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Limite de dados para banda larga pode gerar mais desemprego, avalia especialista capixaba

A partir de 2017, as maiores empresas do país planejam regular os pacotes por limite de dados, mesmo modelo de franquia usada com a internet móvel

O corte tem causado repercussão nas redes sociais Foto: Divulgação

O anúncio de alteração nos planos comercializados pelas grandes operadores de banda larga no Brasil tem gerado muita dor de cabeça. A partir de 2017, as maiores empresas do país planejam regular os pacotes por limite de dados, mesmo modelo de franquia usada com a internet móvel. 

A alteração é permitida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) se a operadora informar ao usuário sobre o consumo mensal e alertá-lo quando a franquia se aproximar do limite contratado.

Para o especialista em mídias sociais, Fernando Mendes, a alteração dos planos pode ser analisada sob dois pontos de vista bem diferentes. “É uma perda e um prejuízo enorme para o consumidor, que ainda está reagindo à situação. É um retrocesso, claro, mas isso tem dois lados. Ao mesmo tempo que representa um retrocesso, também é uma oportunidade de entrarem novas empresas no mercado”, explica.

O especialista ainda esclarece que a mudança nos planos comercializados pelas operadoras pretende fazer com que o consumidor pague um valor a mais para manter a qualidade do serviço.

“Sou contra a qualquer tipo de limite. O que eles estão tentando fazer é a mesma coisa que acontece com a franquia de dados móveis. As telefônicas estão se unindo para fazer com que o consumidor pague mais caro para manter a qualidade do serviço. Uns acham que vai contra ao Marco Civil, e outros dizem que tem regulamentação para isso porque o mercado é livre para você comprar ou não o serviço. O que eles não podem fazer é me cobrar de acordo com o que estou acessando para não ferir a neutralidade da internet. Quiseram cobrar pelo tipo de consumo e não pela conexão, mas o Marco Civil veio e defendeu a neutralidade”, conta.

Na opinião de Fernando Mendes, um possível boicote à alteração dos planos não vai acontecer porque a internet é um serviço essencial, e as grandes empresas disponíveis no mercado estão unidas.  

“O boicote é difícil. Se você tem uma empresa, por exemplo, não tem como boicotar e não usar a internet. A internet é considerada um serviço essencial. Não tem como boicotar, principalmente porque as grandes empresas estão se unindo, então você não tem muitas opções para boicote. O abaixo-assinado tem se mostrado muito eficaz”, reflete.

Fazer com que os consumidores gastem mais pode, segundo o especialista, trazer outros problemas como desemprego. “Principalmente no momento de crise que o país vive é muito complicado você aumentar o custo ainda mais, tanto das famílias quanto das empresas. Imagina se você aumenta o custo das empresas, elas terão que arcar com esse custo maior de um serviço considerado essencial. Vai ter impacto e pode gerar mais desemprego”.

 Abaixo assinado

O assunto tem gerado tanta repercussão que rendeu uma petição nacional

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) entrou com uma ação judicial para impedir as operadoras de limitarem o acesso à internet por meio de uma franquia, tanto em celular, tablets e outros dispositivos móveis quanto em conexões fixas.

Na ação, foi pedida liminar contra as operadoras Vivo, Oi, Claro, TIM, e NET para que elas não possam comercializar novos planos com previsão de bloqueio à conexão no fim da franquia do 3G e da internet fixa.

Segundo a associação, o Marco Civil da internet deixa claro que uma operadora de telecomunicações só pode interromper o acesso de um se este deixar de pagar a conta.

 O que dizem os consumidores:

A arquiteta e urbanista Aila Comério utiliza a internet diariamente para trabalhar. Ela, que desenvolve e envia projetos no computador, conta que a alteração dos planos vai afetar diretamente o serviço.

“Uso bastante a internet para trabalhar. Tem a parte inicial, em que nós precisamos buscar referências na internet, o desenvolvimento do projeto, onde utilizamos programas para baixar blocos e materiais, e por fim, precisamos enviar o projeto. Além do e-mail, que precisa ter uma boa caixa de entrada com armazenamento, também dependo da internet. Se minha internet ficar pior, não vai dar. A limitação vai prejudicar com certeza, talvez quem utiliza a internet só para lazer não sofra tanto. Mas para quem trabalha com isso vai ser difícil e vai dar uma limitada na vida. Não sei quais seriam os pontos positivos”, diz.

Já o estudante Rogi Cezarino precisa da internet para trabalhar, estudar e ainda colocar as séries em dia no Netflix. Para ele, as operadoras precisam priorizar o atendimento ao cliente e não visar apenas o lucro.

“Vejo muitas séries, são uns três episódios, no mínimo, por dia. Afeta minha liberdade e, infelizmente, as companhias estão usando de abuso a nós. Isso é porque o povo aceita e não reclama. É lamentável ter companhias que só visam lucros exorbitantes. A gente precisa ter livre mercado e a Anatel não pode liberar essa mudança. O livre mercado tem que visar não só lucro, mas o atendimento ao cliente. Está na hora dos brasileiros reclamarem dos preços altos", reflete.

A assessora de comunicação Priscilla Neto usa a internet para serviços conhecidos mundialmente: Neflix e Spotify.  Ela, que está acostumada a assistir séries diariamente, a alteração vai atrapalhar o lazer.

“Uso basicamente a internet para assistir Netflix, ouvir música no Spotify e baixar seriados. A mudança seria uma grande desvantagem e desperdício para a população. Na verdade, é um retrocesso igual ao que eles fizeram com o 3G. Sou a favor do boicote, mas acredito que não vai funcionar porque as pessoas precisam da internet. Não temos essa opção de não aderir. Vejo série todos os dias, são mais de duas horas por dia em média. Vejo como um retrocesso, o futuro é ter internet cada vez mais livre e não cada vez mais limitada”, aponta a assessora.

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