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Prefeito de Brumadinho teme impactos da interrupção das atividades da Vale na cidade

Hoje ela representa cerca de um terço da arrecadação, além dos efeitos indiretos por ser a maior contratadora

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Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

O prefeito de Brumadinho, Neném da Asa (PV), criticou a Vale, responsável pela barragem rompida da última sexta-feira (25) na cidade. Contudo, manifestou preocupação com a dependência econômica do município da mineradora e os impactos da interrupção das atividades da companhia para a cidade.

O prefeito disse que a cidade está “praticamente acabada” e que “vidas não se pagam”. Ele apontou a obrigação da Vale de recuperar a área do ponto de vista ambiental e dar uma reparação adequada às famílias. O político citou como resultado das cobranças e negociação, o repasse de R$ 100 mil a cada família atingida.

Após nova negociação, teriam sido acertados mais R$ 50 mil para bancar reparos em casas de pessoas que tiveram de deixar seus lares por determinação da Defesa Civil e foram alocadas em hotéis. O prefeito enfatizou que tais valores não se tratam de indenização, mas de um aporte emergencial às famílias atingidas direta ou indiretamente.

Segurança

Neném da Asa criticou a atuação da mineradora na segurança da barragem e na orientação dos moradores de Brumadinho. Ele reclamou das medidas de prevenção e de informação aos cidadãos do município de possíveis desastres. Questionado sobre como a prefeitura teria agido para cobrar medidas de segurança efetivas, afastou a sua responsabilidade nesse caso e apontou a fiscalização como prerrogativa dos governo federal.

“Quem define critérios e faz fiscalização é a Agência Nacional de Mineração. A Agência exige também que a Vale apresente plano [de segurança]. Nós não temos autonomia de fazer. A empresa deveria ter feito um plano de escoamento, colocado cartilha para população vizinha, ter feito treinamento, o que não foi feito”, justificou.

Dependência econômica

Apesar das críticas, o prefeito manifestou preocupação com o impacto econômico do fim das atividades da mineradora. Hoje ela representa cerca de um terço da arrecadação, além dos efeitos indiretos por ser a maior contratadora.

Ele informou que o anúncio do repasse de R$ 80 milhões da mineradora ao município não significa um aporte direto, mas o compromisso de manter durante dois anos a transferência de valores equivalentes aos impostos pagos até a tragédia, na casa de R$ 4 milhões ao mês.

Além da manutenção desse pagamento, Neném da Asa informou que requereu à mineradora a continuidade do pagamento aos funcionários que ficaram sem trabalhar, uma vez que ela é a maior empregadora e a ausência dessa renda teria consequências sobre os serviços na cidade, como o comércio. Ele acrescentou que pediu ajuda dos governos estadual e federal.

“Se a gente perder 35% da arrecadação, não consegue atender os serviços essenciais. Temos hoje a melhor educação da região metropolitana. A gente não vai conseguir atender mais. A gente precisa muito do estado e do governo federal”, disse o prefeito.

Retomada das atividades

O prefeito destacou o esforço da cidade de retomar suas atividades. Como há povoados diversos e áreas rurais distantes do centro do município, um dos obstáculos são acessos com barreiras ou impedimentos de algumas maneiras. “A gente precisa iniciar as aulas na faculdade e nas escolas municipais. Tem que desobstruir essas vias”, disse.

Questionado por jornalistas acerca de reclamações no fornecimento de água, ele disse que há água mineral e potável “de sobra”, e que as equipes de assistência contam com quatro carretas de água para atender às demandas dos cidadãos.