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Linhares é o município capixaba que mais desmatou a Mata Atlântica

Isso é o que mostra o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, lançado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Linhares, no litoral capixaba, foi o município que mais desmatou a Mata Atlântica entre 2014 e 2015, com a eliminação de 60 hectares de florestas (aproximadamente a área de 60 campos de futebol). No sentido inverso, Sooretama, no interior do Espírito Santo, foi a cidade que mais conservou o seu bioma, com 42,4% de sua área natural.

Isso é o que mostra o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, lançado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esses são os principais destaques do Estado do Espírito Santo no levantamento da ONG. 

 Sooretama, no interior do Espírito Santo, foi a cidade que mais conservou o seu bioma Foto: Divulgação/Governo

Neste ano, em que a SOS Mata Atlântica comemora seu 30º aniversário, o estudo mapeou os 100 municípios que mais desmataram o bioma entre 1985 e 2015. De uma lista de 100 municípios que mais desmataram nos últimos 30 anos, o Espírito Santo aparece com Linhares (25ª colocação), Mimoso do Sul (40º) e São Mateus (78º). Juntas, elas desmataram 17.805 hectares, ou 178 quilômetros quadrados, quase duas vezes a área da capital Vitória (93,38 km²).

“O Atlas dos Municípios é extremamente importante, pois traz um balanço de quais estados e municípios têm dado o devido valor à preservação das florestas nativas e do meio ambiente. Nesta edição, por meio do levantamento de 30 anos, conseguimos mapear a situação das cidades e esperamos que esse Atlas contribua para incentivar os novos governantes a conservarem a Mata Atlântica”, disse a diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota.

Confira os rankings por municípios:

>> Atlas dos 30 anos

O balanço de 30 anos do Atlas da Mata Atlântica mostra que as regiões Sul e Sudeste têm a maior quantidade de municípios entre os 100 que mais desmataram o bioma. Além das 40 cidades do Paraná, aparecem nesse levantamento os estados do Rio de Janeiro (13) e Santa Catarina (11) responderam por 64% desse ranking.

A Bahia tem 10 cidades no levantamento dos 100 municípios que mais desmataram a Mata Atlântica, seguida por Minas Gerais (9), São Paulo (6), Mato Grosso (4), Espírito Santo (3), Piauí (2) e Rio Grande do Sul (2).

O topo do ranking, com os 10 maiores desmatamentos entre 1985 e 2015, é liderado pelo Paraná, com cinco cidades. Em seguida vem o Rio de Janeiro (2), Bahia (2) e Santa Catarina (1).  Juntas, essas 10 cidades desmataram 169.858 hectares (1.698,58 quilômetros quadrados), área um pouco maior do que a da capital de São Paulo (1.522,9 km²).  

Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8, o Atlas da Mata Atlântica, que monitora o bioma há 29 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha). “Foram anos de trabalho para que pudéssemos consolidar uma base temática (mapa) que permite atualizações anuais consistentes. A possibilidade de o cidadão comum poder acompanhar a dinâmica da cobertura florestal do município onde reside é, sem dúvida, a materialização de uma intenção que tivemos no passado”, afirma Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.

>> Planos municipais da Mata Atlântica

Um dos instrumentos mais eficientes para que os municípios façam a sua parte na proteção da floresta mais ameaçada do Brasil é o Plano Municipal da Mata Atlântica, que reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, reforça que o plano traz benefícios para a gestão ambiental e o planejamento do município. 

“O PMMA é extremamente importante, pois é um plano que depende diretamente da ação da comunidade local em parceria com a sociedade para ser aplicado, diferente das outras leis do país. A aplicação do plano permite o desenvolvimento de políticas locais de meio ambiente” afirma Mario.

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