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Ex-governador do Espírito Santo Albuíno Azeredo morre aos 73 anos

O governador Paulo Hartung lamentou a morte do ex-governador e decretou luto oficial de três dias no Estado

Albuíno Azeredo, de 73 anos | Foto: Reprodução/Facebook

Morreu na manhã deste domingo (16), o ex-governador do Espírito Santo Albuíno Azeredo, de 73 anos. Albuíno estava internado em um hospital no município de Vila Velha.

Azeredo foi governador do Estado entre os anos de 1990 e 1994. O governador Paulo Hartung lamentou a morte do ex-governador e decretou luto oficial de três dias no Estado.

Por meio de uma nota de pesar, Hartung informou que já entrou em contato com a família para providenciar todas as honras de Estado no sepultamento do ex-governador.

Biografia

Albuíno de Azeredo nasceu em Vila Velha no dia 21 de janeiro de 1945, filho de Albuíno Ferreira de Azeredo e de Normília Cunha de Azeredo.

Negro e de origem humilde, foi vendedor ambulante, quitandeiro, peão de pedreira e jogador de futebol no Atlético de Vitória. Mais tarde, trabalhou no Departamento de Água e Esgoto do Espírito Santo. Concluído o curso de engenharia na Universidade Federal do Espírito Santo, transferiu-se para o Rio de Janeiro e cursou informática e administração de empresas na Pontifícia Universidade Católica (1968-1969).

Ingressando na Companhia Vale do Rio Doce a convite de seu professor e dirigente da estatal, Eliezer Batista, aí exerceu os cargos de engenheiro de via permanente, chefe da divisão de engenharia civil, coordenador de duplicação e sinalização da Estrada de Ferro Vitória-Minas, e diretor da subsidiária Intervale S.A. Em 1977 fundou a sua própria empresa, a Engenharia e Estudos Ferroviários, que viria a ter escritórios em cinco estados do Brasil, além de uma representação em Londres, com faturamento mensal de um milhão de dólares.

Filiado desde 1970 ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instaurado no país em abril de 1964, com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979, e a consequente reformulação partidária, integrou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Foi secretário de Planejamento da Prefeitura de Cariacica (ES). Ao ser nomeado em 1988 secretário de Planejamento e Transportes do Espírito Santo pelo governador Max Mauro (1987-1991), desenvolveu o projeto Transcol, que organizou o transporte coletivo em Vitória.

No início de 1990, por indicação do ex-governador da Bahia e então deputado federal Waldir Pires, ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT) e candidatou-se a governador do Espírito Santo. Realizadas as eleições de outubro, derrotou José Inácio Ferreira, do Partido Social Trabalhista (PST), por 44 a 36% no primeiro turno, e 51 a 25% no segundo. 

Empossado em março de 1991, indicou seus sócios Saturnino e Arnaldo Mauro, irmãos do ex-governador Max Mauro, para os cargos de secretário de Educação e diretor do Departamento de Estradas de Rodagem. Em abril de 1991 foi acusado pela deputada federal Rita Camata de ter-se envolvido em um caso de concorrência fraudulenta durante sua gestão na Secretaria de Planejamento, além de nomear para cargos de segundo escalão parentes do ex-governador. 

Em setembro, apoiou publicamente o presidente da República Fernando Collor de Melo, defendendo um governo de coalizão centrado na revisão da dívida externa e no incentivo à educação pública e à agricultura. Em agosto do ano seguinte, no entanto, saiu às ruas de Vitória em passeata liderada por Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), pedindo o impeachment de Collor.

Em março de 1993, gastando apenas 5% no pagamento de dívidas, o Espírito Santo aplicaria 10% de sua receita em investimentos e na execução de três projetos prioritários: a recuperação da malha rodoviária, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no valor de 104 milhões de dólares; a criação de um serviço médico-odontológico móvel; e a recuperação de escolas.

Ainda em 1993, já rompido politicamente com seu antecessor Max Mauro em face das acusações mencionadas, Albuíno escapou de um processo de impeachment, rejeitado em maio pela Assembleia Legislativa capixaba. Desgastado perante a opinião pública, apoiou a candidata Rose de Freitas, que na disputa pela sua sucessão em outubro de 1994 ficou em último lugar. Em novembro, mesmo solicitado pela comissão designada pelo Ministério da Justiça para investigar o crime organizado no Espírito Santo, recusou-se a afastar o secretário de Segurança, Nício Lacorte, e três delegados, acusados de parcialidade na apuração de delitos cometidos por policiais civis e militares.

Depois de passar o governo do estado em 1º de janeiro de 1995 para Vítor Buaiz, candidato vitorioso do PT, dedicou-se a atividades de consultoria, atuando também nos setores de café, agroindústria, construção civil, construção pesada e venda de automóveis. Em outubro de 1998, à frente de uma coligação formada pelo PDT, o Partido Popular Socialista (PPS) e outras agremiações menores, tentou retornar ao governo estadual, mas foi derrotado no primeiro turno por José Inácio, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Em maio de 2000, assumiu o cargo de subsecretário de Transportes do estado do Rio de Janeiro, no governo de Anthony Garotinho, do PDT. No ano seguinte assumiu a presidência da Companhia Fluminense de Trens Urbanos (Flumitrens) e da Rio Trilhos, administradora do Metrô do Rio de Janeiro, cargos em que permaneceu até o final do mandato do então governador. 

Ainda em 2002 candidatou-se a deputado federal pelo Espírito Santo na legenda do PMDB e obteve uma suplência. Com a posse da nova governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, em janeiro de 2003, assumiu a presidência da Companhia Estadual de Engenharia, Transportes e Logística (Central) e a Secretaria de Transportes. Atuou então no Programa Estadual de Transportes (PET), programa com financiamento do Banco Mundial que previa a reforma de trens da frota do estado e a compra de mais 20 novas unidades. 

Ao assumir o governo do estado do Rio de Janeiro em 2007, Sérgio Cabral (PMDB) chegou a cogitar de sua permanência na Secretaria de Transportes, porém o escolhido foi deputado federal Júlio Lopes, do Partido Progressista (PP). Em 2009, Albuíno Azeredo fez diversas críticas aos projetos de expansão do metrô do Rio de Janeiro. Para o ex-secretário, os investimentos no sistema de transporte sobre trilhos ainda seriam bastante tímidos.

Professor do ensino médio, lecionou na Faculdade de Filosofia e na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Espírito Santo, e na Faculdade de Engenharia da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.

Albuíno foi casado com Valdiceia Peçanha de Azeredo e teve três filhos.

Com informações de FGV CPDOC.

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