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China retira alerta de poluição, mas impacto econômico futuro não está claro

Redação Folha Vitória

Pequim - As autoridades da China levantaram o "alerta vermelho" de poluição na região de Pequim nesta quinta-feira. Agora, especula-se sobre qual vai ser o impacto econômico, se medidas do tipo se converterem em algo habitual em grandes cidades do país.

O vice-presidente da companhia Shahe Jindong Glass, Liu Zhiqi, disse que sua empresa tentava reduzir emissões, ao cortar em 50% sua produção nesta semana, ainda que isso signifique adiar algumas entregas. "Nós percebemos a seriedade da poluição e precisamos cooperar", afirmou ele, na fábrica localizada pouco mais de 400 quilômetros ao sul de Pequim.

Por ora, economistas dizem que alguns poucos dias de fábricas paradas ou funcionando parcialmente mal devem ser registrados no crescimento, ou pelo menos sofrer menos que, por exemplo, quando o governo determinou paralisações para uma parada militar que maçou o fim da Segunda Guerra, em setembro, e para um encontro de líderes mundiais no ano passado.

O alerta vermelho para a poluição do ar em Pequim, porém, ilustra o dilema de líderes sobre a possibilidade de sacrificar a atividade econômica, em um momento de crescimento já em desaceleração.

Por um lado, os líderes tentam reduzir a dependência de indústrias mais poluidoras. Economistas dizem que o quadro pode acelerar mudanças para indústrias mais limpas e de maior valor agregado, o que pode impulsionar o crescimento. Qualquer perda na atividade econômica, porém, é um desafio, no momento em que as autoridades lutam para atingir a meta de crescer "cerca de 7%" neste ano.

O fechamento de escolas e a determinação de que milhares de carros deveriam deixar as ruas são apenas alguns dos inconvenientes para os moradores da capital. Diretora do Centro Lieberthal-Rogel para Estudos Chineses da Universidade de Michigan, Mary Gallagher diz que os moradores de grandes cidades, como Pequim, devem mostrar logo insatisfação com esses alertas vermelhos, caso se tornem habituais.

Apenas em Pequim, cerca de 2.100 fábricas fecharam ou limitaram operações na região da capital, durante o alerta que durou dois dias e meio, segundo uma comissão municipal. Em setembro, mais de 10 mil fábricas foram paralisadas na preparação para a parada militar. Desta vez, "o impacto é transitório", disse o economista-chefe para Ásia da Mizuho Securities, Jianguang Shen.

Tanto em agosto como agora, autoridades determinaram a paralisação de construções, para limitar o pó gerado. Nessa época de fim de ano, porém, muitos canteiros de obra já estavam paralisados, por causa do inverno local.

Na maioria dos casos, os trabalhadores regulares continuaram a receber, durante as paralisações. Mas os temporários não recebem se não trabalham, o que pode gerar mais descontentamento e distúrbios se paralisações do tipo se tornarem comuns.

Economistas dizem que alertas frequentes no futuro poderiam gerar um impacto em muitos setores, como o turismo. No longo prazo, preveem que isso pode promover o senso de urgência que poderia ajudar a interromper a dependência de décadas do país da indústria para o crescimento.

Nesta quinta-feira, o Banco de Desenvolvimento da Ásia aprovou um empréstimo de US$ 300 milhões para Pequim limpar seu ar, ajudando a província de Hebei - em geral considerada a área que mais precisa de uma limpeza do tipo - a desenvolver programas para reduzir a poluição e guiar investimentos em energias verdes. Fonte: Dow Jones Newswires.

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