JULGAMENTO DO CASO MILENA GOTTARDI

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Médica que presenciou o crime diz que Milena Gottardi sentiu que "tudo havia se acabado para ela"

Primeira testemunha a depor no segundo dia do julgamento contou detalhes dos últimos momentos de Milena Gottardi antes de ser atingida pelos disparos

Foto: TV Vitória

A primeira testemunha a depor no segundo dia de julgamento do caso Milena Gottardi foi a médica Maria Isabel Lima dos Santos. Ela estava com a vítima e presenciou os momentos que antecederam e, também, a execução do crime.

A testemunha iniciou o depoimento sendo interrogada pelo juiz Marcos Pereira Sanches, que preside o júri, e contou, com riqueza de detalhes, tudo o que ocorreu no início da noite do dia 14 de setembro de 2017, dia do crime.

Minutos antes do assassinato, Milena foi até a sala onde a testemunha estava e começou a conversar, aguardando o horário para registrar o ponto de saída do trabalho.

Quando chegou o horário, elas foram até o relógio de ponto e, posteriormente, Maria Isabel resolveu acompanhar a vítima até o local onde estava o carro estacionado, por ser pouco iluminado.

Quando elas estavam chegando perto do carro, viram um rapaz no local e Milena afirmou que estava com medo e achou a situação suspeita. Elas se afastaram um pouco e ficaram observando.

Como o então suspeito estava apenas usando o celular, elas pensaram que ele estaria aguardando algum funcionário na saída do trabalho e decidiram seguir para o veículo de Milena.

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De acordo com a testemunha, Milena colocou a bolsa no porta-malas. Foi quando o rapaz chegou, anunciou o assalto e pediu o celular e a chave do veículo. Ela contou que Milena estava com medo e percebeu na hora que tudo havia se acabado para ela.

A testemunha viu quando Milena entregou algo, mas não se lembra se foram os dois objetos. Logo depois, o suspeito ordenou que elas entrassem no carro. Neste momento, segundo a testemunha, ele gritou e parecia nervoso. Foi quando o criminoso atirou três vezes em Milena e fugiu em uma moto. 

Maria Isabel relatou que quando percebeu que o suspeito já estava distante, se levantou e chamou por Milena, imaginando que ela estivesse deitada para se proteger. Como ela não esboçou reação, chamou por socorro. 

Já no hospital, poucos minutos após os disparos, algumas pessoas sugeriram que Hilário não fosse avisado, já levantando a hipótese de que ele poderia ter participado. 

Ao ser questionada sobre os primeiros depoimentos após o crime, a testemunha ficou nervosa, pois não tinha certeza das características, por ter sido algo rápido.

A médica Maria Isabel também relatou que, após o crime, comentou com os colegas sobre o suposto assalto, dizendo que nada fazia sentido. No entanto, quando leu a carta deixada por Milena, percebeu que havia sentido em tudo. Comentários de colegas eram de que aquilo não era um assalto.

Questionada pelos promotores de Justiça sobre a relação de Milena e Hilário, a testemunha afirmou que a colega de trabalho relatava que não gostava de como o ex-policial civil tratava as crianças em casa.

O depoimento começou às 10h05 e terminou por volta de 11h40. Para este segundo dia de julgamento, há expectativa de que o irmão de Milena, Douglas Gottardi seja ouvido.

Julgamento pode durar uma semana

Foto: Iures Wagmaker / Folha Vitória
Chegada dos réus, sob forte esquema de segurança

O julgamento dos réus, de acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, pode, inicialmente, ter a duração de uma semana.

As etapas dos trabalhos podem durar mais tempo devido ao número de réus e de testemunhas. Serão 29 ao todo, sendo 19 convocadas pelas defesas dos acusados e 10, pela acusação.

Estão no banco dos réus Hilário Frasson, Esperidião Frasson, Dionathas Alves, Hermenegildo Palauro Filho, Valcir da Silva Dias e Bruno Broetto.

Ao chegar no Fórum de Vitória nesta terça, a mãe de Milena Gottardi, Zilca Maria Gottardi, falou sobre a decisão de deixar o júri após a entrada dos réus no primeiro dia de julgamento. 

O advogado de defesa de Hilário Frasson, Rodrigo Bandeira de Melo, também conversou com a imprensa antes de entrar para o julgamento.

Ele destacou que o primeiro dia foi marcado por depoimentos emocionantes e espera um julgamento tranquilo e respeitoso. 

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No primeiro dia do julgamento, nesta segunda-feira (23), a movimentação em frente ao Fórum Criminal de Vitória começou bem cedo, por volta das 7h30. Familiares da médica usaram camisas e faixas pedindo justiça.

Além disso, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) também fizeram uma manifestação no local.

O júri é composto por quatro mulheres e três homens. A definição do corpo de jurados não foi nada tranquila no momento do sorteio.

Dez mulheres foram recusadas pelos advogados de defesa. Houve ainda três recusas de homens. Os promotores do Ministério Público Estadual aceitaram a justificativa de um homem que não quis participar.

Houve ainda duas dispensas, pois uma mulher tinha um familiar envolvido no processo e outra foi dispensada por problemas médicos.

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