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Ex-modelo capixaba que chegou a pesar 154kg emagrece 35kg com reeducação alimentar

Luana Lourenço Araujo Leal conta como tem conseguido lutar contra a obesidade

Luana chegou a pesar 154 kg 

A capixaba Luana tem 31 anos. Na infância e adolescência, era atleta e fazia parte da seleção capixaba de vôlei, além disso, modelava e sempre fazia propagandas para empresas do Espírito Santo.

Quando completou 18 anos, a moça começou a ter problemas com ansiedade e acabou não sabendo administrar a situação. Após ir morar sozinha e sem conseguir lidar com o problema, Luana engordou, em 1 ano, 50 kg. 

“Como fazia muitos trabalhos publicitários no Estado, quando saía na rua, as pessoas não me reconheciam mais e tinham reações bem pesadas em relação a mim. Sempre me perguntavam se eu era a moça dos comerciais e diziam que me reconheciam pelos olhos. Sempre com muito espanto, me perguntavam o que havia acontecido”, contou.

Em alguns casos, ao lidar com críticas, algumas pessoas tentam provar que as pessoas estão erradas e que podem dar a volta por cima, mas com Luana não foi bem assim.

 “Ao invés de fazer o contrário e reverter a situação, me entreguei e engordei mais 24 kg. Cheguei a engordar 74 kg ao longo dos últimos 9 anos. Nesse meio tempo fui me entregando ainda mais e não saía mais de casa. Ninguém aceitava o jeito que eu tinha ficado e passei a não me aceitar também”.

Luana começou a reeducação alimentar há sete meses, isso, quando aceitou que tinha uma doença: a obesidade, que atinge 1 em cada 5 brasileiros. “Foi nesse período que comecei a aceitar e entender a doença e comecei a encarar essa situação de frente. Sempre levei muito na esportiva, sempre brinquei muito com isso, mas no fundo, sempre sofri calada. Queremos mostrar que somos uma fortaleza, mas só nós sabemos o que passamos e nunca levei isso como uma doença. Ao longo dos anos, sempre fazia dietas radicais, mas sempre engordava".

O primeiro passo

Sem um acontecimento específico, Luana acordou um dia e decidiu apertar o 'play'. “Esse ano acordei um dia, conversei com Deus, e decidi que tentaria outra vez. Já estava afetando minha saúde e minhas taxas já estavam ficando alteradas e não era mais uma brincadeira, tinha virado uma gordinha doente. Eu sabia que precisava tentar de verdade, de coração, e não por questão de estética como foi das outras vezes. Agora estou fazendo por mim”.

Muitas pessoas que passam pela mesma situação não sabem, na maioria das vezes, por onde começar, o que fazer e como agir. Luana optou, após várias tentativas, pela reeducação alimentar. “Meu primeiro passo foi não fazer dieta restritiva, mas tentar mudar meus hábitos, já que minhas dietas tinham ‘prazo de validade’. Eu conseguia emagrecer, mas sempre engordava mais. Comecei a criar metas e marcos para ir atingindo. Fui fazendo um planejamento de como queria estar. Não tinha pretensão de emagrecer rápido, mas apenas de emagrecer, e eu não podia ganhar em momento algum”.

E para quem pensa que ela cortou tudo o que gostava de comer, se engana. “No início comecei a reduzir tudo, inclusive as besteiras. Nunca tive alimentação saudável e comecei a diminuir. Se eu comia quatro pedaços de pizza, passei a comer dois e percebi que já dava diferença. A questão é que estava tendo resultado, mas não tinha qualidade. Aos poucos e bem lentamente, fui mudando a alimentação, mas não radicalmente. No segundo mês comecei a me adequar e no terceiro já comia alimentos que não conhecia”.

Em sete meses, Luana eliminou 35 kg e quando estava desanimando do processo de emagrecimento, resolveu buscar ajuda nas redes sociais.“É uma batalha diária e com o apoio das pessoas, estou conseguindo caminhar. Quando atingi a metade da meta, comecei a desanimar, foi quando resolvi criar uma página no instagram para mostrar as pessoas que era possível, mas não sabia que em duas semanas teria mais de 7 mil pessoas. Estava ficando sem forças e criei essa página para que as pessoas me ajudassem, mas passei a receber muitas mensagens dizendo que eu era uma inspiração. Hoje, acredito que seja possível atingir o objetivo”.

A aceitação nem sempre é fácil. “O que me fez dar a volta por cima foi perceber que eu era obesa e que precisava parar de levar na brincadeira. Muito se fala em preconceito, mas sempre soube lidar com isso e sempre achei que me aceitava, mas eu sofria. Comecei a fazer tudo sozinha para não criar expectativas porque nem eu acreditava em mim, e na primeira dificuldade eu abandonava”.

Uma 'prova de fogo'

Um mês após dar início ao processo, Luana encontrou a primeira grande dificuldade. "Um mês depois de começar a reeducação, fui internada às pressas com pancreatite, infecção nos rins, tive derrame pleural, infecção no sangue e quase virou uma infecção generalizada. Ainda não se sabe as causas. Foi uma fase muito difícil porque estava no início do processo e fiquei 18 dias internada e nesse período, inchei 10 kg no hospital. Ficava a base de medicamentos e soro o dia todo e me questionei porque no momento em que eu resolvi mudar, aquilo estava acontecendo. Achei que eu fosse me entregar de novo”.

Com muita fé em Deus, Luana acredita que tudo nessa vida acontece por um motivo. “Eu precisava passar por isso para ficar mais firme e foi na dificuldade que percebi que podia vencer. Ao invés de me entregar, que é o que eu faria, acabei não me entregando e optando por encarar, e dentro do hospital, já pedia uma alimentação mais saudável”. 

Com 7.432 mil seguidores no instagram, Luana incentiva as pessoas mostrando sua rotina de treinos e alimentação. Confira o perfil!

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Se você, que está aí do outro lado da tela se identificou com a história da Luana e está precisando de um 'empurrãozinho', ela mandou um recado. "Não é o mundo que tem que acreditar na sua capacidade, você tem que ter a capacidade de acreditar em si mesmo. Quando surgirem obstáculos em sua vida, não dê a eles o direito de tirarem sua determinação de obter sucesso. A caminhada é longa, mas a vontade de vencer é maior. Eu acredito em você".

Ansiedade

O Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo e o quinto maior com depressão. No total, 18,6 milhões de brasileiros viviam com algum transtorno de ansiedade em 2015 e 11,5 milhões de pessoas, com depressão no País.

Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 322 milhões de pessoas pelo mundo sofrem de depressão, 18% a mais que há dez anos. O número representa 4,4% da população do planeta.

No caso do Brasil, a OMS estima que 5,8% da população nacional é afetada pela depressão, o que coloca o País no quarto com a maior prevalência do problema de saúde. O ranking é liderado pela Ucrânia, com 6,3% da população em depressão. Estônia, Estados Unidos e Austrália estão na segunda posição, com 5,9%.

Obesidade

Um estudo divulgado em abril de 2017 pelo Ministério da Saúde revela que o excesso de peso no Brasil cresceu 26,3% nos últimos dez anos, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o problema é mais comum entre os homens: passou de 47,5% para 57,7% no período. Já entre as mulheres, o índice passou 38,5% para 50,5%.

O levantamento revela que, no Brasil, o indicador de excesso de peso aumenta com a idade e é maior entre os que têm menor grau de escolaridade. Nas pessoas com idade entre 18 e 24 anos, por exemplo, o índice é de 30,3%. Já entre brasileiros de 35 a 44 anos, o índice é de 61,1% e, entre os com idade de 55 a 64 anos, o número chega a 62,4%. Já na população com 65 anos ou mais, o índice é de 57,7%.

Em relação à escolaridade, 59,2% das pessoas que têm até oito anos de apresentam excesso de peso. O percentual cai para 53,3% entre os brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 48,8% entre os que têm 12 ou mais anos de estudo.

Reportagem: Thamiris Guidoni

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