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Incêndio em casa de Aracruz foi causado por fios elétricos irregulares de fábrica interditada

Polícia Civil afirma que curto-circuito em residência aconteceu devido à instalação que usou material produzido por empresa da Serra

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Marcelo Pereira / Folha Vitória

Um incêndio num circuito elétrico de uma casa em Aracruz, ocorrido na última quarta-feira (11), foi causado por fios e cabos irregulares produzidos por uma empresa da Serra, interditada pela Polícia Civil na Operação Elétron. O empresário responsável, morador da Praia do Canto, em Vitória, está preso.

A operação da polícia, integrada com a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa e com o Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (IPEM-ES), apreendeu cerca de 40 mil metros desses fios revendidos por 10 estabelecimentos nas cidades de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica nesta quinta-feira (19). 

As informações foram repassadas durante coletiva de imprensa, na sede do IPEM-ES, em Vitória, na tarde desta quinta. O delegado Eduardo Passamani, titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor, informou que não houve vítimas em Aracruz mas o susto foi grande. 

"O dono da casa estava dando banho nos dois filhos pequenos no momento em que começou o incêndio na caixa do disjuntor elétrico, com a fiação derretendo. Ele já havia notado, anteriormente, que havia problemas de aquecimento no fio do ar-condicionado", descreveu.

O delegado afirmou que a situação ultrapassa o contexto de crime contra o consumidor, sendo muito mais grave. 

"Vender e distribuir esse material representa um verdadeiro risco à vida de inúmeras pessoas pois estamos registrando casos que esses fios e cabos causam superaquecimento da rede de energia, gerando incêndios como este de Aracruz", destacou. Ele disse que houve ainda incêndios com o envolvimento do material fabricado na Serra em dois registros no Mato Grosso. A irregularidade dos fios também foi identificada pelo Instituto de Pesos e Medidas do Amazonas. 

Marcelo Pereira / Folha Vitória
Marcelo Pereira / Folha Vitória
Marcelo Pereira / Folha Vitória
Marcelo Pereira / Folha Vitória

Prefeitura da Grande Vitória usava o material na rede de iluminação

Além da apreensão, os agentes interromperam a instalação do material dessa marca na rede de iluminação de uma prefeitura da região metropolitana. O delegado preferiu não informar qual município. "Se trata de uma empresa terceirizada contratada por esta prefeitura e iremos verificar também", acrescentou.

A Polícia Civil irá investigar as lojas que comercializaram fios e cabos elétricos considerados irregulares pelo Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (IPEM-ES) dentro da nova etapa da operação Elétron. 

"O que vamos verificar, nesta nova fase, é se o responsável pelo estabelecimento tinha conhecimento de que esses produtos eram irregulares e representavam risco e mesmo assim insistiu na venda", explicou Passamani.

Os agentes continuarão fiscalizando se lojas de material de construção irão revender os fios e cabos da marca investigada. A população pode denunciar a venda de produtos irregulares pelo telefone 181.

Foto: Marcelo Pereira / Folha Vitória
Delegado Eduardo Passamani (esq.) e diretor-presidente do IPEM-ES, Rogério Pinheiro, informaram que as investigações irão continuar 

Consumidor deve procurar o IPEM-ES

A investigação da Operação Elétron teve início em 2020 quando vários consumidores reclamaram de um súbito aumento da conta de energia elétrica no Procon. Ao fazer as análises, os investigadores descobriram que as residências possuíam a mesma marca de fios e cabos elétricos. 

Foi aí que entrou a participação do  Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (IPEM-ES), que realizou análises desses materiais. De acordo com laudos, os fios e cabos produzidos pela empresa eram fabricados com uma quantidade menor de matéria-prima que o necessário. Isso fazia que o consumo de energia aumentasse, o que poderia gerar riscos de aquecimento, curtos circuitos e até incêndios.

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O diretor-presidente do IPEM-ES, Rogério Pinheiro, que também participou da operação, disse que foi utilizado um aparelho chamado de micromimetro, para fazer a análise. O aparelho conclui que os componentes dos fios não tinham resistência suficiente à corrente elétrica que transportavam o que gerava superaquecimento e prejuízo com consumo maior de energia.

Ele recomenda que, ao lidar com rede elétrica, o consumidor deve contratar um profissional especializado. "Um profissional gabaritado consegue identificar problemas no material", esclarece.

Pinheiro informa que empresas e lojas que adquiriram os fios e cabos elétricos da marca da fábrica da Serra podem requisitar análise do IPEM-ES. "Para requisitar o teste, basta ligar para 0800 039 11 12. O material será recolhido e no prazo de 30 dias sairá o resultado", informa.

Outro lado

A empresa foi procurada pela reportagem para se manifestar. A representante comercial, por telefone, informou que não teria nada a declarar.

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