JULGAMENTO DO CASO MILENA GOTTARDI

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Polícia identificou 63 ligações entre Hilário e suspeito de intermediar morte de médica

No depoimento, o investigador da Polícia Civil revelou também que foram identificadas 68 ligações entre o pai de Hilário e Valcir da Silva, além de outras 310 chamadas entre Valcir e Hermenegildo Palauro

Foto: Reprodução TV Vitória

O julgamento dos acusados de participarem do assassinato da médica Milena Gottardi continua no Fórum Criminal de Vitória. O segundo a depor, nesta terça-feira (24), foi o investigador da Polícia Civil Igor de Oliveira Carneiro. Ele foi ouvido por cerca de duas horas e meia, entre 11h50 e 14h20.

No depoimento, o policial deu detalhes sobre as ligações telefônicas realizadas pelos acusados e interceptadas pela perícia da Polícia Civil. De acordo com o investigador, foram identificadas 63 chamadas entre Hilário Frasson, acusado de ser o mandante do crime, e Valcir da Silva, um dos intermediários.

Ao longo do depoimento, o investigador revelou ainda que foram encontradas 68 chamadas entre o pai de Hilário, Esperidião Frasson, e Valcir, além de 310 ligações entre os intermediários do crime, Valcir e Hermenegildo Palauro.

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Carneiro informou que no aparelho de Hilário foram encontrados registros das ligações realizadas nos dias anteriores ao crime. Dentre elas, houve chamadas para Milena, para o pai e para Valcir.

Um dia antes do crime, Hilário teria apagado o contato de Valcir do próprio celular e, após a morte de Milena, ele teria trocado de linha e de aparelho.

No depoimento, Carneiro não confirmou se houve registros de ligações realizadas por Hilário para Valcir ou Hermenegildo após o assassinato de Milena Gottardi. 

As chamadas telefônicas entre os réus foram rastreadas por meio de uma Estação Rádio Base (ERB). O sistema é capaz de descobrir onde a pessoa estava por meio do acionamento das torres do celular, usando a tecnologia 4G. 

Defesas dos réus justificou as ligações realizadas 

O advogado de Hilário justificou as ligações registradas entre o acusado e outros apontados por envolvimento no crime. Segundo a defesa, Hilário é fundador de um clube de cavalos e estava em negociação com um dos réus para comprar um cavalo e, por isso, as constantes ligações registradas.

A defesa de Esperidião, por sua vez, contestou as informações referentes ao rastreamento do aparelho celular do acusado, pois os dados do inquérito policial colocavam o réu em locais diferentes em poucas horas. 

O documento apontava que, em determinado dia, Esperidião estaria no distrito de Timbuí, em Fundão, e poucas horas depois na região de Maria Ortiz, em Vitória. Durante o depoimento, o investigador pediu para ver os extratos das ligações e de geolocalização e confirmou que naquele trecho do documento havia equívocos.

Participação de Bruno Broetto 

As ligações interceptadas pela perícia da Polícia Civil apontam conversas entre Valcir e Bruno Broetto, acusado de roubar a moto usada por Dionathas Alves (denunciado como executor de Milena) no dia do crime. Segundo o advogado de defesa de Bruno e Dionathas, foram feitas 16 ligações entre Valcir e Bruno durante nove meses.  

O advogado questionou o investigador se era possível concluir que Bruno estava ciente que a moto seria usada no assassinato da médica. O investigador afirmou que não era possível chegar a essa conclusão por meio das ligações interceptadas. 

A participação de Bruno no caso, segundo o investigador, é baseada no depoimento que Dionathas deu à polícia. O depoimento do acusado de matar Milena foi questionado pela defesa, já que ao longo das investigações o réu deu versões diferentes sobre o ocorrido.

A defesa de Bruno trabalha com a hipótese de que ele não tinha ciência de que a moto roubada seria usada em um homicídio. 

Réus escreveram perguntas durante depoimento do investigador

Durante o depoimento do investigador Igor de Oliveira Carneiro, Hilário e o pai escreveram mensagens para os advogados de defesa. Eles escreveram perguntas para que os advogados fizessem para as testemunhas. 

O Tribunal de Justiça informou que a comunicação entre os réus e seus advogados de defesa é permitida ao longo de todo o julgamento.

Entenda a participação dos acusados na morte de Milena

Foto: Arte/ Júlio Lopes

Julgamento do caso pode durar uma semana

O julgamento dos réus, de acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, pode, inicialmente, ter a duração de uma semana.

As etapas dos trabalhos podem durar mais tempo devido ao número de réus e de testemunhas. Serão 29 ao todo, sendo 19 convocadas pelas defesas dos acusados e 10, pela acusação.

Estão no banco dos réus Hilário Frasson, Esperidião Frasson, Dionathas Alves, Hermenegildo Palauro Filho, Valcir da Silva Dias e Bruno Broetto.

Ao chegar no Fórum de Vitória nesta terça, a mãe de Milena Gottardi, Zilca Maria Gottardi, falou sobre a decisão de deixar o júri após a entrada dos réus no primeiro dia de julgamento.

O advogado de defesa de Hilário Frasson, Rodrigo Bandeira de Melo, também conversou com a imprensa antes de entrar para o julgamento.

Ele destacou que o primeiro dia foi marcado por depoimentos emocionantes e espera um julgamento tranquilo e respeitoso.

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No primeiro dia do julgamento, nesta segunda-feira (23), a movimentação em frente ao Fórum Criminal de Vitória começou bem cedo, por volta das 7h30. Familiares da médica usaram camisas e faixas pedindo justiça.

Além disso, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) também fizeram uma manifestação no local.

O júri é composto por quatro mulheres e três homens. A definição do corpo de jurados não foi nada tranquila no momento do sorteio.

Dez mulheres foram recusadas pelos advogados de defesa. Houve ainda três recusas de homens. Os promotores do Ministério Público Estadual aceitaram a justificativa de um homem que não quis participar.

Houve ainda duas dispensas, pois uma mulher tinha um familiar envolvido no processo e outra foi dispensada por problemas médicos.

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