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Contestada no início, Escola Viva cresce no ES e supera 30 unidades em 2018

Outro projeto desenvolvido pelo Governo do Estado para o ensino médio, o Jovem de Futuro teve papel fundamental no resultado obtido pelo Espírito Santo no Ideb e no Saeb, segundo secretário de Educação

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/ES

Uma série de protestos de estudantes e professores da rede estadual de ensino marcou o início do programa Escola Viva no Espírito Santo, em 2015. Contrários à implantação do projeto de educação em tempo integral, os manifestantes fecharam vias e realizaram passeatas em diversas vias da Grande Vitória e no interior do Estado.

No entanto, quase quatro anos após o início do Escola Viva, a realidade é bastante diferente. De acordo com o secretário de estado da Educação, Haroldo Correa Rocha, a resistência ao projeto, por parte de alunos, pais de alunos e professores, caiu drasticamente de lá para cá.

"Realmente o Escola Viva começou com uma resistência alta e essa resistência é normal em qualquer processo de mudança. Muitos estudantes disseram, na época, que não aguentariam passar o dia inteiro na escola e que gostariam de continuar estudando em meio expediente. Hoje muitos daqueles que falaram isso dizem que o que não querem é sair do Escola Viva. Inclusive falam com colegas sobre o Escola Viva e os incentivam a fazerem parte do Escola Viva", destacou Rocha.

A realidade apontada hoje pelo secretário é confirmada pela estudante do segundo ano do ensino médio, Hellen da Silva, de 17 anos. Para a reportagem da TV Vitória/Record TV, a aluna do Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral Professor José Leão Nunes, em Vale Esperança, Cariacica, admitiu que, no início, não gostou muito da ideia de estudar em tempo integral, mas garante que hoje o pensamento é outro.

"Eu sempre ajudava minha mãe dentro de casa e também pensava nos meus amigos, porque, como era ensino médio, depois do estudo eles trabalhavam. Na época, todo mundo fez protesto porque a gente não queria de jeito nenhum a escola. Eu não queria e agora eu não quero mais sair daqui. Eles incentivam muito o aluno a seguir o seu caminho, incentivam o aluno a pensar no seu futuro e na vida", afirmou.

O Escola Viva foi um dos programas desenvolvidos pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), no atual governo, para os estudantes do ensino médio da rede estadual de ensino. Segundo Haroldo Correa Rocha, a proposta do Escola Viva é formar o aluno para além do conhecimento científico, ou seja, permitir que ele tenha uma formação como pessoa.

"É uma escola diferente, de educação integral. Uma escola do século 21, que valoriza o projeto de vida de cada aluno. Ela tem o compromisso de formar o jovem, mas também de permitir que ele seja autônomo, que tenha o controle da sua vida, para decidir o seu próprio caminho. E é importante que ele faça isso pensando em toda a sociedade, que seja solidário".

Confira reportagem da TV Vitória sobre um dos trabalhos desenvolvidos no Escola Viva:

Atualmente o Espírito Santo conta com 32 unidades do Escola Viva, que atendem cerca de 21 mil estudantes do ensino médio. Segundo o secretário, para o ano que vem estão previstas mais quatro unidades. "Nossa meta era chegar em 2018 com 30 escolas e conseguimos superá-la. O planejamento é chegar em 2030 com 300 unidades do Escola Viva em todo o Estado", afirmou.

Haroldo Rocha, no entanto, frisou que, para que isso aconteça, é preciso que o próximo governo dê continuidade ao que foi iniciado na atual gestão. "Vamos deixar 2019 totalmente planejado, licitado e contratado, para que não haja problemas na continuidade. Teremos um governo novo e cabe a ele tomar decisões, avaliar cada programa e fazer os ajustes necessários. No nosso juízo, o que realmente é desejável, do ponto de vista das políticas públicas e do cidadão, que é quem paga os impostos, é que as políticas tenham continuidade. Em educação, o resultado não vem em um só governo".

Outros programas

O secretário destacou ainda que, além do Escola Viva, o atual governo implantou outros dois projetos na área da educação: o Jovem de Futuro, para estudantes do ensino médio, e o Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes), voltado para crianças e adolescentes da educação infantil e ensino fundamental.

"Nossos três programas foram inspirados em experiências bem sucedidas no Brasil. O Escola Viva teve origem em Pernambuco. Buscamos para o nosso Estado e fizemos as devidas adaptações. O Jovem de Futuro foi desenvolvido há dez anos, em Goiás e no estado de São Paulo, e hoje está presente em seis estados, entre eles o Espírito Santo. E o Paes foi inspirado em um modelo no Ceará", frisou.

Foto: Divulgação
Haroldo Rocha destacou a criação de três programas voltados para a área de educação no Estado

De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, o Espírito Santo possui o melhor ensino médio do país. Além disso, os estudantes do ensino médio no Espírito Santo obtiveram o melhor desempenho nacional nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, segundo a edição 2017 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Haroldo Rocha afirmou que o programa Jovem de Futuro teve papel fundamental no resultado obtido pelo Espírito Santo, tanto no Ideb quanto no Saeb. "O programa possui uma metodologia de planejamento e gestão visando melhorar a aprendizagem a partir da mobilização da equipe gestora, dos professores e pedagogos e dos estudante de cada escola. Atualmente ele está presente em 240 escolas da rede estadual. Como é o programa que abrange a maior parte das nossas unidades do ensino médio, foi o que mais alavancou o resultado que o Espírito Santo obteve no Ideb e Saeb", afirmou.

Já o Paes, segundo o secretário, é uma iniciativa que tem como objetivo fortalecer a aprendizagem das crianças desde a educação infantil até as séries finais do ensino fundamental, desenvolvida a partir do estabelecimento de um regime de colaboração entre o estado e as redes municipais de ensino.

"O Paes é uma ferramenta que visa não só garantir a melhoria do ensino fundamental, mas também do ensino médio. Se o estudante tiver uma base melhor no ensino fundamental, provavelmente ele terá um melhor desempenho no ensino médio. Se agora o programa Jovem do Futuro foi fundamental para o resultado obtido pelo Espírito Santo no Ideb e Saeb, o Paes foi implementado para garantir ao Estado o melhor ensino médio na próxima década", ressaltou Rocha.

Tecnologia em sala de aula

O secretário destacou também o alto investimento feito pelo Governo do Estado para equipar as escolas com equipamentos digitais. Segundo ele, a tecnologia é uma ferramenta fundamental para viabilizar um novo modelo de educação, no qual professores e estudantes assumem papéis distintos em relação a décadas anteriores.

"Além da atitude, do olhar, do trabalho do professor, é importante que a escola se organize de forma a propiciar ao jovem muito mais trabalho de autoria do que de receptor de conhecimento. Antigamente, quando o conhecimento não mudava, a escola era uma plataforma que servia para passar conhecimentos aos indivíduos, que trabalhavam com aquele conhecimento. Hoje o mundo mudou e o aluno não deve apenas receber um estoque de conhecimento, mas deve ser levado a receber o conhecimento. Precisa aprender a aprender. Hoje o estudante não quer mais ser ouvinte, ele quer ser autor. E essas mudanças, de atitude do professor e da participação do aluno, só se viabilizam com a escola utilizando tecnologia digital", destacou Haroldo Rocha.

Para expandir as oportunidades de aprendizagem dos estudantes por meio da experiência digital, a Sedu desenvolveu o programa Sedu Digit@l. A proposta é desenvolver uma cultura/experiência digital integrada ao desenvolvimento e fortalecimento do currículo escolar, por meio de formação e assessoramento aos professores, do uso de metodologias ativas, do estímulo ao engajamento dos estudantes e à produção de conhecimento e a valorização das produções escolares.

"Estamos terminando de equipar as escolas com fibras óticas, internet rápida, WiFi, notebook para os alunos, entre outros recursos, para que a tecnologia seja uma aliada nesse formato da educação", finalizou o secretário.

Reconhecimento

Outra ação desenvolvida pela Sedu foi a criação do Prêmio Boas Práticas na Educação, que reconhece os melhores projetos e trabalhos desenvolvidos por profissionais da rede estadual de ensino. Na edição deste ano, o prêmio contemplou os vencedores com uma viagem para o Chile. A TV Vitória/Record TV acompanhou a cerimônia de premiação.


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