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Lama molhada dificulta buscas por desaparecidos 17 dias depois de tragédia

A tragédia aconteceu no dia 5 de novembro e, até agora, 11 pessoas, entre funcionários à serviço da mineradora Samarco e moradores do distrito de Bento Rodrigues, ainda não foram encontradas

Muitas pessoas ainda estão desaparecidas Foto: R7

A cada dia que passa as equipes de buscas enfrentam mais dificuldades para localizar as vítimas desaparecidas no rompimento da barragem de Fundão em Mariana, na região central de Minas Gerais. A tragédia aconteceu no dia 5 de novembro e, até agora, 11 pessoas, entre funcionários à serviço da mineradora Samarco e moradores do distrito de Bento Rodrigues, ainda não foram encontradas.

Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, Thiago Miranda, a área atingida pela lama da barragem é muito extensa. Os militares já vistoriaram boa parte da área atingida nas imediações do distrito de Bento Rodrigues, além de cerca de 100 quilômetros ao longo de afluentes e do próprio rio Doce, que levaram parte dos rejeitos e onde foram encontrados os corpos de algumas das vítimas. "As buscas estão concentradas nas regiões onde há mais escombros, onde há maior chance de encontrar algumas das pessoas desaparecidas ou animais", afirmou. 

Ele explica ainda que como a lama das barragens é muito úmida isso atrasa o processo de decomposição dos corpos e dificulta a localização das vítimas soterradas. As chuvas registradas nos últimos dias umidificam novamente os rejeitos já solidificados, prejudicando inclusive a varredura feita pelos bombeiros. "Quando os corpos entram em decomposição há a produção de um gás que atravessa a areia e atrai animais mais sensíveis, como algumas aves e os cães farejadores que nos auxiliam nas buscas. Eles conseguem perceber odores e isso é um indicativo de regiões onde há possíveis corpos".

No entanto, além da lama úmida, o capitão explica que há regiões, principalmente próximas de onde a barragem se rompeu, onde ainda há cerca de 20 metros de profundidade de rejeitos. Alguns dos desaparecidos podem estar soterrados nestas áreas de difícil acesso. Apesar da dificuldade, Miranda explica que os bombeiros trabalham sem parar e que não há uma previsão de que as buscas sejam suspensas. "Percorremos a pé mais da metade da área definida para as buscas e, com apoio de aeronaves, toda a área já foi coberta", disse.

Na sexta-feira (20), os bombeiros desmentiram boatos de que as buscas seriam suspensas. Os parentes das vítimas foram convidados a conhecer a central montada pela corporação no terreno da Samarco. Os militares receberam sugestões para o trabalho, mas reforçaram que vários pedidos não são possíveis - como o uso de tecnologias que não existem. 

"Muitas soluções propostas pelas famílias para acelerar o processo de se encontrar os corpos sequer existem. (Uso de sonar da marinha, guindastes para lama, entre outros que são apenas especulação.) Os familiares não são técnicos e alguns escutam falar sobre equipamentos que não existem ou citam nomes de equipamentos que não têm utilidade para este evento", contou. 

Lama começou a chegar à foz do Rio Doce, na região de Regência, por volta das 16 horas de sábado Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

Lama no Espírito Santo

A lama com rejeitos de mineração, que percorre a calha do Rio Doce, começou a chegar ao mar na tarde de sábado (21). Segundo informações do Governo do Estado, os resíduos de minério chegaram ao balneário de Regência, em Linhares, no norte do Estado, onde fica a foz do Rio Doce, por volta das 16 horas.

A partir desse horário, a coloração da água mudou na região, ficando com um aspecto mais barrento. O último boletim divulgado pelo Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE) do Serviço Geológico do Brasil, na noite de sexta-feira (20), indicava que a previsão de chegada da massa de água com maior concentração de minérios a Regência era mesmo na noite deste sábado.

Com informações do R7.

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