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Para analista, mudança de ministros não causou impacto que Benítez esperava

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Com protestos diários desde a sexta-feira e o governo de Mario Abdo Benítez anunciando mudanças nos ministérios para acalmar a população descontente com a gestão da pandemia, o desgaste político do presidente paraguaio está evidente e torna o papel da ala do Partido Colorado, ligada ao ex-presidente Horacio Cartes, determinante.

“Estamos diante de um desgaste muito importante. E os novos titulares (dos ministérios), apesar da expectativa, não causaram a onda positiva que o governo precisa neste momento”, explica o analista político paraguaio Felipe Goroso. A seguir, trechos da entrevista concedida por ele ao Estadão.

O julgamento político de Benítez é algo provável hoje?

É uma possibilidade latente. Na verdade, é a segunda vez que esse tema integra o debate nacional desde que Mario Abdo Benítez assumiu.

Quem são os principais atores dessa crise política?

Além de nomes em particular, toda a gestão atual está em xeque, particularmente o sistema de saúde.

Os novos ministros levam o bloco cartista, do Partido Colorado, a apoiar Benítez?

O cartismo, junto com o movimento Honra Colorado e suas bancadas de deputados e senadores, apoiou iniciativas do Executivo, como créditos e mais verba para áreas sociais. O problema das mudanças no gabinete é que quem saiu deveria ter saído há meses ou anos. Estamos diante de um desgaste muito grande. E os novos titulares, apesar da expectativa, não causaram a onda positiva que o governo precisa neste momento.

O que pode levar o bloco Honra Colorado a mudar de posição?

Primeiro, é preciso esperar que o pedido de impeachment seja feito, o que ainda não ocorreu. Até agora foram anúncios das bancadas de partidos opositores. Sem esse passo, é muito difícil dar o cenário futuro, que é o ambiente da discussão propriamente dita. O que os cartistas deixaram muito claro é que são necessárias mudanças profundas no governo de Mario Abdo.

O que a oposição pode fazer?

Basicamente, cumprir com o que anunciaram, apresentar o julgamento político. Isso dará previsibilidade e certeza da sua linha discursiva. O impeachment é uma ferramenta muito importante que não deve ser usada sem reflexão.

O silêncio do presidente não piora a situação?

O presidente está muito mal assessorado na área de comunicação, esse é um tema que, a essa altura, está muito claro. Até agora, ele enviou apenas uma mensagem em cima da hora, que não causou expectativas na população. Outro problema é sua assessoria política. Em todos os países estão ocorrendo manifestações, algumas mais fortes do que outras, mas isso não foi antecipado pelo governo paraguaio.

Diante dessa crise política, a questão de saúde não fica em segundo plano?

Alguns acreditam que sim, mas eu acho que não. No fundo de tudo isso está uma reclamação legítima de melhorar todo o sistema de saúde que se mostrou frágil e pouco preparado para um cenário de pandemia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.