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China muda medidas de câmbio após valorização recente do yuan

Redação Folha Vitória

Pequim - A China está começando a desfazer algumas medidas extraordinárias de câmbio, depois que a recente valorização do yuan começou a ter um impacto sobre os exportadores chineses. A partir de segunda-feira, o Banco do Povo da China (PBoC) eliminará uma regra que existe há dois anos e tornou mais caro para os traders apostarem que o yuan se desvalorizará, de acordo com um aviso do banco central enviado aos bancos comerciais na sexta-feira.

A mudança tornará mais barato para empresas e investidores comprarem dólares ao venderem o yuan e, assim, ajudará a controlar a alta da moeda chinesa nas últimas semanas, disseram traders e analistas. A iniciativa "vai afastar os riscos macro-financeiros", disse o aviso do banco central.

Além disso, de acordo com uma notificação separada do PBoC, a autoridade monetária também retirou a exigência de reserva para bancos estrangeiros em depósitos em yuan. Isso deve liberar mais recursos em yuans para o que é conhecido como o mercado de yuan offshore em Hong Kong, o que deve tornar mais fácil para os investidores estrangeiros apostarem contra o yuan. A exigência havia sido promulgada em janeiro de 2016.

Enquanto isso, funcionários familiarizados com as mudanças de política esperam que, no fim do mês, medidas para conter o investimento externo chinês e estabilizar o yuan sejam abandonadas. Essas medidas, segundo as empresas do país, resultaram em uma proibição quase total de seus esforços de investimento estrangeiro. Agora estão sendo substituídas por diretrizes formais emitidas pelo Conselho de Estado em agosto.

Essas novas diretrizes incentivam negócios estrangeiros em algumas áreas, como tecnologia, ao mesmo tempo em que desestimulam investimento em propriedades, esportes, entretenimento e outros setores. "À medida que as situações no mercado cambial melhoram, faz sentido retirar algumas dessas medidas temporárias", disse um dos funcionários do governo envolvidos na elaboração de políticas.

Ao desmantelar certos controles, Pequim está mudando de curso após um esforço iniciado há dois anos para evitar que o yuan se enfraquecesse muito rapidamente e para manter a confiança na segunda maior economia do mundo. Para isso, Pequim submeteu os investimentos no exterior a pesado escrutínio, fez com que apostar na queda do yuan ficasse mais caro para os traders e queimou US$ 1 trilhão em reservas cambiais nos últimos anos.

Mas o yuan começou a subir, dando nova dor de cabeça para o governo. Até agora este ano, o yuan mais que recuperou a queda de 6,6% em relação ao dólar no ano passado. Só na semana passada, subiu mais de 1,8% - o maior avanço semanal em quase 12 anos.

A valorização está começando a prejudicar o crescimento das exportações da China, tornando os produtos chineses mais caros e ameaçando destruir os lucros de muitos fabricantes que vendem para mercados estrangeiros. Isso pesa ainda mais sobre a economia que, mesmo crescendo de forma constante, pode enfrentar dificuldades com investimento privado anêmico, dívida corporativa pesada e preços fracos de propriedades.

"É realmente difícil entender por que o renminbi está subindo de repente", disse Pan Haisong, que administra uma companhia marítima internacional em Xangai. Renminbi, ou a moeda do povo, é o outro nome para o yuan. Pan, presidente da Shanghai Taijing International Freight, disse que muitos de seus clientes exportadores estão sentindo o fortalecimento do yuan. "Eles reduziram seus pedidos pelos meus serviços", afirmou.

Os dados aduaneiros divulgados na sexta-feira mostram que as exportações da China aumentaram 5,5% em agosto em relação a igual período do ano anterior, ritmo inferior ao aumento de 7,2% de julho e à previsão de crescimento de 6% dos economistas entrevistados pelo The Wall Street Journal. Embora os fabricantes chineses devam continuar a se beneficiar de uma recuperação da demanda global, economistas disseram que qualquer apreciação contínua do yuan reduziria a expansão das exportações chinesas.

Pequim ainda mantém forte controle sobre a moeda nacional - dos limites à capacidade das empresas e indivíduos chineses de sacar dinheiro até a definição da taxa oficial do yuan em relação ao dólar. A taxa oficial diária indica o caminho que Pequim quer que o yuan vá.

O aviso sobre depósitos emitido na sexta-feira pelo PBoC envolve uma norma promulgada em outubro de 2015 que exigia que os bancos separassem reservas para o Banco Central ao negociar um contrato a termo de câmbio. A reserva aumentou o custo de apostar contra o yuan.

A partir de segunda-feira, nenhum depósito será exigido para essa transação. "Agora, o PBoC está basicamente convidando investidores vendidos a ajudar a reduzir a valorização do yuan", disse um trader de moedas em um banco de Xangai.

Mesmo antes da mudança de sexta-feira, o aumento recente do yuan e seu impacto na economia começaram a tornar alguns investidores cautelosos. "Nós estamos neutros no yuan agora", disse Luke Spajic, chefe de gerenciamento de portfólio para mercados emergentes da Ásia no Pacific Investment Management. Fonte: Dow Jones Newswires.

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