBC), localizados em Jardim da Penha, Vitória, e administrados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

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A ideia de usar o Carmélia como armazém de grãos era sustentada pelo governo federal até a semana passada, já que parte dos galpões do IBC deve ir a leilão ainda este ano — a outra parte deve ser cedida ao Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), para que seja transformada em espaço de fomento à tecnologia. No entanto, na quarta-feira, a União sinalizou, ainda que de maneira informal, que pretende aceitar o pedido do governo do Estado para administrar o centro cultural. O pedido foi encaminhado ao governo federal no último dia 5.

"No começo do ano, no primeiro trimestre, o governo federal anunciou que teria interesse da área de volta e, desde então, a gente tem dialogado, junto com a prefeitura também. Então conseguimos reverter e esperamos, o mais breve possível, entregar para a comunidade o espaço", frisou Noronha.

Abandono

Com mais de 4 mil metros quadrados de área construída, o Teatro Carmélia já foi palco de diversas atividades. O historiador e professor Walace Bonicenha fala com saudades da época de ouro do primeiro centro cultural de Vitória.

"Ali funcionava o teatro José Carlos de Oliveira, que na época era considerado o melhor palco de apresentação do estado. As salas de cinema, que funcionavam como cinemas alternativos e traziam vários públicos, principalmente universitários. Galeria de arte, biblioteca, espaço da Orquestra Sinfônica", lembrou.

No entanto, o complexo cultural foi castigado pelo tempo. A pintura precisa de retoques até na fachada, as calhas estão tomadas pelo mato, parte do muro desabou e o pátio virou depósito de contêineres. "Triste é ver o abandono da nossa cultura, o abandono da nossa arte. Porque é mexer com a nossa identidade", lamentou Bonicenha.

"O bacana é fazer e crer a essa geração que nós capixabas temos uma das mais belas histórias desse país. Nós temos um acervo muito grande, que precisa ser trabalhado, ser aberto. Nós não podemos ter essa quantidade de monumentos fechados", completou o historiador.

A produção da TV Vitória/Record TV questionou à Prefeitura de Vitória, que atualmente administra o espaço do Carmélia, sobre o motivo do abandono. Por meio de nota, a administração municipal informou que o imóvel recebe manutenção constante. Disse também que fez projetos para local, mas a União negou. Sobre os contêineres que estão no local, a prefeitura afirmou que eles serão retirados em breve.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV

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