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Site de leilões é clonado e faz vítimas no ES; especialistas dão dicas de como se proteger

Segundo analistas, relatos de crimes virtuais têm aumentado em todo o País; sites de pessoas comuns e até de órgãos públicos foram alvos de ataque nesta semana

Foto: Reprodução

Com as pessoas cada vez mais próximas do mundo virtual e se sentindo mais à vontade para interagir com sites de compras e aplicativos, o número de relatos de crimes cibernéticos também tem crescido, segundo especialistas.

Além de contas invadidas em redes sociais e de boletos falsos circulando em e-mails, os criminosos também atacam sites de pessoas comuns, empresas ou até mesmo de órgãos públicos. 

Uma das vítimas mais recentes no Espírito Santo foi o leiloeiro Alexandre Buaiz Neto, do Buaiz Leilões. Ele relatou que teve o site de leilões copiado e que pessoas acabaram caindo no golpe dos invasores. O site falso usava o máximo de informações possíveis para imitar o original, até com a réplica da logomarca da empresa. 

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Site falso copiou até a logomarca original da empresa para enganar as vítimas

Acreditando ser o site original, as vítimas realizaram depósitos em dinheiro. Porém, não receberam o produto leiloado, já que o site havia sido clonado.

A ocorrência foi registrada, inicialmente, na delegacia de Guarapari, onde fica o depósito dos veículos que estavam em leilão. Na ocasião, o proprietário foi informado que a cidade não possui delegacia especializada em crimes virtuais. O caso, então, foi encaminhado para Vitória e segue sob investigação.

"Fiquei sabendo do golpe depois que alguns clientes começaram a me ligar, para buscar os bens que tinham comprado. Conseguimos localizar o site falso e acionamos a polícia", contou Alexandre Buaiz Neto.

Nesta semana, o site do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi alvo de hackers e a transmissão das sessões de seis colegiados foi interrompida.

Recentemente, o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran) também foi alvo deste tipo crime. O órgão emitiu um alerta para a população sobre a existência de um site falso anunciando leilões eletrônicos online em nome do Detran. 

Segundo Eduardo Pinheiro, especialista em Tecnologia da Informação, é preciso que as pessoas criem um hábito para avaliar a segurança dos sites acessados para evitar ser vítima de um ataque cibernético.  

"Esse tipo de ataque com uso do ransomware, onde são criptografados os dados da vítima, tem aumentado muito nos últimos meses. Além de empresa e órgãos públicos, qualquer pessoa sofre esse tipo de ataque. Por isso, as pessoas precisam adquirir a cultura da segurança digital e criar o hábito de realizar backup (cópia de segurança) regularmente, bem como utilizar sempre software antivírus e manter atualizados seus sistemas e aplicativos", explicou.

A opinião também é compartilhada com Leonardo Camata, gerente de produtos da ISH Tecnologia. De acordo com o analista, com as pessoas tendo mais contato com o mundo virtual, elas acabam virando alvos fáceis de golpistas. Para ele, é preciso que os usuários criem hábitos comportamentais para garantir a própria segurança.

"A maioria das pessoas ainda não tem muita noção de como podem avaliar a segurança dos sites e aplicativos. E os hackers estão cada vez mais ousados e ágeis. Geralmente eles sobem estes sites falsos com endereços muito parecidos com o original e acabam enganando as vítimas. Existem programas que fazem essa clonagem automática, tudo muito rápido", disse Camata.

"É preciso sempre ter o 'pé atrás'. Nunca depositar valores sem ter certeza de que as contas são verdadeiras, não clicar em links enviados por terceiros, por mais que venham com os nomes das empresas", completou o especialista.

Internet não é 'terra de ninguém'

Apesar do mundo virtual ser vasto, na opinião dos especialistas, os autores deste tipo de crimes são rastreáveis. 

"É possível localizar esses criminosos, mas não é algo fácil. Muitas das vezes, os criminosos registram os endereços fora do Brasil, dificultando o rastreamento. Mas sempre há uma pista. Existe o domínio em que a pessoa registra o endereço. Ela pode ter feito algum tipo de pagamento, o que acaba sendo um ponto de partida para investigação", explicou Leonardo Camata. 

"É mais difícil você chegar no autor de um crime virtual do que em um criminoso do mundo físico. Mas acredito que as pessoas estão começando a perceber que as atitudes no ambiente virtual têm consequências", completou o especialista.

Como se proteger?

Foto: Divulgação

Da mesma forma que golpistas se renovam e conseguem novos meios de burlar os sistemas, as empresas especializadas em segurança tecnológica também se esforçam para pensar ferramentas capazes de proteger os usuários.

"Atualmente existem tecnologias que podem ser instaladas tanto em dispositivos moveis, quanto em computadores e notebooks. Há, no mercado,   ferramentas que a pessoa, ao acessar um site, recebe um alerta dizendo se o endereço tem ou não um certificado digital oficial. Funciona como se fosse um antivírus", explicou Camata.

Ainda segundo os especialistas, verificar o cadeado nos endereços eletrônicos continua sendo uma boa opção para os internautas. Além disso, a cautela em clicar em links é essencial para evitar golpes.

"Os criminosos se aproveitam de qualquer tipo de situação. As pessoas precisam desconfiar de facilidades e não acreditar em tudo que recebem e sair clicando nos links que carregam as armadilhas virtuais. Ao invés de clicar nos links recebidos nos e-mails ou por mensagens instantâneas, o melhor a fazer é ter cautela e buscar os canais ou sites dos órgãos oficiais para não correr o risco de cair em golpes", disse Eduardo Pinheiro.

"Antigamente havia mensagens que você já, de cara, via que era um golpe, mas hoje em dia as técnicas estão cada vez mais detalhadas, e os criminosos vão tentar esconder de todas as formas as fraudes. Por isso, é preciso muito cuidado", disse Camata.

O que diz a polícia

Sobre o caso do leiloeiro capixaba que teve o site clonado, a Polícia Civil informou, por nota , que as investigações sobre o caso específico estão em andamento por meio da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Guarapari.

Em relação ao Detran, o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada. 

A polícia informou ainda que não possui levantamento sobre estes casos específicos no Estado.

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