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Novo governo de minoria pode gerar tensão política em Portugal

Redação Folha Vitória

Lisboa - Tempos de maior tensão política devem acontecer em Portugal, após uma eleição geral no país resultar em um governo sem maioria absoluta no Parlamento. Geralmente, os governos minoritários têm dificuldades para sobreviver no cenário português, sendo que apenas um deles completou seu mandato de quatro anos. Em média, a duração desse tipo de governo no país é de 14 meses.

A coalizão de centro-direita venceu a disputa no domingo, apesar de suas impopulares medidas de austeridade, diante da melhora na economia. O Partido Social Democrata recebeu quase 37% dos votos e ficou com 99 cadeiras no Parlamento, com quatro vagas ainda em disputa.

A coalizão foi, porém, ofuscada por partidos de centro-esquerda, no Parlamento de 230 cadeiras. Com isso, pode haver dificuldades para a aprovação de medidas de austeridade, incluindo mais cortes nas aposentadorias e pensões e outras reformas econômicas.

Portugal ainda se recupera, após receber um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros (US$ 88 bilhões) em 2011. A incerteza pode levar a um período de paralisia política e causar temores nos mercados, diante de um país bastante endividado.

"O desafio começa agora", afirmou o jornal Diário de Notícias em editorial desta segunda-feira. Outro jornal, Público, disse que a eleição "deixou o país em um impasse".

O Partido Socialista, de centro-esquerda e favorável às regras financeiras da zona do euro, ficou em segundo, com 32% dos votos e 85 cadeiras no Parlamento. A sigla será crucial para o sucesso do próximo governo.

O presidente Aníbal Cavaco Silva deve convidar logo o partido com mais votos para formar um governo. Ele poderia, em tese, pedir que a centro-esquerda formasse um governo, porque juntos esses partidos têm mais cadeiras no Parlamento. Há, porém, divergências entre o Partido Socialista e outras forças desse espectro. O Bloco Esquerda, que obteve 19 cadeiras, quer renegociar a dívida, exige melhores condições de pagamento dos credores e também o fim das medidas de austeridade, enquanto almeja um aumento nos impostos para as empresas. O Partido Comunista, que conseguiu 17 cadeiras, quer abandonar a zona do euro.

O líder do Partido Socialista, António Costa, disse durante a campanha que entraria em uma grande coalizão com o atual governo "apenas se alienígenas pousassem na Terra". O primeiro teste importante do novo ambiente político acontecerá já em algumas semanas, quando o Parlamento terá de discutir o orçamento para 2016.

O Barclays disse que os resultados eleitores "vieram em geral em linha com as pesquisas recentes", prevendo que a coalizão conservadora consiga formar um governo. Mesmo que o Partido Socialista chegue ao comando do país, o banco diz que não deve haver recuo nas reformas realizadas nos últimos quatro anos. Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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