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"Ilegal, abusiva e irresponsável", diz secretário sobre paralisação de rodoviários

A manifestação foi realizada reivindicando o retorno dos cobradores aos postos de trabalho

Matheus Foletto

Redação Folha Vitória
Foto: Polyana Martinelli | TV Vitória

Em entrevista à rádio Pan News Vitória na manhã desta sexta-feira (10), o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, classificou a paralisação dos rodoviários como ilegal, abusiva e irresponsável.

"100% ilegal e abusivo. Ilegal, abusivo e irresponsável. Só prejudica a população na região metropolitana, não tem mais nenhuma função esse tipo de atividade. Existem algumas pessoas mais radicais achando que prejudicando a população vão chegar em algum lugar", afirmou.

Damasceno também informou que uma audiência de conciliação entre o sindicato e a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) está marcada para o dia 14 de setembro.

"Sindicato precisa entender que só prejudica a população. O trabalhador que está no dia a dia. A gente faz um esforço para executar obras, renovar o Transcol, as conexões entre Vitória e Viana. Não pode de forma deliberada fazer esse tipo de ação que prejudica a população. Não ajuda na volta dos cobradores, não ajuda em nada. O diálogo está sempre aberto. Inclusive, uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES) está marcada para o dia 14. Não dá para entender. Se existe audiência de conciliação marcada, por que faz protesto aleatório? Vamos tomar todas as medidas cabíveis para que a população não seja mais prejudicada por esse tipo de ação", indagou o secretário.

Questionado sobre o diálogo com a categoria, Damasceno disse que já foram oferecidos cursos e requalificações para os cobradores.

"Nós sempre dialogamos. Desde o início de 2019 com a renovação da frota, com a chegada dos novos ônibus de ar condicionado. Para os cobradores fizemos uma renovação da categoria. Várias pessoas já fizeram cursos, foram para outras funções dentro das próprias empresas. Outros aderiram ao programa de demissão voluntária, que tem alguns benefícios. Vários foram requalificados para exercer a função de motorista", detalhou.

Na quinta-feira (10) a Semobi adiantou que os cobradores devem retornar as suas atividades a bordo apenas em horários pré-determinados, como os de pico para auxiliar na comercialização de créditos do CartãoGV via pagamento com cartão de crédito ou débito.

"A previsão é para o início do ano que vem. Ainda estamos num momento de pandemia, nem toda a população foi vacinada com a segunda dose, alguns vão precisar da terceira dose. Estamos preparando essa volta de uma outra forma, um outro formato para que no início do ano que vem possamos ter o retorno de algumas funções do trabalho no conceito antigo, mas claro, fazendo somente venda de créditos eletrônicos", informou Damasceno.

O secretário também foi questionado sobre o aquaviário, que pode ser uma outra alternativa de transporte para a população. "Todo o sistema é um só. É o sistema metropolitano. Estamos preparando o início das obras do novo aquaviário, claro que vai ter. Mas tem uma limitação de transporte, até pela própria baía de Vitória. O Transcol atinge 99% do território da região metropolitana", explicou.

Sindicato se posiciona

O advogado do Sindirodoviários, Rafael Burini Zanol, concedeu entrevista à rádio Pan News Vitória na manhã desta sexta-feira (10). Ele afirmou que o sindicato quer que as empresas e o estado cumpra aquilo que já foi acordado entre as partes.

Zanol explicou que a função do cobrador não é somente cobrar a tarifa de passagem. "O secretário reduzir a figura do cobrador como simplesmente cobrar uma passagem é muito diferente, parece que ele não tem a realidade da própria secretaria que trabalha. Cobrador tem a função de auxiliar o motorista, pedestre e cadeirante. Domingo tivemos um grave acidente envolvendo uma fiscal. A figura do cobrador auxiliaria na manobra e poderia ter evitado o acidente", afirmou.

Questionado sobre a mudança de função dos cobradores, o advogado afirmou que a categoria quer que a volta seja feita da forma que era antes da pandemia.

"O sindicato é sempre a favor da evolução tecnológica. Se a forma de cobrar a passagem no estado for por meio de um cartão, é uma política pública do estado. A figura do cobrador tem que estar presente em todos o momentos que há viagens com passageiros, com exceção aos ônibus com ar condicionado, expressos e seletivos. Queremos a volta dos cobradores da forma que era feito antes da pandemia. O que não se aceita é que se acabe com o posto de trabalho sob o discurso de pandemia", afirmou Zanol.

Zanol complementou dizendo que atividade dos cobradores é essencial para que o transporte público tenha qualidade.

"O que a gente precisa entender que a figura do cobrador é de fundamental importância para a segurança do passageiro e do motorista. Ele atua de forma muito mais ampla do que simplesmente cobrar passagem. A atividade é fundamental para um transporte público de qualidade. Não podemos aceitar que repentinamente o estado acabe com o posto de trabalho. A própria sociedade precisa se adaptar com essa ausência", disse.

O advogado não descartou haver novas manifestações. "Essa é uma decisão muito difícil de falar quais serão os próximos passos. Pode haver novas manifestações, passeatas, isso não está descartado. Precisamos de medidas que chamem atenção do estado para solucionar o problema", disse.

Transcol fica três horas sem circular

Após mais de três horas de paralisação nas garagens do sistema Transcol, os ônibus começaram a circular, por volta das 7h25 desta sexta-feira (10). Os coletivos estavam impedidos de sair das garagens por membros do Sindicato dos Rodoviários.

Foto: Polyana Martinelli | TV Vitória

A manifestação foi realizada reivindicando o retorno dos cobradores aos postos de trabalho. Eles estão afastados desde maio de 2020 e não há previsão da volta dos profissionais aos ônibus.

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