CORONAVÍRUS

Geral

Uso do transporte público na Grande Vitória sobe para 55% em relação ao início da pandemia

Flexibilização das atividades econômicas e retorno ao trabalho presencial ajudou a aumentar a quantidade de passageiros nos coletivos da região metropolitana

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória

As medidas de flexibilização do funcionamento das atividades econômicas e o retorno de alguns trabalhadores às suas atividades presenciais resultaram em um maior uso do transporte coletivo na Grande Vitória. O aumento do número de usuários do sistema é visível no dia a dia, não sendo difícil presenciar ônibus cheios circulando pela região metropolitana. 

De acordo com o governador Renato Casagrande, a quantidade de passageiros que hoje utilizam os coletivos do sistema Transcol subiu para 55% do total de usuários registrados antes da pandemia do novo coronavírus. Durante o período de maior isolamento social no estado, esse montante girava em torno de 30% a 40% do habitual. No entanto, o governador ressalta que a frota atualmente em circulação tem capacidade para atender à demanda.

"Chegamos a 55% de passageiros, comparado com o início de março deste ano. Houve um aumento, mas nós estamos com a frota quase toda completa. Tem alguns momentos e algumas linhas que ainda têm um congestionamento, mas nós estamos tomando as medidas pontualmente em cada linha", ressaltou. 

Na última segunda-feira (03), foram colocados em circulação mais 100 ônibus, subindo para 1,2 mil o total de coletivos em operação. Por outro lado, mais pessoas, que até então estavam trabalhando no sistema de home office, estão tendo que sair de casa e retornar para seus locais de trabalho. O próprio governo do Estado, por exemplo, publicou um decreto, na semana passada, determinando que pelo menos 50% dos servidores estaduais de cada setor deveriam estar trabalhando de maneira presencial.

"A partir do momento em que as pessoas são convocadas para retornar a seus locais de trabalho, é preciso que se dê a elas condições de irem exercer suas atividades sem que isso seja um risco para elas. O ideal seria que houvesse mais ônibus à disposição da população, principalmente nos horários de pico", destacou a doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel.

>> Passageiros relatam demora, lotações e até brigas em ônibus do Transcol durante a pandemia

Foto: Reprodução
Casagrande garantiu que o governo tem tomado todas as providências possíveis para reduzir os riscos de contaminação nos ônibus

Casagrande admite que é difícil evitar aglomerações no transporte público, mas garante que o governo do Estado tem feito o possível para diminuir os riscos de contaminação pelo coronavírus tanto nos coletivos quanto nos terminais.

"Montamos um serviço de videomonitoramento para a gente poder controlar com um sistema de áudio, distribuímos máscaras, remarcamos os pontos onde as pessoas podem fazer a espera para embarcar no ônibus, mantendo uma distância. Os ônibus saem do terminal com as pessoas sentadas, mas eu sei que, nas vias, é difícil o motorista não parar para que as pessoas possam entrar. Então estamos tomando todas as medidas onde é possível tomá-las", afirmou. 

"O transporte público não é um sistema fácil de a gente controlar completamente. A demanda no transporte público, em todos os lugares do mundo, na hora do rush, sempre é muito grande. O dimensionamento da frota não pode ser na hora do rush, senão o sistema não fica economicamente de pé. Tem que ser um dimensionamento médio", acrescentou o governador.

Usuários frequentes

A última etapa do inquérito sorológico realizado pelo governo do Estado, cujo resultado foi divulgado na última segunda-feira, constatou que a maior parte das pessoas que testaram positivo para o coronavírus é composta por usuários frequentes do transporte público — constatação feita também em outras fases do inquérito. 

De acordo com o levantamento, a maioria dos infectados disse que utiliza o serviço pelo menos três vezes por semana. O tempo médio dessas pessoas no transporte coletivo é acima de 30 minutos e, especialmente, acima de 60 minutos, segundo o estudo.

Ethel Maciel afirmou que o interior dos ônibus é um importante local de transmissão da covid-19. "Nos coletivos temos aquelas barras em que as pessoas seguram, que são feitas de aço inox. E alguns estudos já mostraram que o vírus é capaz de permanecer por até três dias em superfícies de aço inox. Certamente esses ônibus devem passar por uma limpeza durante a noite, mas ao longo do dia fica difícil fazer uma limpeza correta nesses veículos, já que eles estão em movimentação. Além disso, tem a questão da aglomeração. O ideal seria que todas as pessoas ficassem sentadas e que nem todas as cadeiras fossem ocupadas, mas a gente sabe que não é isso que acontece", frisou. 

Ministério Público

Para tentar diminuir o risco de disseminação do novo coronavírus dentro do transporte coletivo, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio das Promotorias de Justiça da Saúde, do Consumidor e do Meio Ambiente e Urbanismo de Vitória, encaminhou ofícios para a Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) e para a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES), além de seus respectivos gestores, para que fossem relacionadas todas as medidas de combate à contaminação da covid-19 no sistema Transcol que foram e que estão sendo implementadas. Também foi solicitada informação sobre os prazos para a conclusão dessas medidas.

Além disso, durante uma reunião virtual entre os promotores de justiça e o secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Damasceno, realizada no dia 1º de julho, ficou acertado que a Semobi apresentaria um protocolo para combater a contaminação da covid-19 no transporte coletivo. Esse protocolo seria elaborado com a participação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

>> Governo do Estado diz que adotou medidas contra a covid-19 nos coletivos; MPES questiona

>> Governo do Estado não cumpre prazo dado pelo MPES para resolver lotações em ônibus

O Ministério Público informou, por meio de nota, que recebeu no dia 30 de julho as respostas encaminhadas pela Semobi e pela Ceturb-ES, com o detalhamento das ações que estão sendo realizadas no sistema Transcol. O MPES Informou ainda que recebeu uma cópia da portaria conjunta, entre a Semobi e a Sesa, que instituiu o protocolo das medidas necessárias para enfrentamento do novo coronavírus no transporte coletivo da Grande Vitoria. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado do dia 30 de julho.

O órgão afirmou ainda que, após analisar as respostas enviadas, está elaborando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) referente ao tema, para evitar a judicialização do caso.

Já a Semobi informou, também por nota, que já implementou a maior parte das medidas que estão no protocolo enviado ao Ministério Público, incluindo a portaria elaborada em conjunto com a Secretaria de Saúde.

Pontos moeda