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Obra contra crise hídrica vira 'toboágua' na Grande São Paulo

Obra contra crise hídrica vira ‘toboágua’ na Grande São Paulo Obra contra crise hídrica vira ‘toboágua’ na Grande São Paulo Obra contra crise hídrica vira ‘toboágua’ na Grande São Paulo Obra contra crise hídrica vira ‘toboágua’ na Grande São Paulo

São Paulo – Após inundar ruas e imóveis em Ribeirão Pires e ser temporariamente embargada pela prefeitura, a transposição de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê virou um arriscado ponto de lazer e esporte de aventura para os moradores da cidade do ABC paulista. A obra foi feita pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e inaugurada em setembro de 2015 pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para evitar o rodízio oficial no abastecimento de água da região metropolitana.

Desde meados de dezembro do ano passado, quando a transposição atingiu 100% da capacidade de transferência, crianças e até adultos têm aproveitado a força dos 4 mil litros de água bombeados por segundo para nadar e praticar a modalidade “boia cross”, em que a pessoa desce o rio sobre uma boia, sem equipamentos de proteção. A diversão ocorre aos finais de semana em dias de calor no canal construído pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para evitar o assoreamento do Rio Taiaçupeba-Mirim com a transposição da Billings.

“Depois de tanto problema, o canal virou agora a grande atração da molecada. Nos finais de semana isso aqui enche de gente . Acho um pouco perigoso porque o pessoal fica muito perto do local onde a Sabesp lança a água”, disse o representante comercial Sérgio Leão, de 42 anos, morador vizinho ao canal. A Sabesp informou que entrará em contato com o DAEE e com a Prefeitura de Ribeirão Pires para discutir a instalação de placas de sinalização ao longo do canal, alertando para o risco de balneabilidade no local.

Em outubro, a reportagem revelou que duas semanas após ter sido inaugurada por Alckmin com quatro meses de atraso, a transposição de água da Billings para o Alto Tietê foi paralisada para que o DAEE fizesse o desassoreamento e a canalização do Rio Taiaçupeba-Mirim no local de lançamento da água. À época, a Prefeitura de Ribeirão Pires havia embargado a obra porque o bombeamento inundou ruas e imóveis do bairro Ouro Fino.

Após acordo entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a Sabesp e o DAEE, o bombeamento foi retomado em outubro com apenas 1 mil litros por segundo, 25% da capacidade, até que as obras para mitigar os impactos da transposição fossem concluídas. A transferência de água foi elevada gradativamente até atingir plena carga no dia 11 de dezembro, segundo a Sabesp. A obra custou cerca de R$ 130 milhões e havia sido prometida por Alckmin para maio de 2015.

A água é captada pela companhia do Sistema Rio Grande, braço da Billings que não sofreu com a estiagem, para a Represa Taiaçupeba, em Suzano, onde fica a estação de tratamento de água do Sistema Alto Tietê, que abastece a porção leste da Grande São Paulo. O líquido percorre cerca de 11 km por uma tubulação construída pela Sabesp até ser lançada no Rio Taiaçupeba-Mirim, onde segue por mais 11 km até a Represa Taiaçupeba. Segundo o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, essa é a principal ação emergencial para evitar o rodízio na capital e ajudar a recuperar o nível do Sistema Alto Tietê.