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ONU firma acordo com Etiópia para permitir acesso humanitário ao Tigré

ONU firma acordo com Etiópia para permitir acesso humanitário ao Tigré ONU firma acordo com Etiópia para permitir acesso humanitário ao Tigré ONU firma acordo com Etiópia para permitir acesso humanitário ao Tigré ONU firma acordo com Etiópia para permitir acesso humanitário ao Tigré

A ONU firmou um acordo com o governo da Etiópia para permitir o acesso de ajuda humanitária à região do Tigré, impactada há um mês por um conflito armado, confirmaram fontes das Nações Unidas à Agência Efe nesta quarta-feira, 2.

O acordo garante que “as organizações humanitárias tenham acesso livre, sustentado e seguro para o pessoal humanitário e suprimentos a áreas sob controle do governo federal na região do Tigré”, disse o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) para a África Oriental, Saviano Abreu, em Nairóbi.

O acesso ao Tigré, onde centenas de pessoas morreram devido à guerra, mais de 45 mil fugiram da violência para o vizinho Sudão e 600 mil pessoas já dependiam de ajuda alimentar antes mesmo do início do conflito, será efetivado a partir desta quarta-feira com uma missão na vizinha região etíope de Afar.

A ONU estima que mais de um milhão de pessoas podem precisar de assistência como resultado da guerra no Tigré, uma região com pouco mais de cinco milhões de pessoas, 5% da população da Etiópia (cerca de 110 milhões de pessoas).

A comida está acabando para 96 mil refugiados eritreus em Tigré. E os médicos da capital local, Mekelle, estavam com falta de analgésicos, luvas e sacos de dormir, disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no fim de semana.

Até agora, a Etiópia proibia a entrada de trabalhadores humanitários em Tigré, região que faz fronteira com Eritreia e Sudão, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu na semana passada a garantia de acesso para as agências humanitárias.

A assistência à população afetada pelo conflito “será baseada estritamente nas necessidades das pessoas afetadas e será realizada de acordo com nossos princípios de humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade”, disse Abreu.

“Estamos trabalhando para garantir que as pessoas afetadas pelo conflito sejam assistidas sem distinção ou discriminação de qualquer tipo e que a assistência se baseie unicamente na urgência de suas necessidades”, acrescentou o porta-voz da OCHA.O acordo foi anunciado depois que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, declarou no sábado que o governo central havia conseguido o “controle total” da capital regional, Mekele.

Telecomunicação reestabelecida

Neste conflito, é complicada a tarefa de verificar a versão de ambos os lados, pois tanto a comunicação via internet como a comunicação telefônica foram cortadas, e o governo etíope restringiu o acesso dos jornalistas ao Tigré.

Abiy, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, rejeitou os apelos internacionais para a cessação das hostilidades contra a Frente Popular de Libertação do Tigré (FPLT).

As telecomunicações em meia dúzia de cidades em Tigré foram parcialmente restauradas, disse a Ethio Telecom na quarta-feira. A estatal disse que está usando fontes alternativas de energia e consertando danos à rede.

Cidades reconectadas incluíram Dansha, Humera e Mai Kadra, todas controladas pelos militares.

Abiy Ahmed declarou vitória após a queda de Mekelle no fim de semana, enquanto os líderes da TPLF fugiam para as montanhas.

Na quarta-feira, ele mudou o foco para a eleição parlamentar do próximo ano, reunindo-se com partidos políticos e funcionários eleitorais sobre a votação de meados de 2021, disse seu gabinete.

Seu governo adiou as eleições neste ano por causa da pandemia de covid-19, mas Tigré foi em frente e reelegeu o TPLF, um movimento guerrilheiro que virou partido político. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)