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Donos de caminhão que causou tragédia em Guarapari podem ser condenados a 54 anos de prisão

Acidente, ocorrido na BR 101, em junho deste ano, deixou 23 mortos. Jacimar e Leocir Pretti foram autuados por homicídios e tentativas de homicídio, além de ameaça e coação a testemunhas


Os irmãos Jacimar Pretti, de 63 anos, e Leocir Pretti, de 49, responsáveis pelo caminhão que provocou um acidente que deixou 23 pessoas mortas, na BR 101, em Guarapari, em junho deste ano, foram autuados por 23 homicídios dolosos qualificados, por motivo torpe, 18 tentativas de homicídio e ameaça e coação a testemunhas. Segundo o delegado Alberto Roque Peres, responsável pela investigação do acidente, caso eles sejam condenados, poderão pegar até 54 anos de prisão.

Jacimar e Leocir são donos da empresa Jamarle Transportes, responsável pelo caminhão envolvido na tragédia. De acordo com Alberto Roque Peres, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, o veículo estava em péssimas condições de uso, o que foi determinante para o acidente acontecer.

Ainda segundo o delegado, mesmo sabendo das condições precárias do caminhão, os donos da empresa obrigaram o motorista Nadson Santos Silva, de 30 anos, que morreu na tragédia, a pegar estrada. Além disso, de acordo com as investigações, o veículo transportava uma carga com 13 toneladas acima do permitido.

"O Leocir deu a ordem para o Nadson fazer a viagem com os pneus carecas, com alguns freios, segundo a perícia, sem funcionamento - não é nem ineficiência, é sem funcionamento - com suspensão danificada, com calço, e com velocímetro marcando 20 km/h a menos que a velocidade real. Então todos esses fatores foram a causa determinante para o crime, para a tragédia que ocorreu", ressaltou Roque Peres.

O delegado destacou ainda que Nadson não tinha condições de dirigir o caminhão naquele dia. "O condutor da carreta, que faleceu, estava com as condições psicomotoras alteradas devido ao consumo de drogas para se manter acordado", afirmou.

Com o fim do inquérito, a Polícia Civil também pediu a prisão preventiva dos donos da transportadora. Jacimar e Leocir foram presos no dia 24 de agosto, quando a Justiça decretou a prisão temporária de ambos. No entanto, eles foram liberados quando venceu o prazo da prisão temporária.

Segundo Alberto Roque Peres, os dois estavam atrapalhando as investigações e aliciando testemunhas. "Nós também pedimos a prisão preventiva dos dois indiciados porque, durante o inquérito policial, houve ameaça a uma testemunha e o aliciamento, ou seja, oferecimento de vantagem indevida para que essas pessoas mentissem no processo", ressaltou.

Áudios

Ao longo da investigação, a polícia também interceptou conversas telefônicas entre os donos da transportadora e motoristas que trabalhavam para a empresa. Nos áudios, é possível ouvir os funcionários recebendo ordens para pagar propina a policiais rodoviários federais e policiais militares, para que eles liberassem os caminhões flagrados trafegando de maneira irregular.

"Nós vamos encaminhar [o inquérito] para a Justiça Federal de Minas Gerais, para apurar a corrupção de policiais rodoviários federais que ocorreram ali. Também vamos encaminhar à Policia Civil do Ceará, para que apure a conduta dos policiais militares, sobre a corrupção deles. Inclusive encaminhamos ao Ministério Público do Trabalho, para os crimes contra a organização do trabalho que possivelmente ocorreram, já que há vários indícios, e para a Divisão Fazendária da Polícia Civil, porque também há crimes fazendários identificados durante as investigações", destacou Roque Peres.

De acordo com o delegado, o relatório com a conclusão do inquérito será encaminhado para a Justiça nesta quinta-feira (14).

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