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Cidades que mais crescem em SP têm presidiários

Redação Folha Vitória

Iaras - A mais recente estatística populacional revela que Balbinos foi o município paulista que mais cresceu nesta década. Mas o aumento de 35% no número de habitantes em apenas seis anos é invisível nas ruas da pacata cidade no noroeste do Estado. Isso porque praticamente todos os 1.300 novos "moradores" registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são detentos transferidos para as duas penitenciárias instaladas no local.

"Nossa cidade sempre teve pouca infraestrutura e sofreu com êxodo populacional. Isso só mudou em 2006, quando inauguraram os dois presídios. De lá para cá, o número de habitantes só cresceu, justamente por causa da população carcerária", afirmou Márcio Serrano, chefe de gabinete da prefeitura de Balbinos. Hoje, 72% dos 5.006 moradores do município estão espremidos atrás das grades. Juntos, os dois presídios têm capacidade para 1.688 detentos, mas contam agora com 3.621, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.

Divulgada no fim de agosto, a estimativa demográfica atualizada neste ano pelo IBGE mostra que as três cidades paulistas que mais cresceram demograficamente têm presídios superlotados. Em 2000, por exemplo, antes da inauguração das penitenciárias, Balbinos tinha 1.313 habitantes. "Dos que vieram para cá, quem não for preso ou é parente de preso ou agente penitenciário", disse Serrano.

Em Iaras, no sudoeste do Estado, os 8,2 mil habitantes veem a cidade dividida. Parte dos moradores que vivem em liberdade plena olha com desconfiança os 2.731 habitantes que vivem totalmente confinados ou em regime semiaberto. Iaras é a segunda do ranking, com aumento populacional de 29,8% desde 2010. Já são 8.230 habitantes, dos quais um terço está na cadeia. Já a população de Pracinha, cidade que fica na região de Presidente Prudente, no oeste paulista, cresceu 28% nos últimos seis anos, chegando a 3.659 habitantes, dos quais metade cumpre pena no presídio do município, inaugurado em 2001. Um ano antes, a cidade tinha 1.431 moradores.

Segundo o vice-prefeito Marcos José Rosa (PSDB), após a transferência, os índices de violência caíram. Neste ano, Iaras registrou, até agosto, um homicídio, um caso de estupro, dois roubos, um roubo de carga, dois furtos de veículos e 17 furtos simples, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública. Hoje, o presídio e a Fundação Casa já são o segundo maior empregador da cidade, atrás só da prefeitura, que emprega 390 servidores, entre os quais presos em regime semiaberto.

Mesmo com o crescimento populacional decorrente do número de presos, a cidade mantém a mesma cota do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), por não ter atingido 10 mil habitantes. "Há uma proposta de que as cidades pequenas com presídios recebam uma compensação, mas está parada em algum lugar", diz Rosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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