A rotina da pandemia alterou vários protocolos dentro e fora de casa. Nos hospitais são vistas ainda mais transformações. Uma delas, por exemplo, diz respeito a transferência de pacientes entre unidades hospitalares. A partir de uma portaria da secretaria de saúde do Estado, os pacientes internados poderão ser transferidos sem necessitar da autorização de um familiar.
Segundo a pneumologista Cilea Martins, a mudança visa salvar mais vidas. “Como nós estamos num momento de pandemia, que é uma situação extrema e de gravidade, onde temos pacientes com possibilidade de óbito em questão de horas, o médico as vezes, dependendo da situação, não tem tempo de avisar parentes ou pessoas que convivem com aquele paciente”, disse.
De acordo com Nésio Fernandes, secretário de Saúde do Estado, a transferência será adotada quando o paciente estiver internado num hospital de referência e esteja apresentando melhoras. Ele continuará sendo atendido, porém em outro local.
“Quando já temos um paciente que já está evoluindo para cura, ou que tem um quadro clínico mais simples, e está ocupando leito num hospital de referência, que pode receber pacientes graves, que serão beneficiados com aquele leito, nós estabelecemos a possibilidade de uma norma no Estado do Espírito Santo de fazer uma remoção destes pacientes, garantindo a eles a assistência que eles precisam em outras unidades hospitalares da Grande Vitória ou do interior”, disse Nésio.
O procedimento já começou a ser feito com pacientes do hospital Jayme Santos Neves, na Serra. A mãe de Jaqueline Anchesqui tem 60 anos e foi diagnosticada com a covid-19. A idosa apresentou uma melhora no quadro clínico, mas será transferida para o noroeste do Estado. “Eles precisam do leito, porque estão chegando muitos pacientes graves, que precisam da UTI. Ela vai ser transferida para Colatina”, afirmou.
O secretário de saúde explica que os parentes serão avisados durante o processo de transferência ou após a conclusão da remoção. “Com a covid-19, o paciente não tem acompanhante, ele fica sem o familiar próximo a eles. Com isso, pode ser que ocorra, em algumas ocasiões, que o parente seja avisado da transferência por telefone ou outro contato, já no processo da remoção ou quando o procedimento já tenha se consolidado”, explicou Nésio.
Para a pneumologista Cilea Martins, esse novoprotocolo só existe porque há uma necessidade urgente, mas é temporário. “Muitas das vezes isso está ligado a uma situação de vida ou morte. E se a gente tem essa situação, as vezes o médico não tem outro critério, a não ser tirar uma pessoa que está um pouco melhor, para colocar uma outra pior. E isso não será para sempre. Nós estamos vivendo um período de pandemia, que é crítico”, disse.
* Com informações da repórter Nathália Munhão, da TV Vitória / Record TV