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Ensino médio do ES tem terceira melhor nota do Ideb, mas cai três posições em ranking nacional

Resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) relacionados a 2021 foram divulgados nesta sexta (16) e apontam diminuição no ranking do ensino no Estado, que havia obtido primeiro lugar nacional em 2019

Isabella Arruda , Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

O ensino médio do Espírito Santo alcançou a nota 4,5 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado na manhã desta sexta-feira (16) pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 

O dado coloca o Estado em terceiro lugar no ranking nacional. O resultado representa uma queda de três posições, significando redução de 0,3 ponto pois, em 2019, o ensino médio capixaba havia obtido o primeiro lugar no ranking nacional com nota de 4,8.

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Na educação básica e alfabetização, o resultado foi mais dramático. O Espírito Santo conquistou a sétima colocação entre os Estados com a nota do Ideb, relacionada às séries iniciais, que vão do 1º ao 5º ano. Nesta categoria, obteve nota 6. Apesar da posição, de cada 100 alunos, 24 ainda não conseguem escrever adequadamente nem compreendem aquilo que leem em comparação ao Ideb 2019. 

Do 6º ao 9º ano, o Espírito Santo alcançou a nota 5, ficando na 12ª colocação entre os demais estados brasileiros. Nessa faixa, o conhecimento em matemática entre alunos do 5º ano do ensino fundamental caiu para índices próximos aos de 2013. 

Especialistas dizem que os números devem ser analisados com cautela. A avaliação foi feita durante o período da pandemia, quando as escolas estavam fechadas e depois se adaptaram mesclando aulas presenciais e à distância por meio da internet ou entrega de material, o que compromete uma comparação com anos anteriores. 


Para o presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Moacir Lellis, a pandemia está cobrando seu preço. 

"Não podemos fazer comparações com 2019 pois estamos recebendo os resultados do processo educacional afetado pela pandemia. Teremos que estratificar e ver onde podemos corrigir o estrago onde a pandemia fez", aponta.

Lellis diz que o Ideb aponta que "aula remota não é igual a aula presencial". A tecnologia utilizada para o ensino remoto não pode ser considerado um substitutivo eficaz. 

"É um complemento. Mas a atividade em sala, com o professor, permanece indispensável", defende, lembrando que o Brasil foi o país no mundo que deixou as escolas fechadas por mais tempo: foram 178 dias com os espaços educacionais fechados. 

A nota das séries iniciais nos estabelecimentos particulares chegou a 7,5, um índice que aproxima de países como Finlândia, Dinamarca e Noruega. 

"Porém, precisamos estar mais críticos em relação a essas notas porque as escolas particulares participam por amostragem e nem sabemos quais foram", explica.

Sistema educacional no Espírito Santo foi duramente afetado pela pandemia

Para a professora e doutora em Educação, Cleomara Schwartz, o resultado do Ideb reflete um sistema público duramente afetado pela pandemia do coronavírus. 

"Já tínhamos essa expectativa da queda, especialmente para as séries iniciais e para o ciclo da alfabetização. Crianças até 8 anos precisavam de um suporte maior mesmo com todos os esforços que as escolas fizeram, já que nesta idade a aprendizagem requer uma demanda maior mediada por um adulto", compara. 

Outro ponto destacado pela especialista foi que a tecnologia não estava disponível a todos, que precisaram acompanhar as aulas em sistema híbrido. 

"O rendimento escolar foi afetado por uma criança ou um adolescente que não tinha um acesso a internet, que precisava compartilhar o celular com o restante da família ou mesmo a estrutura da escola que não oferecia essa alternativa de acompanhamento das aulas", desenvolve.

Ela acredita que foi um tempo para que a gestão pública ficasse ainda mais consciente da necessidade de melhorias nas estruturas das escolas e na opção por ferramentas tecnológicas. 

"Sem contar que, durante o período mais grave da pandemia, as escolas tiveram que fazer um enxugamento em seus programas e planos de ensino. Muitos conteúdos não foram trabalhados e essas crianças e jovens foram impactados e o resultado dessas baixas no Ideb estamos colhendo agora", descreve.

Ela diz que mesmo com a queda no ranking, o Espírito Santo conseguiu se manter em um lugar confortável no ensino médio. Cleomara acredita que os problemas na pandemia não serão superados pela Educação em apenas um ano. 

"Essa queda foi no país inteiro, não acontecendo só aqui. Acredito que a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), juntamente com as secretarias dos municípios, terão que fazer um trabalho permanente de suporte pedagógico, envolvendo também a família, para recuperar esses conteúdos e essa subida no ranking", reforça.

Secretário de Educação do ES diz que a queda poderia ser pior

O secretário de Estado de Educação e  presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Vitor de Angelo, o resultado do Ideb, os resultados são melhores do que esperado, apesar da queda de alguns indicadores. 

Foto: Reprodução
Secretário de Estado de Educação, Vitor de Angelo, considerou que a queda do Espírito Santo poderia ter sido pior devido aos reflexos da pandemia

"O MEC divulgou o resultado do Ideb de 2021, em que o Brasil teve uma queda. No ES também houve uma ligeira queda: de 4,6 para 4,4. É uma notícia que nos entristece, porque vínhamos em uma trajetória muito consistente. Vale dizer que em 2019, edição anterior do IDEB, tínhamos alcançado o primeiro lugar no ensino médio. A trajetória foi interrompida pelos desafios da pandemia, assim como aconteceu com os outros estados. O resultado é menos pior do que se imaginava, projetávamos perdas muito grandes", reforça. 

O secretário diz que a publicação do Ideb foi meramente formal e que a performance dos Estados nesta edição ainda não serão utilizadas para determinar a distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). 

"Os Estados que melhoraram mais receberão mais recursos. Mas com todas as particularidades desse último, o próprio MEC usará o Ideb de 2019", finaliza.


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