Republicano consegue votos que podem confirmar indicação de Trump à Suprema Corte
As esperanças dos democratas de manter uma cadeira vazia na Suprema Corte dos EUA diminuíram nesta terça-feira, 22, com a decisão de três senadores republicanos moderados de apoiar uma ação rápida de votação do nome indicado por Donald Trump antes da eleição de 3 novembro.
Os democratas esperavam o apoio de Cory Gardner, do Colorado, que enfrenta uma dura disputa pela reeleição no Estado, e do senador de Iowa, Chuck Grassley, mas ambos disseram que votariam para confirmar a escolha de Trump para substituir a juíza Ruth Bader Ginsburg, que morreu na semana passada.
Uma esperança dos democratas era o senador republicano Mitt Romney, visto como um obstáculo à indicação de Trump por ter se indisposto com o presidente inúmeras vezes, inclusive votando para condená-lo no julgamento de impeachment.
Romney, no entanto, disse ontem que apoiaria o início do processo para ocupar a cadeira da Suprema Corte deixada em aberto, praticamente garantindo a Trump os votos de que precisa para formar uma maioria conservadora no tribunal. Romney engrossou o discurso dos líderes republicanos que defendem um precedente histórico para apoiar o preenchimento da vaga em um ano eleitoral: o presidente pode indicar quando a Casa Branca e o Senado são controlados pelo mesmo partido.
"A Constituição dá ao presidente o poder de nomear, e ao Senado a autoridade para aconselhar e dar consentimento aos nomeados para a Suprema Corte", disse Romney. "Consequentemente, pretendo seguir a Constituição e os precedentes ao considerar o nomeado pelo presidente. Se o nomeado chegar ao plenário do Senado, pretendo votar com base em suas qualificações."
Romney, que foi candidato presidencial em 2012, é uma voz dissonante entre os republicanos, mas com o restante de seu partido fechado com Trump ficou claro que a oposição de Romney não seria suficiente para bloquear uma confirmação.
"Meus amigos liberais se acostumaram ao longo de muitas décadas com a ideia de ter um tribunal liberal, mas isso não está escrito nas estrelas", disse. "Sei que muitas pessoas estão dizendo: 'Puxa, não queremos essa mudança'. Entendo a energia associada a essa perspectiva, mas também é apropriado para uma nação que é de centro-direita ter um tribunal que reflita os pontos de vista de centro-direita."
Os líderes republicanos e Trump conseguiram limitar as deserções dentro do partido a apenas duas senadoras: Lisa Murkowski, do Alasca, e Susan Collins, do Maine, que disseram que não apoiariam o preenchimento da vaga.
Dada a maioria dos republicanos de 53 a 45 no Senado (os outros 2 são independentes, mas votam com os democratas), eles teriam uma maioria de 51 a 49 na votação, o suficiente para confirmação passar pelo plenário. Agora, os democratas precisariam de quatro desertores republicanos para se juntar a eles para derrotar um indicado de Trump.
O senador Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, não fez menção ao momento da votação, mas criticou seus colegas democratas pelo "clamor e histeria" em torno da indicação. "O que pode ameaçar nosso sistema de governo não são os republicanos fazendo coisas legítimas dentro das regras do Senado e dentro da Constituição que os democratas não gostam", disse. "O que realmente ameaça nosso sistema é se um de nossos dois principais partidos continuar a fingir que todo o sistema é automaticamente ilegítimo sempre que perde."
As pesquisas mostram que a maioria dos americanos quer que a indicação seja feita pelo vencedor da eleição presidencial. Os democratas também apontam para o precedente estabelecido pelo próprio McConnell, em 2016, quando ele se recusou a votar a indicação de Merrick Garland, nomeado por Barack Obama, oito meses antes da eleição.
McConnell diz que o precedente não se aplica à situação atual, já que o Senado e a Casa Branca são governados pelo mesmo partido. Sem poder para barrar a indicação, os democratas agora planejam o revide. Umas das possibilidades é aumentar o número de juízes da Suprema Corte, caso o partido vença a Casa Branca e obtenha maioria no Senado, em novembro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.