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Nova síntese do IPCC vê aquecimento 'irreversível'

Redação Folha Vitória

Copenhague - Em um esforço para tornar possível um acordo mundial de redução de emissões dos gases de efeito estufa daqui a apenas sete meses, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) iniciou nesta segunda,27, em Copenhague, a confecção de um resumo de suas mais recentes constatações científicas. A premissa de que o aquecimento global trará consequências "graves, generalizadas e irreversíveis para as populações e os ecossistemas" já tem consenso para a síntese. O texto final servirá como base para as negociações políticas da 21ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP21), marcada para maio, em Paris.

"Ainda temos tempo para construir um mundo melhor e mais sustentável", declarou ontem o indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, ao abrir os trabalhos. "Mas temos muito pouco tempo", advertiu.

Pachauri chamou a atenção de cientistas e de governos para as "graves implicações da inação". O relatório do primeiro grupo de trabalho do IPCC, divulgado em 2013, trouxe constatações devastadoras. De 1750 a 2011, a concentração de gás carbônico (CO2) aumentou 40%; a de metano (CH4), 150%; a de óxido nitroso (N2O), 20%. A presença de CO2 na atmosfera é, hoje, a maior dos últimos 800 mil anos. O resultado tem sido o aquecimento da Terra. Entre 1951 e 2010, esses gases contribuíram para aumentar a temperatura média da superfície mundial entre 0,5ºC e 1,3ºC. Os prognósticos até o fim deste século são piores: no cenário mais otimista do IPCC, haverá aumento de 1,0ºC. No mais pessimista, de 3,7ºC.

Sem previsão

A negociação para um novo documento do clima será técnica. "Não posso prever o resultado da negociação. Mas eu sei que é fundamental para os formuladores de políticas públicas ter suas decisões orientadas pela ciência. Eu não os invejo. A tarefa deles será formidável", afirmou Pachauri.

O rascunho da síntese ressalta a responsabilidade da atividade humana no aquecimento global desde 1950. EUA e União Europeia se movem para incluir no texto final clara menção aos custos "quase insignificantes" da redução das emissões de gases de efeito estufa em comparação com o crescimento do consumo projetado. Já a Índia sugere a mudança do critério comparativo para usar projeções do PIB.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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