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Entenda as manifestações dos rodoviários e por que protestos podem continuar

Trabalhadores chegaram a anunciar uma paralisação total dos ônibus da Grande Vitória na próxima segunda-feira, mas voltaram atrás após uma reunião. Entretanto, segundo o Sindirodoviários, novos protestos não estão descartados

Gabriel Barros , Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Polyana Martinelli | TV Vitória

Desde a manhã de quinta-feira (09), os capixabas que utilizam o transporte público na Grande Vitória têm enfrentado dificuldades. Os rodoviários do sistema Transcol realizaram protestos durante a manhã desta quinta e sexta-feira (10). 

As manifestações ocorrem por causa de um impasse entre o governo do Espírito Santo e o Sindicato dos Rodoviários do estado (Sindirodoviários-ES).

Os trabalhadores pedem a volta dos cobradores para suas funções nos coletivos. No entanto, de acordo com o secretário estadual de Mobilidade Urbana, Fábio Damasceno, o retorno só deve ocorrer em 2022 e em um novo formato.

Por causa do impasse, uma nova paralisação estava prevista para acontecer na próxima segunda-feira (13), quando os rodoviários prometiam manter todos os coletivos fora de circulação.

No entanto, a ideia de paralisar 100% da frota do Transcol foi temporariamente deixada de lado após uma reunião de representantes do Sindirodoviários com o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), deputado Erick Musso, na tarde desta sexta-feira.

Em um vídeo divulgado pelo Sindirodoviários, o presidente do sindicato, Marcos Alexandre da Silva, afirmou que o deputado reconheceu a legalidade da volta dos cobradores e que vai interceder junto ao Executivo Estadual na reivindicação dos rodoviários.

O presidente do Sindirodoviários também admitiu que novas paralisações podem ocorrer caso os cobradores não sejam recolocados em seus postos de trabalho.

"Podemos sim retornar todas as atividades de paralisações caso o governador do Estado não cumpra a decisão [sobre os cobradores] de 2020. E na segunda-feira vamos estar aqui na Assembleia, a partir das 15 horas, junto com os trabalhadores, para a gente mostrar para o governador que nós realmente precisamos desses postos de trabalho", declarou.

Nas redes sociais, Erick Musso declarou publicamente seu apoio à pauta defendida pelo Sindirodoviários. 

"A população não pode ficar prejudicada, sem transporte público, mas considero justo que os trabalhadores não podem sofrer com o desemprego, a insegurança e a falta de condições dignas de trabalho, por isso defendo o retorno de todos aos postos de trabalho", postou o presidente da Ales.

Justiça proíbe paralisação dos rodoviários na segunda-feira

Mesmo com o anúncio do Sindirodoviários sobre a suspensão da paralisação prevista para a próxima segunda-feira, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) obteve uma liminar na Justiça, nesta sexta-feira, garantindo que os rodoviários não realizem qualquer movimento que implique na não circulação dos ônibus, nos bloqueios nas garagens ou no fechamento de vias públicas.

A decisão é da 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde de Vitória.

Caso o Sindirodoviários descumpra qualquer uma dessas medidas, estará sujeito a uma multa diária que pode variar de R$ 100.000,00 a até R$ 1 milhão. 

O que defendem os rodoviários?

Os rodoviários exigem o retorno de cerca de 3 mil cobradores, que foram afastados de seus postos de trabalho em 17 de maio de 2020, como medida do governo estadual para prevenir a disseminação da covid-19. Com isso, o pagamento das passagens passou a ser realizado apenas por meio do CartãoGV. 

No anúncio da decisão, realizado no dia 13 de maio do ano passado, o governador Renato Casagrande afirmou que o afastamento seria, inicialmente, de 60 dias e que os profissionais continuariam a receber seus salários.

O governador disse ainda que os trabalhadores seriam remanejados para exercerem outras funções dentro do sistema de transporte público. 

Entretanto, com medo de demissões, os cobradores fizeram manifestações durante o mês de maio, exigindo o retorno dos cobradores, conforme anunciado pelo governo estadual. 

Devido à continuidade da pandemia, o decreto do governo do Estado foi prorrogado. Em março deste ano, os rodoviários fizeram uma paralisação novamente pedindo o retorno dos cobradores para suas funções. 

Na época, sindicalistas impediram que os ônibus saíssem das garagens. A Justiça do Trabalho, no entanto, determinou o fim dos bloqueios. A decisão foi cumprida pela categoria e os ônibus voltaram às ruas. 

Na manhã desta quinta (09), os rodoviários voltaram a protestar e pedir o retorno dos cobradores aos postos de trabalho. Os rodoviários se concentraram na região da praça de Jucutuquara, em Vitória, e seguiram em direção ao Palácio Anchieta, no Centro da capital. 

Um novo protesto aconteceu nesta sexta-feira. Os ônibus foram impedidos de sair das garagens e, com isso, os terminais ficaram lotados. Após cerca de três horas, os ônibus voltaram a circular.

LEIA TAMBÉM: Terminais ficam lotados após paralisação dos rodoviários na Grande Vitória

Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória

Rodoviários fazem protestos

Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória
Polyana Martinelli | TV Vitória

O posicionamento do governo 

Após a paralisação realizada em março deste ano, o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, disse que os trabalhadores possuíam estabilidade e não iriam perder seus empregos. 

"É uma categoria que está sendo contemplada e estamos conseguindo manter os salários em dia, os empregos, a estabilidade e tem um plano de demissão voluntária. Poucos no Brasil vão passar por este momento de forma tão objetiva. Muitos pais de família estão sendo demitidos e perdendo seu sustento", afirmou.

Nesta sexta-feira, em entrevista à rádio Pan News Vitória, o secretário classificou as paralisações realizada na manhã desta quinta e sexta-feira pelos rodoviários como ilegal, abusiva e irresponsável.

"100% ilegal e abusivo. Ilegal, abusivo e irresponsável. Só prejudica a população da região metropolitana. Não tem mais nenhuma função esse tipo de atividade. Existem algumas pessoas mais radicais achando que prejudicando a população vão chegar em algum lugar", declarou.

A Semobi adiantou, nesta sexta-feira, que os cobradores devem retornar às suas atividades, a bordo dos coletivos, apenas em 2022 e em horários pré-determinados, como os de pico, para auxiliar na comercialização de créditos do CartãoGV via pagamento com cartão de crédito ou débito.

"A previsão é para o início do ano que vem. Ainda estamos num momento de pandemia. Nem toda a população foi vacinada com a segunda dose, alguns vão precisar da terceira dose. Estamos preparando essa volta de uma outra forma, um outro formato para que, no início do ano que vem, possamos ter o retorno de algumas funções do trabalho no conceito antigo. Mas, claro, fazendo somente venda de créditos eletrônicos", informou Damasceno.

Damasceno disse ainda que uma audiência de conciliação entre o sindicato e a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) está marcada para o dia 14 de setembro.

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