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Abastecimento de água será suspenso por tempo indeterminado em cidades capixabas

Autoridades estaduais e municipais acompanham o avanço da mancha em tempo real. Por uma orientação da ANA, os municípios devem cessar o abastecimento de água

A população dos municípios banhados pelo Rido Doce se prepara para cortes no abastecimento em diversas cidades, assim que a “onda” de lama com rejeitos de minério chegar ao Espírito Santo. O rio faz parte da maior bacia hidrográfica totalmente incluída na região Sudeste, que abastece a centenas de milhares de habitantes.

O Rio Doce, em Colatina, deve ser atingido pela mancha de lama na madrugada Foto: Fred Loureiro/Divulgação/Governo

Autoridades estaduais e municipais acompanham o avanço da mancha em tempo real e estimam que a lama chegue ao município de Baixo Guandu, entre o meio-dia e ás 15 horas desta segunda-feira (9). Por uma orientação da Agência Nacional de Águas (ANA), os municípios devem cessar o abastecimento de água quatro horas antes de a lama chegar ao município.

“Hoje de manhã nós tivemos uma reunião com as defesas civis municipal e estadual para definir os próximos passos. A ‘avalanche’ já chegou na cidade de Conselheiro Pena e nas próximas horas deve chegar a Baixo Guandu. Nós já estamos pensando, inclusive, em como vamos acionar a Samarco judicialmente”, disse o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), em entrevista a uma rádio do Estado.

O secretário Estadual de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, que está em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, afirmou que a volta do abastecimento dependerá da análise da qualidade da água.

“A suspensão do abastecimento será feita aproximadamente quatro horas antes de a lama chegar à cidade. Já a liberação deve ser feita após as análises da água nos laboratórios credenciados. Por isso, não há previsão de quando o abastecimento será liberado nas cidades”, afirmou.

O prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski (PT), afirmou que o município trabalhará em três frentes para o abastecimento da cidade de mais de 110 mil habitantes. A expectativa da prefeitura é que a lama chegue à cidade por volta das 04 horas desta terça-feira (10). O abastecimento deve ser cortado à meia-noite.

Uma obra é feita em Linhares desde o final de semana para desvio da "onda" de lama no rio Foto: Divulgação/Prefeitura

“Nós estamos trabalhando em três frentes. Uma com caminhões pipa com água tratada vinda de Linhares, isso para abastecer hospitais, clínicas, laboratórios e presídios. A segunda frente será feita a coleta de água bruta de uma lagoa da cidade para tratamento na estação e, assim, a distribuição em locais definidos. Já a terceira frente será a de prioridade para abastecimento para famílias em situação vulnerável, com pessoas acamadas e com crianças pequenas”, explicou.

Já na cidade de Linhares, última a ser afetada, o abastecimento no município de 160 mil habitantes não será prejudicado. Isso porque aa captação de água na cidade é feita no Rio Pequeno. Em entrevista, o secretário municipal de Meio Ambiente, Rodrigo Paneto, afirmou que a lama deve chegar ao município na tarde da próxima terça-feira (10).

“Desde quando nós tivemos conhecimento do acidente e de que a água podia chegar ao Estado, começamos uma mobilização para os trabalhos de barragem para que a captação de água não seja tão prejudicada. Importante ressaltar que Linhares não terá o abastecimento comprometido, e pedimos que a população ribeira do Rio Doce e os pescadores não pesquem e não tenham contato com a água porque nós não sabemos exatamente o a composição da água".

O caso

Tragédia devastou cidade Foto: Reprodução/Record Minas

Uma barragem de rejeito da empresa de mineração Samarco se rompeu na tarde desta quinta-feira (05), entre os municípios de Mariana e Ouro Preto, a cerca de 110 quilômetros de Belo Horizonte. A barragem de rejeito é uma estrutura para armazenar resíduos da mineração. Pelo menos 128 residências foram atingidas pela onda de lama e dejetos na cidade.

Na manhã da última sexta-feira (06), moradores da cidade de Rio Doce, na Zona da Mata, foram surpreendidos pelo avanço dos rejeitos de minério de ferro no leito do rio. Ainda na sexta-feira, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou alerta para os municípios de Colatina, Linhares e Baixo Guandu, localizados às margens do Rio Doce no Espírito Santo.

Área afetada pelo rompimento de barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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