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Ex-presidente do Uruguai, Mujica anuncia fim de carreira política

Atualmente no cargo de senador, Pepe Mujica afirmou que se afastará da política por questões de saúde

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram

O ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica (2010-2015) informou que deixará em breve o cargo de senador por motivos de saúde e por idade avançada. Ele explicou nesta segunda-feira, 28, que cumprirá o mandato até outubro e se retirará definitivamente da política por conta de uma doença imunológica crônica.

"Amo política e não quero ir embora, mas amo ainda mais a vida. E já que estou para ir embora, tento esticar os minutos que me restam. Que defeito, hein?", disse à imprensa o senador da Frente Ampla, coalizão de esquerda que governou o Uruguai entre 2005 e 2020, momentos antes de votar nas eleições locais, no domingo. O ex-presidente revelou que, por conta da doença imunológica, não poderá tomar uma vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) quando esta for disponibilizada.

Apesar de ele próprio ter insinuado antes que deixaria o Senado em outubro - pelo qual conquistou uma vaga nas eleições de 2019 - no domingo, ele comentou que, se puder, "deixará o cargo mais cedo". Ele havia renunciado ao cargo no Senado em 2018, alegando que "estava cansado da longa viagem" e se afastaria "antes de morrer de velho", mas decidiu voltar ao Congresso no ano passado.

"Estou prestes a sair por causa da minha idade, porque tenho uma doença imunológica crônica e é lógico que a política obriga as relações sociais. Se tenho de me cuidar, não posso falar, e não posso ir de um lado e para o outro, então estou como um mau senador", argumentou Mujica, que fez 85 anos em maio.

O ex-presidente, que fez campanha apoiando um dos três candidatos da Frente Ampla para a Prefeitura de Montevidéu, Álvaro Villar, dedicou especial atenção às eleições locais de domingo.

"Se o mundo continuar esse processo de globalização, as questões municipais provavelmente assumirão cada vez mais importância, enquanto as questões nacionais serão regidas por tratados e convenções internacionais", disse ele.

Cerca de 2,7 milhões de eleitores participaram da votação nos 7.130 centros para eleger os governantes de seus 19 departamentos (províncias) e 125 municípios para o período 2020-2025.

As eleições foram marcadas pela emergência sanitária pela qual passa o Uruguai desde 13 de março, quando foram detectados os primeiros casos de covid-19 no país sul-americano.

Essas eleições estavam marcadas para 10 de maio, mas, para evitar mais infecções em um dia de possível aglomeração, decidiu-se adiá-las até setembro. (Com agências internacionais)