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ONG adota modelo de franquias sociais

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Metas, indicadores de performance, gratificação de líderes e plano de carreira. Em geral, mecanismos de trabalhos como esses são associados a grandes empresas. Mas há quem replique esse tipo de metodologia com outro objetivo que não seja o lucro.

É o caso da ONG Gerando Falcões, de Poá, na Grande São Paulo, que utiliza uma metodologia de trabalho social inspirada no modelo da Ambev. Para o fundador da instituição, Eduardo Lyra, de 30 anos, a mudança profissionalizou a logística e a gestão que há por trás da estrutura que atende cerca de 1,2 mil famílias. São atividades esportivas, artísticas, profissionais e de reinserção social que encaminharam cerca de cem pessoas para vagas de emprego.

Agora, esse modelo de trabalho chegará a outros cantos do País por meio de um sistema de franquias sociais, semelhante ao aplicado por instituições como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o Projeto Pescar.

No caso da Gerando Falcões, a seleção de franquias se dá por meio de uma convocatória, que seleciona líderes comunitários em favelas brasileiras. Ontem, foi lançada na Vila Prudente, zona leste de São Paulo, a primeira unidade fora de Poá. Para junho, será a vez da sede maranhense, que estará vinculada ao projeto alagoano Manda Ver.

Assim como no setor privado, as franquias seguirão o modelo da matriz. Mas o retorno esperado não é financeiro: é o cumprimento de metas sociais, como, por exemplo, o número de crianças atendidas.

O aporte para a expansão, com duas unidades em 2018 e dez em até cinco anos, é financiado por grandes empresários brasileiros, como Jorge Paulo Lemann (Ambev), Carlos Wizard (Mundo Verde), Daniel Castanho (Anima Educação) e Flávio Augusto da Silva (Wise Up). Os envolvidos preferem não divulgar os valores.

“Depois que comecei a conectar empresas que são pagadoras de impostos, auditadas e têm transparência, a Gerando Falcões cresceu exponencialmente, com resultados práticos: mais jovens atendidos, ex-presidiários que colocaram armas no chão, com oportunidades e a chance de fazer isso no Brasil inteiro”, defende Lyra. Segundo ele, a metodologia de trabalho da ONG é uma das características que mais atrai apoiadores, pois o retorno é mensurado com mais facilidade.

Presidente do Lide Empreendedor Social, Lyra começou a se envolver em ações sociais em meados de 2013, quando lançou o livro Jovens Falcões (editora Novo Século), com histórias de jovens brasileiros de destaque, como o youtuber Felipe Neto e a empresária Bel Pesce. A renda obtida com a venda lhe garantiu recursos para dar palestras em escolas públicas sobre empreendedorismo, o que, por sua vez, lhe rendeu o primeiro grande investimento externo – de R$ 100 mil -, usado para fundar a ONG.

Entre indicações, e-mails e outras formas de aproximação, Lyra chegou a grandes empresários, como Lemann, que considera um mentor. Foi após uma conversa com Lemann que surgiu a ideia da franquia social. “Perguntei como poderia ser um líder melhor para o País. Ele disse que eu deveria encontrar outros ‘Edus’. Meu sonho é criar a maior rede de ONGs do planeta e mudar as favelas do Brasil.”

‘Edus’

Para as franquias, Lyra abriu a convocatória e escolheu dois novos “Edus”. Um deles é Cesar Gouveia, de 27 anos, jornalista e criador do jornal Vozes da Comunidade, que também dá oficinas de comunicação e aulas de futsal na Vila Prudente.

Agora, as oficinas serão expandidas. Para Gouveia, a diferença está na gestão. “É diferente de outras oportunidades que tive, é aperfeiçoado.” O outro selecionado é o alagoano Carlos Jorge, de 31 anos, que divide as atividades da ONG com o emprego de motorista. “Nosso trabalho também é despertar a sede de mudar”, diz ele, que promove atividades num bairro pobre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.