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Novos termos do Snapchat autoriza o aplicativo a fazer “qualquer coisa” com arquivos

Em maio, a Comissão Federal do Comércio americana (FTC) fez o Snapchat admitir que o conteúdo compartilhado no aplicativo não é deletado automaticamente

Conteúdo do aplicativo é arquivado e não apagado, como muita gente pensa Foto: Reprodução

Você recebe um snap. Visualiza, alguns segundos se passam e… pronto, ele sumiu. Certo? Na verdade, não. Se você usa o Snapchat, deve ter se deparado com um aviso de que o aplicativo atualizou seus termos de uso ultimamente. Com a nova política de uso, o aplicativo agora pode fazer basicamente qualquer coisa com o que você compartilha por lá.

O serviço adicionou algumas permissões que podem ser consideradas um tanto invasivas. Agora o Snapchat tem o direito de hospedar, reproduzir, modificar e exibir publicamente seus snaps, ainda que não sejam os que foram adicionados à sua Story.

Com a atualização, o Snapchat também pode utilizar seu nome, imagem e voz em qualquer canal de distribuição de mídia por tempo indeterminado. Tudo bem, pode ser só para promover uma Live Story de algum lugar, mas também abre brecha para o Snapchat fazer o que ele quiser com seu conteúdo. Aqui as partes mais alarmantes dos novos termos (grifo nosso):

Você garante ao Snapchat uma internacional, perpétua, livre de royalties, sublicenciável e transferível licença para hospedar, armazenar, […] reproduzir, modificar, adaptar, […] publicar, […] distribuir, […] promover, expor e exibir publicamente aquele conteúdo em qualquer formato e em qualquer método de distribuição (agora conhecido ou desenvolvido posteriormente).

Nós usaremos essa licença para o propósito limitado de […] melhorar os Serviços; […] e produzindo conteúdo apresentado pelos Serviços disponível para nossos parceiros comerciais para sindicação, transmissão, distribuição ou publicação fora dos Serviços.

"Na medida em que for necessário, você também garante ao Snapchat e a nossos parceiros comerciais o irrestrito, internacional e perpétuo direito e licença de usar seu nome, imagem e voz em toda e qualquer mídia e canais de distribuição (agora conhecidos ou desenvolvidos posteriormente) ligado a qualquer Live Story ou outro conteúdo enviado pela comunidade que você cria, envia, publica ou aparece em. […]

Embora não sejamos obrigados a fazê-lo, podemos acessar, revisar, exibir e deletar seu conteúdo a qualquer momento e por qualquer motivo, incluindo se pensarmos que o seu conteúdo viola esses Termos. Você é o único responsável pelo conteúdo que você cria, publica, armazena ou envia pelos Serviços".

Se você pensava no Snapchat como um app secreto, de compartilhamento de um conteúdo que expira em um determinado tempo, acho que esses novos termos devem mudar a sua visão. Não é de hoje, no entanto, que o aplicativo se envolve em polêmicas de privacidade: em maio, a Comissão Federal do Comércio americana (FTC) fez o Snapchat admitir que o conteúdo compartilhado no aplicativo não é deletado automaticamente.

Os termos de uso então foram atualizados para esclarecer esses termos. Como aponta o MarketWatch, os termos antigos apontavam que “na maioria dos casos, uma vez que detectamos que todos os destinatários visualizaram uma mensagem, nós automaticamente a deletamos de nossos servidores”. Agora, além de ter o direito de armazenar esse conteúdo, eles podem visualizar e exibir publicamente o que é compartilhado no app.

A Eletronic Frontier Foundation (EFF) foi outra companhia que classificou o Snapchat com uma nota baixa na tabela de mensagem segura, que avalia quais aplicativos e ferramentas mantém suas mensagens seguras. As mensagens são encriptadas, mas a empresa consegue visualizá-las. O Snapchat também não abre seu código para avaliação independente, importante caso a empresa não esteja sendo totalmente transparente com os usuários.

Com a crescente onda do “manda nudes”, questiona-se se o Snapchat é o aplicativo mais seguro de compartilhar esse tipo de foto íntima. Não que o aplicativo vá usá-las em algum momento, mas não seria a primeira vez que imagens vazassem do aplicativo ― da última vez, foram 100 mil. E, bem, você agora sabe que as fotos não são apagadas.

Essa situação se torna mais alarmante ainda no caso do Snapchat porque metade de seus usuários tem até 17 anos. O serviço passa a ter os direitos sobre a imagem sobre menores de idade, que ainda não têm autonomia nem para assinar um contrato. Vale lembrar que o aplicativo permite que maiores de 13 anos se cadastrem no serviço.

Tudo bem que esse tipo de preocupação varia muito do que é feito com o aplicativo: muita gente usa o Snapchat apenas para compartilhar algo engraçado e momentâneo com seus amigos. Nesse caso, não dá para criar uma conspiração do que pode acontecer com um conteúdo tão superficial. De qualquer forma, sempre é importante tomar cuidado com o teor das fotos compartilhadas em qualquer serviço.

As informações são do Tecnoblog, do R7.

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