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Para especialistas, 'autonomia da vontade' prevalece

Para especialistas, ‘autonomia da vontade’ prevalece Para especialistas, ‘autonomia da vontade’ prevalece Para especialistas, ‘autonomia da vontade’ prevalece Para especialistas, ‘autonomia da vontade’ prevalece

São Paulo – Especialistas no chamado biodireito receberam com surpresa a decisão da Justiça que obriga José Humberto Pires de Campos Filho a passar por hemodiálise. “Um dos mais importantes princípios da bioética é o da autonomia da vontade. Se o paciente não quer passar por determinado procedimento, ninguém pode obrigá-lo, a não ser que haja incapacidade de consentimento por parte dele”, diz a advogada Ana Cláudia Scalquette, presidente da comissão de biodireito da seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).

“O rapaz é maior de idade e parece ter noção total da realidade e capacidade plena de decidir. As decisões que ele toma têm repercussão exclusivamente sobre o corpo dele. Eu entendo que a mãe fique desesperada e acho que o juiz se compadeceu disso. No entanto, isso fere a autonomia do indivíduo. Considerá-lo incapaz de decidir por uma ‘imaturidade emocional e afetiva’ parece uma avaliação muito subjetiva”, afirma o advogado Gilberto Bergstein, professor do Insper e também membro da comissão de biodireito da OAB-SP.

Já Reinaldo Ayer, professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP e conselheiro do Cremesp, considera a decisão benéfica no sentido de dar ao paciente a oportunidade de entender melhor as possibilidades do seu tratamento. “Faltou construir uma relação médico-paciente em que o jovem pudesse conhecer tudo que a Medicina ainda tem a oferecer, o que poderia mudar sua perspectiva sobre a doença”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.