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Professor perdido no Pico da Bandeira usou técnicas de sobrevivência

Antônio Teodoro Dutra Junior está na Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, e deverá permanecer internado na unidade até o próximo sábado (15), para ser submetido a exames

Uma barra de chocolate foi a alimentação do professor Antônio Teodoro Dutra Junior, de 43 anos, que estava desaparecido desde a madrugada do último domingo (9), no Parque Nacional do Caparaó, nos últimos dias. Ele usou técnicas básicas de sobrevivência, que o manteve bem até ser localizado pelas equipes de buscas.

O professor está internado na Santa Casa de Guaçuí, onde passa por exames e está recebendo os cuidados médicos. A previsão é que ele tenha alta hospitalar no próximo sábado (15). Ele está acompanhado do pai e dos irmãos, que também acompanharam as buscas desde a última segunda-feira (10).

Antônio conta que tinha uma barra de chocolate guardada na mochila, e esse foi seu alimento durantes esses dias perdidos. “Comi uma barra de chocolate meio amargo de domingo até hoje. Sobrevive”, conta.

Além de professor, Antônio é tenente da aeronáutica, e usou técnicas de sobrevivência enquanto aguardava pelo socorro. “Estava muito frio. A água estava muito fria. Baixava o mato com o peito para deitar à noite, mas não conseguia dormir e ficava acordado tremendo de frio”, continua.

Ele foi localizado na área do parque, pelo lado do Espírito Santo, próximo a um restaurante no município de Ibitirama, às margens do rio. Antônio foi encontrado lúcido e caminhando em direção ao leito do rio, uma técnica de sobrevivência. “Foi uma aventura inesperada. Estou bem e gostaria de agradecer ao pessoal do resgate e as pessoas que torceram por mim, pois foi isso que me deu forças”, completa.

Sobrevivência

As técnicas de sobrevivência compõem um conjunto de práticas emergenciais que, compreendidas, treinadas e aplicadas em situações extremas, permitem que a pessoa se mantenha fisicamente íntegra, permitindo o resgate ou que encontre uma saída para os problemas. As técnicas básicas acabam se tornando essenciais em caso como esse do professor.

O instrutor de Voo Livre e ex-integrante da Brigada Paraquedista, Samuel Almeida de Souza, explica o treinamento básico de sobrevivência na selva, quando a pessoa não sabe o que fazer, é sempre seguir o curso do rio. 

“O posicionamento de rios é o básico. Seguir um curso para chegar um outro maior, e assim, chegar a civilização”.

Outro fundamento lógico, segundo ele, é que se tem um rio e um curso d’água, os animais que vão até o local beber água podem virar o alimentar, além de também poder pescar. “No cenário do Caparaó, a água não é um problema nesse caso do professor. Ele pode ter encontrado dificuldade com a comida, mas a água não foi tão difícil, de acordo com as técnicas básicas de sobrevivência”, continua.

Uma técnica importante para sobreviver na selva é a identificação de alimentos venenosos. “Todo alimento que termina com a sigla CAL (cabeludo, amargo e leitoso), é venenoso. Quando tiver essas três propriedades, o alimento deve ser evitado”, ressalta.

Samuel frisa ainda que uma fogueira é o ideal para manter o corpo aquecido, principalmente, nesta época do ano em que as temperaturas no Caparaó ficam baixas. “A fogueira também é o básico. O fogo faz total diferença na questão da sobrevivência. Em termos de roupas, o professor deveria supostamente estar preparado para aguentar as baixas temperaturas”, completa.

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