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Tecnologia e educação: aulas mais atrativas e alunos motivados

Se bem aplicado, o celular deixa de ser vilão na sala de aula e passa a ser uma ferramenta pedagógica

Patrícia Meireles da Silva

Redação Folha Vitória
Foto: Dvivulgação/Burst

Tablets, celulares, impressoras 3D. A tecnologia que é aliada em tantos quesitos da vida, não poderia ficar de fora das salas de aula. Quando bem utilizadas, as ferramentas tecnológicas auxiliam o aprendizado e mudam a rotina das escolas, tornando o conteúdo muito mais interessante e produtivo para os alunos.

A pesquisa Tic Educação 2018, promovida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), com apoio da Unesco, mostrou que 58% dos professores de escolas públicas do país utilizam o telefone celular em atividades pedagógicas. Já nas escolas particulares, 52% dos professores utilizaram o recurso. 

Ainda visto como vilão, pela possibilidade de desviar a atenção dos alunos, o celular pode ser proveitoso se usado no momento certo, com apoio dos educadores. 

"O professor tem que entender que o celular é uma ferramenta, como era o dicionário e a barsa de antigamente. É possível o estudante utilizar, desde que seja conduzido pelo professor da forma correta. Não era permitido usar o dicionário o tempo todo, só em momentos de pesquisa. O celular é mesma coisa. Tem que ter regras", afirma Dimitri Guimarães, consultor de tecnologia. 

Saiba mais as vantagens da utilização dos recursos tecnológicos nas escolas:

Celular x sala de aula

A escola particular Luterana, em Vila Velha, j´á entendeu que não dá para ir de encontro com os celulares e passou a usá-los na produção de conteúdo audiovisual. "Dependendo da atividade, deixamos os alunos trazerem o celular para sala e eles utilizam para fazer vídeos e reportagens,mas tudo supervisionado", afirmou a psicopedagoga da instituição Alcione Corrente Rocha Martins.

Foto: Divulgação/Escola Luterana
Alunos usam o smartphone em atividades pedagógicas

Mas como tudo, o uso dos telefones nas aulas precisa de equilíbrio, é o que explica a psicóloga especializada em atenção à saúde da criança e do adolescente, Josélia Alves. "Algumas escolas tem aulas de robótica e usam o computador e o celular. Se tiver um propósito para favorecer a aprendizagem, é super potente, é um diferencial, mas se permite o uso desenfreado, isso desconcentra". 


Aos educadores fica o alerta de que a tecnologia é apenas uma ferramenta meio, ou seja, as aulas não devem se basear apenas nesses recursos. "Os professores tem que usar como ferramenta de trabalho, mas não como a única forma de dar aula, a tecnologia é para dar apoio", ressalta José Geraldo Gaurink Dias, especialista em gestão escola e diretor da Escola Siena. 

A pesquisa Tic Educação 2018 também mostrou que 76% dos professores utilizaram o computador e a internet para aprender mais sobre a tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem. A maioria dos educadores estão aprendendo sozinhos como utilizar esses recursos. 

Quando se trata do uso do celular, por exemplo, o consultor Dimitri Guimarães alerta que, caso o professor ainda não esteja preparado para orientar o uso do aparelho, é melhor que evite utilizar em sala de aula. "Precisa existir uma transformação do professor para que ele seja '4.0', para conseguir acompanhar o aluno dessa forma, caso ele não consiga, é melhor não usar", ressalta.

Para os pais, a preocupação com o equilíbrio é constante. A contadora Nilceia Venturinni Dipalma, mãe do Rafael, de 15 anos, aluno da Escola Luterana, só deixa o filho levar o celular para o colégio quando necessário, mas compreende a importância da utilização dessas ferramentas nas aulas. "A questão da tecnologia na sala de aula é bem válida, não tem como fugir dessa evolução. Isso ajuda eles na questão didática. A escola tem que evoluir, senão não consegue prender a atenção do aluno". 

Foto: Pixabay
Geração Z tem amplo acesso à tecnologias e passam mais tempo conectados

A tecnologia criando soluções 

A Geração Z que compreende as pessoas nascidas entre 1990 até o início de 2010, é chamada de nativos digitais. São pessoas habituadas com a tecnologia e conectadas. Foi pensando nessa geração, que as instituições modificaram a forma de trabalhar o conhecimento, dando possibilidades aos alunos de construir e inovar.

Walber Botelho Tonn, 24 anos,  aluno do curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Católica de Vitória, é um típico exemplo dessa geração. Atualmente no décimo período, o universitário já tem motivos para se orgulhar do que produziu ao longo do curso. "Desenvolvi uma impressora 3D com baixo custo para a faculdade e hoje em dia abri uma empresa que trabalha com impressões 3D. Isso aguça a nossa criatividade, a partir do momento que você tem um equipamento capaz materializar ideias".  

Foto: Divulgação/ Católica de Vitória
O estudante Walber Botelho Tonn e o professor Marcelo Albuquerque Schuster comemoram os avanços da tecnologia na educação 

O estudante explica que criou uma máquina que funciona com comandos de voz e que a instituição influência essas práticas inovadoras trabalhando em projetos. "Podemos propor novas tecnologias por meio de editais, onde inscrevemos as ideias e a faculdade pode subsidiar esse projetos, caso sejam aprovados", explicou Tonn.  

As impressoras 3D também tem sido útil na criação de próteses ortopédicas, para pacientes reais que não teriam condições de arcar com os custos.  Os alunos utilizam a impressão 3D para criar, orientados por uma professora. Hoje, uma prótese que custa cerca de 3 mil reais, tem o custo reduzido com essa tecnologia.

O coordenador dos cursos da área de TI e Computação da Católica, o professor Marcelo Albuquerque Schuster, explica as características dessa geração que facilitam esse trabalho construtivo com a tecnologia. "Essa geração tem uma facilidade maior e ao contrário de outras épocas, há um excesso de tecnologia gratuita que pode ser utilizada na educação. O desafio motiva, pois é uma característica deles. Eles são muito competitivos e fica evidente pessoas com perfil de liderança dentro dos grupos".

De acordo com o coordenador, a busca por soluções para problemas reais, com a ajuda da tecnologia, é o que move esses alunos. A criação de softwares para facilitar a vida das pessoas em diversas áreas é uma realidade cada vez mais presente. 

"Os alunos estão sempre desenvolvendo projetos, indo de uma sala a outra, até de outros cursos, fazer pesquisa de campo e conversar com professores. Temos aluno trabalhando com estratégias de software para micro e pequenas empresas. O software da ouvidoria da Católica,por exemplo foi desenvolvido pelos próprios alunos. Isso têm deixado um legado bacana na instituição", afirma Schuster. 

Schuster faz uma reflexão sobre as vantagens da tecnologia na sala de aula, confira:

Marcelo Albuquerque Schuster - benefícios tecnologia

Ensino a distância

Um grande benefício da tecnologia é o Ensino a Distância (EAD), que a cada dia ganha mais adeptos. Ele possibilita que o aluno tenha acesso a uma formação, com todo suporte, sem necessariamente frequentar uma instituição física, só precisa de um computador. 

De acordo com o Censo da Educação Superior 2018, divulgado pelo MEC, mais de 2 milhões de estudantes estão matriculados na modalidade de ensino a distância. Em 2018, o EAD ofertou mais vagas que o ensino presencial, tendo aumento de 17,6% no número de alunos.  

Os cursos online já foram alvo de preconceito. Não faltava quem achasse que os alunos dessa modalidade eram menos preparados do que quem estudou presencialmente. Mas com o passar do tempo e aprimoramento das plataformas isso mudou. 

A gerente acadêmica da Universidade Estácio de Sá, Marisa Rocha Lopes, afirma que tem muitos alunos que estudaram no EAD e estão se destacando em concursos e no mercado de trabalho. A instituição conta com mais de 150 cursos de graduação a distância.

"É preciso saber o quanto a faculdade investe em tecnologia, se está sempre atualizando a plataforma de ensino e se tem uma base de material didático. A qualidade depende muito da instituição que você vai escolher", ressalta Marisa, que também garante que o diploma da graduação a distância é exatamente o mesmo da presencial, sem nenhuma diferença. 

Foca Enem 

A tecnologia também pode auxiliar de forma ágil e prática na preparação para exames importantes. Um exemplo disso é a nova plataforma do jornal online Folha Vitória, o Foca Enem, que possui vasto conteúdo preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O gerente do projeto e especialista em educação, Lucas Coradini, explica que a plataforma é um preparatório baseado em videoaulas, onde os alunos tem simulados que eles podem praticar e também tem correção de redação por professores. O objetivo é ser um complemento dos estudos dos alunos.

Foto: Divulgação

O Foca Enem possui quase 3 mil videoaulas, além dos simulados e correção comentada do que é produzido pelos assinantes. "Antes de gravarmos os vídeos, foi feito um estudo estatístico, analisamos todas as provas do Enem, classificamos questões e assuntos mais recorrentes e os professores gravaram em cima desses temas", explica Coradini. 

Para utilizar a plataforma, basta realizar um cadastro aqui., escolher entre os dois tipos de plano disponibilizados e realizar a assinatura. 


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