JULGAMENTO DO CASO MILENA GOTTARDI

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Acusado de dar fuga ao atirador de médica pode ser inocentado, acredita advogado de defesa

O julgamento dos seis réus envolvidos na morte de Milena Gottardi está no oitavo dia e a sentença pode ser definida ainda nesta segunda-feira

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

O oitavo dia de julgamento do caso Milena Gottardi, que começou por volta das 9h30 desta segunda-feira (30), pode ser também o último. De acordo com advogados e promotores, a votação do juri pode ocorrer ao final do dia. A defesa de Bruno Broetto disse acreditar na absolvição do réu.

Bruno é acusado de dar fulga ao réu Dionathas, que confessou ter atirado em Milena. O advogado Leonardo da Rocha Souza, que representa ambos os réus disse satisfeito com o que conseguiu mostrar em sua tese de defesa.

"Acho que conseguimos desconstruir todas as ilações e as afirmações que tinham em desfavor do Bruno. A expectativa real da defesa com relação a que ele saia absolvido deste julgamento" disse.

Quanto ao Dionathas, a defesa afirmou que, certamente, será atacado pelos advogados que respondem pelos outros réus. 

"Ele já é um réu confesso. As defesas vão tentar partir para o ataque, colocando a culpa única e exclusivamente no Dionathas e tentando eximar os clientes deles. É uma estratégia já previsível de desconstruir as afirmações do Dionathas. As informações que foram trazidas por ele foram determinantes e importantes, mas que foram confirmadas pelos demais elemento das provas", afirmou.

Família de Milena está confiante na condenação dos réus

Para o advogado Renan Sales, assistente de acusação e que representa a família da médica, há uma certeza da condenação dos réus. Para ele, o júri vai perceber que o interrogatório dos réus foi de mentiras, como ele citou.

"A família está confiante na condenação dos seis réus. Não há dúvida alguma pra gente de que todos são os responsáveis pela morte da doutora Milena. As provas que foram colhidas durante todo o processo demonstram isso. As testemunhas ouvidas nessa audiência e os próprios interrogatórios, com exceção do Dionathas, todos desmascarados durante esses dias", disse.

"O próprio interrogatório do réu Hilário Frasson foi completamente desmascarado quando comparado com todo o conjunto probatório do processo. Acredito, sinceramente, que os jurados viram o quão foi mentiroso aquele depoimento. Aquelas lágrimas, o quanto ele mentiu quando se manifestou do seu interrogatório. Então eu acho que os jurados vão condená-los e acredito, sinceramente, na pena máxima, 30 anos é o que a gente espera", complementou.

Setença pode sair nesta segunda-feira

Mesmo sem previsão de horário, a expectativa ´e de que a votação do júri e a sentença do julgamento aconteçam ainda nesta segunda-feira. Segundo o promotor do Ministério Público Leonardo Augusto Cezar, tudo vai depender do andamento do debate entre defesa e acusação.

"Depois das apresentações das defesas dos réus, de 1h15 cada, há a possibilidade de o Ministério Público ir à réplica e depois eles voltam à tréplica. Por conta do acordo em relação a quantidade de tempo para falar, não sabemos ainda quanto será o tempo de uma possível réplica e tréplica. Ainda temos algumas provas que não mostramos ontem (domingo) por conta do tempo", explicou.

O promotor ainda esclareceu que, caso não haja réplicas e tréplicas, o júri vai formar a sala secreta para realizar a voltação. Na sequência, o juiz analisa os votos que pode condenar ou inocentar os réus e aplica a sentença.

"Por conta da quantidade de réus e da quantidade de requisitos que vão ser formulados, eu acredito que uma hora uma a duas horas depois que acabar o debate para ter uma sentença", disse.

Defesa de Valcir é a primeira a falar nesta segunda

Foto: Reprodução

A advogada Ilsa Maria Ângela Ribetti, que defende o réu Valcir da Silva Dias, apontado como um dos intermediários, falou que ele matém uma ficha limpa e que os jurados não podem ser influenciados pelo que foi divulgado na mídia.

"Valcir passou a vida toda sem responder a nenhum crime, nenhum registro de conduta criminosa. Peço que os jurados não se deixem levar pelo clamor social e pelo que foi mostrado na mídia. Somente os jurados podem julgar. Espero que não cometam o mesmo erro de julgar, assim como Jesus foi julgado e condenado injustamente", afirmou.

Ela ainda destacou que o réu sempre viveu uma vida simples e não tem estudo.

"Em 50 anos de vida, Valcir não teve nenhuma diferença na curva. Um homem sem estudo, que viveu trabalhando no campo, que trabalha desde os 10 anos de idade. Ele conseguiria passar pela vida inteira sem uma curva na vida? Este homem não tem posses e nem bens. Nem mesmo uma bicicleta", destacou.

A defesa ainda destacou que Valcir não tinha amizade íntima com Hilário e não teve o mesmo tratamento que os demais réus.

"Entraram na casa dele três vezes, quebraram tudo. Quebraram o guarda-roupas da mãe dele. A única coisa que encontraram com ele foi um celular que não passava de R$ 100. Um homem que tem a vida voltada para o crime, que tem atividade mercenária como foi dito, não tem um carro, uma moto, roupas caras, não tem um celular", disse.

A advogada disse que houve contradições no depoimento de Dionathas e que alguns detalhes que ela dá, foram somente passados pelos réus Valcir e Hermenegildo em depoimento à polícia e que não teria como Dionathas saber tais detalhes.

No primeiro depoimento de Dionathas à policia ele disse que era amante de Milena e que por isso, teria cometido o crime. Depois, ele mudou a versão do primeiro depoimento e contou como o crime foi tramado e quem encomendou a morte de Milena. A advogada Ilsa trás essas contradições no depoimento de Dionathas para dizer que as falas dele são mentirosas.

Ela pediu que Valcir seja inocentado pelos jurados e que, caso seja condenado, não caiba na pena dele a qualificadora de feminicídio e o recebimento de dinheiro para cometer o crime.

Já a advogada Marli Batista, que também representa o réu Valcir, questionou a sanidade mental de Dionathas durante a tese de defesa.

"Uma pessoa que ataca o caráter de alguém como a médica Milena. Eu conheço a importância de uma médica oncologista como Milena, e diz que ficou com ela? Uma pessoa dessas é normal? Como você é contratado para cometer um crime se você não tem nenhuma arma? O advogado dele disse em entrevista logo após a prisão de que o cliente precisava de R$ 2 mil para fazer uso de drogas porque era viciado. Como que uma pessoa dessas está bem de suas faculdades mentais? Como isso não foi questionado durante o processo?", questionou.


*Com informações de Mayra Bandeira


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