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VÍDEO | Baleia morta em praia da Serra é removida com apoio de escavadeira

"Não só foi dada uma destinação ao problema, como também ao próprio esqueleto do animal, que servirá à continuidade dos estudos pós-morte", disse estudioso

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Instituto Orca

Dias após o encalhe de uma baleia-jubarte em Praia Mole, na região de Carapebus, na Serra, a carcaça do animal foi totalmente removida do local nesta quinta-feira (11). Desde domingo (07) a baleia foi avistada por banhistas e moradores que reclamavam do mau cheiro que ficou no local. Apesar disso, as condições da maré e o difícil acesso de grandes máquinas na localidade dificultaram a remoção em mais curto prazo.

Sobre o assunto, o fundador e diretor do Instituto Orca, Lupércio Barbosa, explicou que não só foi dada uma destinação ao problema, como também ao próprio esqueleto do animal, que servirá à continuidade dos estudos pós-morte, com, inclusive, uma possível exposição do esqueleto de forma completa com finalidade didática, o que é raro de acontecer, já que por vezes as carcaças chegam incompletas.

“Apesar de ter sido demorado o processo de retirada, por algumas variáveis, como maré alta e falta de equipamentos, o que acabou atrapalhando até a própria necrópsia, agora as coisas se concatenaram. Tivemos ajuda da prefeitura e da ArcelorMittal, que forneceu uma retroescavadeira que foi fundamental. O restante da carcaça foi enterrada, que são os restos cortados, em faixa de areia onde o mar não alcança, ou seja, no local próprio, de forma adequada, sem que possa causar problemas futuros, inclusive aos moradores”, resumiu.

Segundo o pesquisador, procurou-se amenizar qualquer impacto e, também por isso, foi trazido um especialista da rede de encalhes do Ceará, que chegou nesta quinta (11). 

“Ele é especialista na montagem do esqueleto e foi determinante para a conclusão. Tivemos uma equipe muito grande e isso deve servir de exemplo para futuros encalhes, podendo contar com o envolvimento do poder público e do terceiro setor, com o objetivo de colaborar. As coisas foram se resolvendo de forma como nunca foi feito aqui no estado”, acrescentou.

Foto: Divulgação/Instituto Orca

Barbosa comentou ainda que o esqueleto, além de servir à continuidade dos estudos, deve fazer parte de uma futura exposição. “Durante uma necrópsia não é comum, em nenhum local do mundo, separar todo o esqueleto. Isso demanda tempo, equipamento. Aqui no Espírito Santo a gente nunca tinha recolhido durante a necrópsia. Fazendo esse procedimento a gente pode aprofundar os estudos desde já. Foi uma operação de sucesso e parabenizo os envolvidos”, disse.

Preservação do ecossistema

A comunidade conseguiu manter a restinga preservada, como explicou Lupércio. Segundo o ativista, a máquina não tirou sequer um galho do lugar, conforme o recomendado.

“Fica um cheiro ainda no local, talvez por uma semana, de acordo com os ventos. Alguns danos não são remediados imediatamente, mas quanto mais precocemente agir, melhor. Mas ali havia um acesso ruim de máquina e a operação só foi possível porque a Arcelor disponibilizou uma máquina grande e veio por dentro da área da empresa, saindo direto na praia”, contou.
Foto: Divulgação/Instituto Orca

O impacto que infelizmente não tem muita resolução, é do óleo que desprende da carcaça e acaba matando alguns seres invertebrados. “O óleo vai boiando, é leve, e ao longo dos dias foi se soltando. Isso é impactante a alguns invertebrados, como os pepinos-do-mar. Esse óleo penetra e eles morrem sufocados”, explicou o especialista.

Motivação do encalhe

Como não se passou sequer uma semana desde o encalhe, ainda é precoce falar em motivação, disse o biólogo. Mas ele adiantou que, ao examinar o animal, excetuando-se uma fratura na mandíbula, que pode ter sido provocada até por uma pancada em alguma pedra, não foi vista evidência clara da causa da morte.

“O que nos perguntamos é: será que as baleias estão tendo problemas de nutrição, com dificuldade de achar os pequenos crustáceos que as alimentam? Apesar de a desnutrição não ser visível externamente, pode comprometer o estado nutricional e imunológico do animal. Esta hipótese vem sendo estudada”, afirmou.
Foto: Divulgação/Instituto Orca

Também segundo Lupércio, o animal é considerado um “sub-adulto” pelo tamanho dos ossos. Ou seja, não pode ser chamado de juvenil, nem de adulta ainda, segundo é estimado. “Ele tinha 12 metros de comprimento, mas com ossos pequenos. Isso poderia indicar até uma anomalia congênita, mas tudo isso ainda será avaliado”, contou.

Com o esqueleto já retirado do local do encalhe, agora ele será levado para uma base do Projeto Albatroz, uma Organização Não-Governamental que também trabalha com animais marinhos, situada no norte do Rio de Janeiro. “Será tratado para posteriormente montar o esqueleto para exposição ao público”, finalizou. 

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